Os Maias: Simbolismo dos Espaços Físicos e Sociais
Classificado em Língua e literatura
Escrito em em português com um tamanho de 3,48 KB
Espaço Físico
Espaço Geográfico
Coimbra
Espaço de boémia estudantil, artística e literária; espaço de formação de Carlos, cuja existência ainda surge marcada pelo Romantismo que a sua geração procura rejeitar. Ambiente propício ao diletantismo e ociosidade.
Lisboa
É o grande espaço privilegiado ao longo da obra. As suas ruas, as suas praças, os seus hotéis, os seus locais de convívio, os seus teatros constituem-se quase como personagens ao longo do romance. Polariza tudo o que constituía a morna ocupação da camada dirigente do país (ociosidade). É o símbolo da sociedade portuguesa da Regeneração, incapaz de se modernizar (obras da Avenida da Liberdade) e que agoniza na contemplação de um passado glorioso.
Sintra
A ida a Sintra de Carlos, Cruges e Alencar constitui um dos momentos mais poéticos e hilariantes da obra. Sintra é o paraíso romântico perdido, é o refúgio campestre e purificador.
Santa Olávia
É um lugar mágico para onde a família se desloca para recuperar as forças perdidas, para esquecer a dor e encarar o futuro.
Espaços Interiores
Ramalhete
Constitui um marco de referência fundamental, e o seu apogeu e/ou degradação acompanham o percurso da família e a passagem de Carlos por Lisboa. Símbolo desse percurso é a descrição do jardim (aspeto simbólico, oposto ao racionalismo naturalista):
- Primeiro momento: o jardim tem um aspeto de abandono e degradação; corresponde ao desgosto de Afonso após a morte de Pedro;
- Segundo momento: é o renascimento da esperança, renovação da casa por Carlos;
- Terceiro momento: «areado e limpo, mas sombrio e solitário», simboliza o fim de um sonho e a morte de uma família.
O Consultório
A descrição do consultório revela-nos algumas facetas de Carlos: diletantismo, entusiasmos passageiros e projetos inacabados.
A Casa de Dâmaso
A ornamentação espampanante contrasta ironicamente com a baixeza moral da personagem e com a sua embaraçada aflição no episódio da carta.
A Vila Balzac
O nome escolhido remete para duas facetas da personalidade contraditória de Ega: a criação literária planeada, mas sempre adiada, e a escolha de um escritor realista (estética da qual é adepto convicto) para padroeiro quando, afinal, protagoniza reações e comportamentos românticos. Os móveis escolhidos, nomeadamente a cama, acentuam a exuberância afetiva e erótica de Ega. O espelho à cabeceira insinua a extravagância, um temperamento exibicionista e narcisista.
O Hotel Central / A Casa da Rua de S. Francisco / A Toca
Carlos tenta descobrir facetas da personalidade de Mª Eduarda através da observação dos objetos que a rodeiam. A decoração da Toca simboliza a excentricidade, a anormalidade e a tragédia que caracterizarão as relações de Carlos e Mª Eduarda.
Espaço Social
O Jantar no Hotel Central
Motivo do jantar: homenagem de Ega ao banqueiro Cohen, marido de Raquel Cohen, amante de Ega (situação moral incorreta).
É um jantar de cerimónia, requintado e luxuoso, fino e elegante, que serve também para propiciar um primeiro e alargado contacto de Carlos com o meio social lisboeta e para proporcionar o primeiro encontro entre Carlos e Mª Eduarda.
Temas de conversa: literatura e economia/finanças.