Manipulação Genética: Ética e Avanços

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Manipulação Genética: Um Debate Ético

Ao longo do nosso trabalho, iremos responder à seguinte pergunta: A manipulação genética é um procedimento científico eticamente correto?

Introdução

A palavra "manipulação" está associada a controlar, direta ou indiretamente, um objeto, animal ou pessoa para agir de acordo com os desejos do agente manipulador. Com a evolução da genética, surgiram novos ramos de trabalho, como a Manipulação Genética.

O termo "Modificação Genética" está diretamente relacionado com o processo de manipulação dos genes num organismo. Geralmente, envolve o isolamento, a manipulação e a introdução de DNA num "corpo de prova". O objetivo é introduzir novas características num ser vivo para aumentar a sua utilidade, "alargar" a área de cultivo de uma espécie, introduzir uma nova característica ou produzir uma nova proteína ou enzima. A modificação genética é encarada, por parte da opinião pública, como uma ameaça ao futuro dos seres vivos. Contudo, para quem trabalha em ciências biológicas, é crucial, aumenta a aquisição de conhecimentos e poderá salvar muitas vidas.

Existem dois tipos de manipulação genética: direta e indireta.

  • Direta: Refere-se à retirada dos genes embrionários que portam deficiências hereditárias, como o cancro e a diabetes. Num futuro próximo, este tipo de manipulação poderá possibilitar a manipulação precisa dos genes dos seres humanos, de modo a realizar algo semelhante ao que se faz com plantas e animais.
  • Indireta: Permite que num animal, com características compatíveis com o sistema imunológico humano (por exemplo, porcos, chimpanzés, babuínos), sejam retirados os seus órgãos para serem utilizados em humanos.

Numa sociedade em que os direitos dos animais são cada vez mais considerados, os investigadores são confrontados com dúvidas sobre o que é eticamente correto.

Desenvolvimento: Benefícios e Riscos

O desenvolvimento da ciência, nomeadamente ao nível da saúde, permitiu ao homem ampliar o seu conhecimento e, deste modo, controlar e melhorar a vida humana.

Atualmente, muitos problemas ligados às novas descobertas científicas com base na manipulação do ADN têm provocado controvérsia, quer na comunidade científica, quer na sociedade civil, levando a que sejam discutidos aspectos ligados aos benefícios e riscos associados à sua utilização. Se, por um lado, a procura do saber não tem limites, por outro, questiona-se sobre quais devem ser os limites da aplicação do conhecimento produzido.

Frequentemente, surgem novas descobertas e possibilidades no âmbito da manipulação genética. No entanto, este é um assunto que gera controvérsia e polémica na nossa sociedade.

De um lado, estão aqueles que defendem que o homem é sagrado e, como tal, manipular o seu código genético não é eticamente correto. Estes afirmam que a manipulação genética interfere no trabalho de Deus na criação e que a natureza deve seguir o seu curso natural.

Do outro lado, está uma linha de pensamento mais prática, que acredita que não há qualquer inconveniente na manipulação se esta favorecer a saúde e a felicidade das pessoas. Estes defendem que nada na natureza é estático e, por isso, não faz sentido falar de integridade de uma coisa que não existe. Todavia, os engenheiros genéticos, quando manipulam geneticamente os organismos, não revelam falta de respeito pelos mesmos. Para eles, a vida não passa de um conjunto de reações químicas, um gene não é nada mais do que uma molécula. Assim, eles não trabalham com seres, mas com reações químicas e moléculas.

Do meu ponto de vista, relativamente aos argumentos apresentados, penso que a manipulação genética e todas as descobertas científicas só poderão ser eticamente aceites quando os benefícios que a ciência trouxer à humanidade forem inequivocamente superiores aos riscos e aos desequilíbrios que ocasionarem.

Penso que a sociedade tem o direito de impor limites quando a sobrevivência e a dignidade da humanidade e dos seres vivos, em geral, estiverem em causa.

Aplicações e Controvérsias

A engenharia genética pode reconstituir tecidos e órgãos humanos com base em células embrionárias e, assim, salvar vidas, reduzindo o tempo de espera e evitando a rejeição de implantes por falta de compatibilidade.

A biotecnologia pode, também, aumentar e melhorar a produção de medicamentos e vacinas.

A utilização de organismos geneticamente modificados na indústria agroalimentar é outro aspecto positivo a considerar. Aplica-se na produção de alimentos para melhorar o seu aspeto e sabor, aumentar o seu valor nutritivo e tornar as plantas mais resistentes a doenças, pragas e condições ambientais adversas.

Como se pode concluir nos exemplos anteriores, a manipulação genética tem como meta melhorar a qualidade de vida das populações. No entanto, novos problemas surgem.

Está provado que existem efeitos secundários devido à introdução de genes nocivos ao ser humano. A resistência aos antibióticos aumenta e o combate a determinadas doenças torna-se muito mais difícil.

A engenharia genética tem proporcionado aos pais escolher o sexo do filho com quase certeza absoluta. No entanto, por detrás dessa decisão, existem questões éticas e demográficas que não podem ser esquecidas.

A genética permite conhecer minuciosamente os embriões. Filhos "perfeitos" e com características físicas preestabelecidas pelos pais ou por padrões sociais poderão contribuir para a eliminação de embriões e fetos com defeitos genéticos.

Conclusão: Em Busca de um Equilíbrio

Concluindo, a manipulação genética só será um processo eticamente correto quando os benefícios que ela trouxer à sociedade forem superiores aos seus riscos.

O aumento do conhecimento do genoma dos seres vivos trouxe algumas vantagens inegáveis no que toca à felicidade das pessoas. No entanto, este processo tem diversos efeitos nefastos na sociedade, como o preconceito, problemas ambientais ou o desrespeito à dignidade humana.

Na Declaração Universal do Genoma Humano, utilizou-se a expressão "património da humanidade". Através dela, expressava-se a necessidade e o dever de respeitar a dignidade humana, para que nenhuma pessoa seja reduzida às suas características genéticas e se conserve, assim, a espécie humana.

Além disso, a bioética recorda a importância do princípio da precaução. Todas as tecnologias devem ser avaliadas segundo este princípio. Qualquer uma contém riscos que devem ser controlados dentro de limites toleráveis para os seres vivos. No caso da engenharia genética, ainda pouco se sabe sobre a modificação dos genes e, por isso, as consequências são imprevisíveis, o que pode ser catastrófico.

A ciência é útil e necessária, mas, acima de tudo, está a felicidade do homem.

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