Os Maias: Resumo, Personagens e Análise Linguística
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Crítica Social e Intriga Principal em Os Maias
Em alternância com a intriga principal - os amores de Carlos e Maria Eduarda - encontramos episódios que funcionam como caracterização da sociedade portuguesa da época, assumem a forma de crítica e de sátira social e revelam os defeitos sociais que impedem o progresso e a renovação das mentalidades.
O Ramalhete: Descrição e História
A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de São Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete.
O Ramalhete Antes da Reforma
- Sombrio casarão de paredes severas com disposição apalaçada;
- As paredes cobertas de frescos onde já desmaiavam as faces dos cupidinhos e os tetos apainelados;
- Renque de estreitas varandas;
- Pobre quintal abandonado às ervas bravas, com um cipreste, um cedro, uma cascatazinha seca, um tanque entulhado, e uma estátua de mármore (onde monsenhor reconheceu logo Vénus Citereia) enegrecendo a um canto na lenta humidade das ramagens silvestres.
O Ramalhete Depois da Reforma
- Girassóis perfilados ao pé dos degraus do terraço;
- Cipreste e cedro envelhecendo juntos;
- Vénus Citereia no seu tom claro de estátua de parque;
- A cascatazinha era deliciosa, dentro do nicho de conchas, com os seus três pedregulhos arranjados em despenhadeiro bucólico;
- Quintal soalheiro com pranto de náiade doméstica.
A Educação em Os Maias
Ao longo da obra são apresentados dois modelos educacionais distintos incarnados por diferentes personagens. Os modelos educacionais obedecem à teoria naturalista.
Pedro e Eusebiozinho tiveram a mesma educação (tradicional) e Carlos teve uma educação inglesa.
Afonso da Maia era contra a educação católica de Pedrinho (Pedrinho = ironia, noção de indefeso).
Educação Tradicional
- Desenvolvimento da memória;
- Saber exclusivamente teórico;
- Atrofiamento do raciocínio, do espírito crítico, da capacidade de iniciativa;
- Falta de contacto com o ar livre e a vida prática;
- Sentido punitivo da religião;
- Superproteção feminina (incapacidade de superar problemas).
Educação Sentimental: Pedro da Maia
- Todo Runa;
- Paixão doentia pela mãe;
- Crise mística após a morte da mãe;
- Boémia lisboeta (um bastardozinho);
- Paixão romântica e avassaladora por Maria Monforte, atraído pela beleza, mistério e transgressão.
Educação de Carlos vs. Eusebiozinho
- Carlos:
- Símbolo: TRAPÉZIO;
- Pedagogo: BROWN;
- Vida ao ar livre;
- Contacto com a natureza;
- Exercício físico;
- Vitalidade física;
- Aprendizagem de línguas vivas, o INGLÊS;
- Desprezo pelo conhecimento exclusivamente teórico;
- Submissão da vontade ao dever;
- Rigor - método - ordem.
- Eusebiozinho:
- Símbolo: CARTILHA;
- Pedagogo: CUSTÓDIO;
- Superproteção feminina;
- Interesse por alfarrábios;
- Debilidade física;
- Aprendizagem de línguas mortas, o LATIM;
- Recurso à memorização;
- Deformação da vontade própria;
- Chantagem afetiva.
Projetos Ideais (Outono 1875)
- Carlos: o laboratório; o consultório; o livro de medicina.
- Ega: o cenáculo; o livro do Ega: Memórias de um Átomo; a revista.
Resumos dos Capítulos
Resumo: Capítulo I
Descrição e historial do Ramalhete, casa que a família Maia veio habitar em Lisboa, Outono de 1875. Em 1858, quase tinha sido alugada a monsenhor Buccarini pelo procurador dos Maias, Vilaça; nota-se que os Maias eram uma família nobre, mas com sinais de decadência. A casa que tinham em Benfica foi vendida (já pelo Vilaça Júnior) e seu conteúdo passou, em 1870, para o Ramalhete. A Tojeira, outra propriedade, também fora vendida. Poucos em Lisboa sabiam quem eram os Maias, família que vivia até então na Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro.
Os Maias, antiga família da Beira, eram, no momento desta narração, constituídos por Afonso da Maia e Carlos Eduardo da Maia, seu neto, que estudava medicina em Coimbra. Meses antes de este acabar o curso, o avô decide vir morar para Lisboa, no Ramalhete. Reforma-se o Ramalhete sob a direção de um compadre de Vilaça, um arquiteto e político chamado Esteves. Mas Carlos traz também um arquiteto-decorador de Londres, despedindo assim Esteves. A casa é fechada e, só depois de uma longa viagem de Carlos pela Europa, é que é habitada pelo avô e neto, em 1875. Descrição física de Afonso (p.12). Começa-se, através do contar da vida de Afonso, uma analepse (pp.13-95), onde se conta a ida a Inglaterra, a morte do pai, o casamento, o nascimento de Pedro da Maia, o retorno e exílio a Inglaterra devido às suas ideias políticas; em Richmond, Afonso fica a saber da morte da mãe, em Benfica. Pedro da Maia é educado pelo padre Vasques, capelão do conde Runa, mandado vir de Lisboa. Morre a tia Fanny. Vão para Roma, Itália. Voltam a Benfica, finalmente. Explica-se porque Afonso se torna ateu (pp.18-20). Pedro cresce; tem um filho bastardo, aos 19 anos. A mãe, esposa de Afonso da Maia, morre; Pedro da Maia entrega-se à bebida e distúrbios. Um ano depois, "acalma-se". Começa a grande paixão de Pedro da Maia (p.22): descrição de Maria Monforte, de origens misteriosas. Alencar vê Pedro e Maria no teatro São Carlos, no final do I ato do Barbeiro de Sevilha. Pedro pede permissão ao pai para casar com Maria Monforte. Afonso recusa. Pedro casa e vai para Itália.
Resumo: Capítulo II
De Itália, Pedro e Maria vão para França. Maria engravida e Pedro trá-la para Lisboa; antes, porém, escreve ao pai. Vai para Benfica, mas o pai, em desfeita, já tinha partido para Santa Olávia. Nasce uma filha a Pedro; mas este já não o comunica ao pai, Afonso; começa um período de cerca de 3 anos, em que pai e filho não se falam. Descreve-se o ambiente das soirées lisboetas em Arroios. Nasce um menino, Carlos Eduardo. Ao ir a uma caçada na Tojeira, Pedro fere um recém-chegado, um napolitano chamado Tancredo. Trata-o em sua casa. Dois dias depois, Tancredo recolhe-se a um hotel. Descrição do napolitano (p.41). Maria Monforte isola-se, acaba com as soirées, depois de saber que o sogro voltara a Benfica. Passam-se alguns meses, com a presença habitual de Tancredo. A filha tem já 2 anos. Maria Monforte foge com o napolitano e a filha, deixando o filho, Carlos Eduardo e uma carta. Afonso, por causa disto, reconcilia-se com Pedro. Nessa mesma noite e madrugada, Afonso acorda com um tiro. Pedro suicidara-se. É enterrado no jazigo de família em Santa Olávia.
Resumo: Capítulo III
Passam-se vários anos. Afonso vive com o neto em Santa Olávia, o Teixeira e a Gertrudes, escudeiro e governanta, respetivamente. Vive lá também uma prima da mulher de Afonso, uma Runa, que era agora viúva de um visconde de Urigo de la Sierra, e o preceptor de Carlos Eduardo, o Sr. Brown. Refere-se a severa educação inglesa de Carlos, em que não entra a religião, para desgosto do abade Custódio. Descreve-se uma noite em Santa Olávia com os amigos de Afonso. Fala-se dos arrulhos de Teresinha e Carlinhos (p.72). Menciona-se a Monforte, mãe de Carlos (p.78), que dá pelo nome de Madame de l'Estorade. Não se sabe o que é feito da filha que ela levou. Mais tarde, sabe-se por Alencar que Maria Monforte lhe dissera que sua filha tinha morrido em Londres. Vilaça morre (p.84). Manuel Vilaça, filho do Vilaça, torna-se administrador da casa.
Resumo: Capítulo IV
Passam-se anos. Carlos faz exames; está prestes a formar-se em Medicina. Contam-se as cenas da vida em Celas, com os amigos. O Teixeira, Gertrudes e o abade já haviam morrido. Descrição de João da Ega (p.92), aluno baldas e grande ateu. Alude-se a uma aventura adúltera passageira de Carlos com uma Hermengarda, mulher de um empregado do Governo Civil. Outra aventura foi com uma espanhola, Encarnacion. Carlos forma-se em Agosto. Parte de viagem para a Europa. Chega o Outono de 1875 e Carlos também. Volta-se ao PRESENTE da narração (p.96). Descrição de Carlos já homem feito (p.96). Carlos instala-se no Ramalhete com toda a sua parafernália de instrumentos de medicina. Passa tudo para um laboratório no Largo das Necessidades e abre um consultório no Rossio. Ninguém lhe aparece para consulta. Ega visita-o no consultório. Diz-lhe que vai publicar um livro, "Memórias de Um Átomo".
Resumo: Capítulo V
Carlos tem a sua primeira doente, a mulher do padeiro Marcelino. Descreve-se um dos serões no Ramalhete. Às 2:15 a.m., começam a abandonar o Ramalhete. Carlos começa a ter clientes. Ega aparece-lhe ocasionalmente, para ler uma parte do seu manuscrito, para o convidar a ser apresentado aos Gouvarinhos… Conhece-os, por fim, na frisa do teatro.
Personagens Principais e Secundárias
Afonso da Maia
Caracterização Física
Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e a pele corada. O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida. Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heroicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".
Caracterização Psicológica
Provavelmente o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Mais tarde, dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos.
Pedro da Maia
Caracterização Física
Era pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.
Caracterização Psicológica
Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho". Eça de Queirós dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes. Pedro herdou da mãe, Maria Eduarda Runa: a melancolia; a debilidade; a fragilidade (caráter fraco e depressivo); a fraqueza; a instabilidade (natureza desequilibrada). Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrógrada. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe. Apesar da robustez física, é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reação do suicídio face à fuga da mulher). Falha no casamento e falha como homem.
Carlos da Maia
Caracterização Física
Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".
Caracterização Psicológica
Carlos era culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério e de o concretizar). Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos. Mas também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.
Maria Eduarda
Caracterização Física
Maria Eduarda era uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo soberano de deusa", é "flor de uma civilização superior, faz relevo nesta multidão de mulheres miudinhas e morenas". Era bastante simples na maneira de vestir, "divinamente bela, quase sempre de escuro, com um curto decote onde resplandecia o incomparável esplendor do seu colo".
Caracterização Psicológica
Podemos verificar que, ao contrário das outras personagens femininas, Maria Eduarda nunca é criticada. Eça manteve sempre esta personagem à distância, a fim de possibilitar o desenrolar de um desfecho dramático (esta personagem cumpre um papel de vítima passiva). Maria Eduarda é então delineada em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e encanto que a envolve. A sua caracterização é feita através do contraste entre si e as outras personagens femininas, mas e ao mesmo tempo, chega-nos através do ponto de vista de Carlos da Maia, para quem tudo o que viesse de Maria Eduarda era perfeito, "Maria Eduarda! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe perfeito, condizendo bem com a sua beleza serena." Uma vez descoberta toda a verdade da sua origem, curiosamente, o seu comportamento mantém-se afastado da crítica de costumes (o seu papel na intriga amorosa está cumprido), e esta personagem afasta-se discretamente de "cena".
Maria Monforte
Caracterização Física
É extremamente bela e sensual. Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".
Caracterização Psicológica
É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo. Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e Nova Orleães. Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento nasceram dois filhos. Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido - Pedro da Maia - e o filho - Carlos Eduardo. Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase na miséria. Deixa um cofre a um conhecido português - o democrata Sr. Guimarães - com documentos que poderiam identificar a filha a quem nunca revelou as origens.
João da Ega
Caracterização Física
Ega usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.
Caracterização Psicológica
João da Ega é a projeção literária de Eça de Queirós. É uma personagem contraditória. Por um lado, romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional. Era o Mefistófeles de Celorico. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara em Direito (muito lentamente). A mãe era uma rica viúva e beata que vivia ao pé de Celorico de Bastos, com a filha. Boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, anarquista sem Deus e sem moral. É leal com os amigos. Sofre também de diletantismo, concebe grandes projetos literários que nunca chega a executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Como Carlos, também ele teve a sua grande paixão - Raquel Cohen. Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-se um eterno romântico. Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da intriga. É a ele que o Sr. Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele, que Carlos revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a acompanha quando esta parte para Paris definitivamente.
Eusebiozinho
Eusebiozinho representa a educação retrógrada portuguesa. Também conhecido por Silveirinha, era o primogénito de uma das Silveiras - senhoras ricas e beatas. Amigo de infância de Carlos com quem brincava em Santa Olávia, levando pancada continuamente, e com quem contrastava na educação. Cresceu tísico, molengão, tristonho e corrupto. Casou-se, mas enviuvou cedo. Procurava, para se distrair, bordéis ou aventureiras de ocasião pagas à hora.
Conde de Gouvarinho
Caracterização Física
Era ministro e par do Reino. Tinha um bigode encerado e uma pera curta.
Caracterização Psicológica
Era voltado para o passado. Tem lapsos de memória e revela uma enorme falta de cultura. Não compreende a ironia sarcástica de Ega. Representa a incompetência do poder político (principalmente dos altos cargos). Fala de um modo depreciativo das mulheres. Revelar-se-á, mais tarde, um bruto com a sua mulher.
Condessa de Gouvarinho
Caracterização Física
Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele clara, fina e doce; é casada com o conde de Gouvarinho e é filha de um comerciante inglês do Porto.
Caracterização Psicológica
É imoral e sem escrúpulos. Trai o marido, com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Questões de dinheiro e a mediocridade do conde fazem com que o casal se desentenda. Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela é uma mulher sem qualquer interesse, demasiado fútil.
Cruges
Caracterização Física
De "grenha crespa que lhe ondulava até à gola do jaquetão", "olhinhos piscos" e nariz espetado.
Caracterização Psicológica
Maestro e pianista patético, era amigo de Carlos e íntimo do Ramalhete. Era demasiado chegado à sua velha mãe. Segundo Eça, "um diabo adoidado, maestro, pianista com uma pontinha de génio". É desmotivado devido ao meio lisboeta - "Se eu fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava?".
Técnicas Narrativas
Tipos de Narrador
- Heterodiegético: não participante.
- Autodiegético: participante (personagem secundária).
- Homodiegético: participante (personagem principal).
Focalização
- Omnisciente: quando o narrador conhece toda a história, o interior das personagens e manipula o tempo.
- Interna: o narrador adota o ponto de vista de uma ou mais personagens, daí resultando uma diminuição ou restrição do conhecimento.
- Externa: o narrador limita-se ao que é observável pelo exterior.
Modos de Representação
É a descrição ou narração.
Linguística: Atos Ilocutórios
- Assertivos: valor de verdade do que se diz, isto é, do enunciado.
- Expressivos: objetivo exprimir o estado psicológico do locutor em relação ao enunciado.
- Diretivos (ordem, pedido): o locutor pretende que o ouvinte realize uma ação.
- Compromissivos: atos em que o locutor se compromete a realizar uma ação.
- Declarativos: atos que modificam a realidade social através do enunciado.
Linguística: Formação de Palavras
Tipos de Palavras
- Palavras primitivas: não derivam de outras (ex: casa, flor).
- Palavras derivadas: formadas a partir de uma outra palavra pré-existente (ex: casebre, florzinha).
- Palavras simples: palavras que só possuem um radical (ex: couve, flor).
- Palavras compostas: palavras que se formam a partir da junção de duas ou mais palavras (ex: couve-flor, aguardente).
Derivação
- Derivação por Prefixação: junta-se um prefixo à palavra primitiva.
Ex: inútil, afónico, insensível, antítese, contradizer, remexer - Derivação por Sufixação: junta-se um sufixo à palavra primitiva.
Ex: claramente, trabalhador, dentada, laranjal, americano - Derivação por Prefixação e Sufixação: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva.
Ex: enlatado, infelizmente, inclassificável
Composição
- Composição por Aglutinação: quando da junção de duas palavras resulta uma palavra nova com apenas uma sílaba acentuada (uma dessas palavras perde um fonema).
Ex: pernalta, fidalgo, vinagre, aguardente, planalto - Composição por Justaposição: quando as duas (ou mais) palavras que se juntam não perdem nenhum fonema, mantendo, por isso, a pronúncia que apresentam antes da composição.
Ex: girassol, sexta-feira, passatempo, porta-moedas
Outros Processos
- Onomatopeia: reprodução imitativa de sons (ex: pingue-pingue, zunzum, miau).
- Abreviação vocabular: redução da palavra até o limite de sua compreensão (ex: metro, moto, pneu, foto, dr., obs.).
- Siglas: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma sequência de palavras (ex: OMS: Organização Mundial de Saúde).
- Neologismo: nome dado ao processo de criação de novas palavras, ou para palavras que adquirem um novo significado.
Ex: croissant, surf, software, shopping, pizza, bife, andebol…
Nota sobre Adjetivo Restritivo
Existe poucas vezes.