Marcos Históricos: Descobrimentos à Ilustração

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Descobrimentos Geográficos

Os protagonistas destes descobrimentos foram os espanhóis, a oeste, e os portugueses, ao longo da costa africana (ambos em busca do caminho para as Índias). Procuravam matérias-primas, bens de luxo e metais preciosos. Invenções como o astrolábio, a bússola e navios mais seguros encorajaram-nos a ir mais longe.

  • 1492: Descoberta da América.
  • 1498: Chegada à Índia, após contornar a costa africana.
  • 1519-1522: Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano completam a primeira circum-navegação do mundo, demonstrando que a Terra é redonda.

Implicações dos Descobrimentos

Para a Europa:

  • Economia: Chegada massiva de ouro e prata, descoberta de novos produtos (milho, batata, tomate, tabaco) e desenvolvimento do comércio atlântico.
  • Social: Emigração para a América, ascensão da burguesia comercial.
  • Política: Criação de grandes impérios coloniais, rivalidade colonial.
  • Cultural: Melhor compreensão do mundo, expansão do modelo cultural europeu.

Para a América:

  • Economia: Exploração predatória dos recursos naturais, introdução de novas culturas (cana-de-açúcar, algodão, café, etc.).
  • Social: Introdução de escravos africanos, miscigenação.
  • Política: Perda da independência, sujeição à Europa.
  • Cultural: Perda de identidade cultural, europeização da cultura (língua, religião, costumes, etc.).

Reforma Protestante

Durante a Idade Média, a Igreja Católica detinha grande riqueza, respeito e poder. No século XV, os humanistas criticaram-na. Martinho Lutero liderou este movimento e escreveu as 95 teses criticando a Igreja. Treze anos depois, a Alemanha entrou em guerra civil entre católicos e luteranos.

Causas do Sucesso de Lutero

  • Lutero denunciou a corrupção do clero, a sua falta de preparação para o ministério sagrado e a acumulação de riqueza.
  • As classes dominantes alemãs e nórdicas, anti-romanas, apoiaram a tese de Lutero de separação de Roma.
  • Crise social e económica: os pobres viam no ataque à Igreja uma solução material e espiritual para os seus problemas.

Ideias da Reforma Luterana

  • Para salvar a alma, basta ter fé em Cristo (não são necessárias imagens). A leitura da Bíblia deve ser na língua do povo.
  • Cada cristão é um sacerdote (a Igreja está dentro de cada um).
  • A Bíblia é a única obra autorizada para o crente, e cada um é livre para interpretá-la.

Contrarreforma

A reação da Igreja Católica não tardou. O Concílio de Trento foi convocado para reafirmar a fé cristã, apoiado pelo Imperador alemão e pelo Rei de Espanha, Carlos V, cujo império estava dividido entre católicos e luteranos.

Decisões do Concílio de Trento

  • A Bíblia não é a única fonte de fé; a Sagrada Tradição também o é.
  • A Igreja é a única que interpreta a Bíblia.
  • As boas obras são necessárias para salvar a alma; a fé não é suficiente.
  • O Papa é a principal autoridade.
  • Os sacerdotes devem estudar em seminários para serem mais instruídos.

Outra resposta ao Protestantismo foi a Companhia de Jesus. Inácio de Loyola focou-se na conversão de hereges e pagãos. Estavam sob a autoridade direta do Papa e eram sacerdotes de elite, bem preparados para combater os luteranos.

Antigo Regime

O Antigo Regime é o sistema social, económico e político anterior a 1789, caracterizado por uma sociedade estratificada, uma economia agrícola e uma política controlada pela monarquia absoluta.

Sociedade Estamental

Três grandes grupos fechados, com diferentes direitos e deveres:

  • Nobreza: Defendia a sociedade cristã.
  • Clero: Cuidava da alma.
  • Povo: Trabalhava para sustentar toda a sociedade.

Nobreza: Não pagava impostos, tinha leis e tribunais especiais, ocupava cargos militares, políticos e eclesiásticos.

Clero: Vivia dos rendimentos das suas terras, esmolas e dízimos (10% do que todos os católicos tinham de pagar do seu trabalho). Era um grupo social e economicamente poderoso.

Povo: Sem direitos e com deveres, incluía camponeses, artesãos, burgueses e minorias sociais (ciganos, mendigos, bandidos, escravos, etc.).

Economia

  • A agricultura era o principal setor económico e ocupava a maioria da população europeia. Era atrasada, com técnicas rudimentares e insuficientes para alimentar a população, resultando em fomes e epidemias frequentes.
  • O artesanato continuava a desenvolver-se como antes. Oleiros, alfaiates, carpinteiros, tecelões e outros artesãos estavam agrupados em guildas. A produção era escassa e cara.
  • O comércio desenvolvia-se em mercados locais e feiras. O transporte era feito por animais de carga, o que, juntamente com as más estradas, limitava a capacidade de transporte na Europa.
  • Surgiram companhias comerciais especializadas no comércio marítimo, gerando grandes lucros e enriquecendo a burguesia.

Ilustração

O Iluminismo foi um movimento intelectual que se desenvolveu na Europa do século XVIII e questionou todos os princípios do Antigo Regime.

A Ilustração defendia a Razão (inteligência humana) como o único meio de compreender o mundo. Tudo o que a inteligência não conseguia explicar era considerado engano ou superstição. Os iluministas eram defensores do ensino, do progresso e da melhoria das condições de vida dos seres humanos. Eram contra a intolerância religiosa, negavam a superioridade de uma religião sobre as outras e propunham a necessidade de criar códigos morais ditados pela razão.

Eixos do Iluminismo

  • O homem no centro da natureza.
  • A razão como guia.
  • Direitos humanos básicos.
  • Distanciamento da religião.
  • A educação como base do progresso.

Alguns membros do Iluminismo: Montesquieu, Rousseau, Voltaire, Diderot.

Despotismo Esclarecido

As monarquias europeias continuavam a deter o poder absoluto. Algumas monarquias absolutistas tentaram combinar as ideias de progresso e modernidade do Iluminismo.

Os déspotas esclarecidos (reis) e os seus ministros promoveram algumas reformas para o povo, mas sem a sua participação. O seu lema era "Tudo para o povo, mas sem o povo".

A reforma política, a reforma da educação, a modernização da agricultura, o desenvolvimento da produção e do comércio não foram suficientes para reformar a economia e manter o poder absoluto. Estas contradições abriram caminho às revoluções do século XIX.

Revolução Americana

As colónias inglesas na América protagonizaram a primeira insurreição colonial, inspiradas pelas ideias de igualdade, liberdade e tolerância. Os colonos americanos, descontentes com os impostos e o monopólio comercial da Grã-Bretanha, e sem representação no Parlamento de Londres, decidiram não obedecer às suas leis.

A 4 de julho de 1776, os delegados das treze colónias redigiram a "Declaração de Independência dos Estados Unidos da América", expressando os princípios que levaram à revolução: o direito de todos à liberdade e à felicidade, e o dever dos governantes de respeitar os "direitos inalienáveis" do povo.

A Constituição americana separava os três poderes (legislativo, executivo e judicial) e estabelecia uma república federal.

Declaração de Direitos: Liberdade de religião, de imprensa, de expressão, de reunião e de julgamento por júri. Ninguém podia ser privado da vida sem um julgamento justo.

Poder Real

A monarquia absolutista atingiu o seu apogeu em Espanha e França no século XVII. Características:

  • O Rei detinha todos os poderes: executivo, legislativo e judicial.
  • Possuía um exército permanente e profissional, dependente do rei, que pagava os soldados com os impostos do reino.
  • Um governo instalado na capital do reino, que respondia apenas ao rei.
  • Apoio da alta nobreza e da alta burguesia, em troca de cargos públicos.
  • Obediência à Igreja; o rei nomeava os bispos.
  • Eliminação dos obstáculos ao poder da monarquia, controlo da população (ex: "A Santa Inquisição").

A Inglaterra tornou-se o primeiro país onde o Antigo Regime "entrou em crise", estabelecendo um novo modelo de "monarquia parlamentar".

  • Estabeleceu-se a "superioridade da lei" sobre a vontade do rei.
  • Separação de poderes: legislativo, executivo e judicial.
  • Pacto político entre os homens para defender os direitos individuais e salvaguardar a propriedade.

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