Maria: A Mulher da Cruz e Mãe da Esperança

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Nossa Senhora: Esperança no Calvário

Nós temos que ter um coração que diz como aquela música: “Mãezinha do Céu, eu não sei rezar, eu só sei dizer que quero te amar…”

Quando cantamos esta música, nos sentimos como um bebezinho no colo da Mãe do Céu, mas na nossa espiritualidade e devoção a Nossa Senhora, também precisamos amadurecer. Maria quer sempre nos levar para o seu Filho Jesus, e segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, este é o primeiro princípio de uma devoção a Nossa Senhora.

Foi da vontade de Deus eleger, escolher, separar uma mulher para ser a Mãe do Seu Filho Jesus. Deus quis escolher Maria para ser a Mãe do Salvador. E quem pode dizer a Deus que a Sua escolha foi errada? Não adianta, Ela estará lá, na porta do Céu para receber a todos, até mesmo os que não gostam de Nossa Senhora.

Nossa Senhora é a Mãe da Encarnação, a escolhida por Deus, e isto basta! Não precisamos fazer uma bandeira para discutir com os evangélicos, porque Deus já escolheu, pronto!

O segredo está em entender esta escolha de Deus. Quando Maria pegava Jesus no colo, Ela pegava ao mesmo tempo o seu Filho e o seu Deus; o seu Filho e, ao mesmo tempo, o seu Salvador. Quando as mães pegam os filhos nos braços, o pai, e até os conhecidos, dizem: 'é a cara do pai' ou 'é a cara da mãe'. E com quem Jesus parecia? Pois Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, que não tem forma humana. Então Jesus humanamente possuía as características de Maria. Tudo o que Jesus tinha no seu físico era de Nossa Senhora: os olhos, o rosto, o sorriso… Já pensaram que mistério tão bonito? Quando você olhar para o olhar e o rosto de Jesus, você também estará olhando as características de Nossa Senhora.

Maria: A Mãe das Dores

Jesus disse a seu discípulo amado: “eis aí a sua Mãe”. Ele disse isto quando estava na Cruz, e esta palavra é muito expressiva porque Jesus apresenta Maria como Mãe da humanidade num momento de dor, como a Senhora das Dores, porque Maria acompanhou e viveu todas as dores do seu Filho.

Para uma mãe, o seu filho, por maior que seja, é sempre o seu bebê, é sempre a sua criança. Para Maria, na Cruz estava o seu bebê, a sua criança, aquele que Ela embalou no colo.

Uma mística chamada Anna Katharina Emmerick disse que no momento em que Jesus cai no chão, subindo o Calvário, Maria corre e diz: “Meu Filho, eu estou aqui!” Esta cena é representada no filme “A Paixão” de Mel Gibson. Sim, ali bastava dizer: “Meu Filho, eu estou com você!”

Eu não sei para quem estou falando agora através da TV, Rádio e Internet, mas talvez haja pessoas no hospital, nas prisões, em casa e enfermas; e hoje Nossa Senhora diz: “Eu estou aqui!”

Nossa doutrina (católica) não é a doutrina da prosperidade. Nós não falamos: 'olha, venha aqui na igreja e você vai ganhar milhões em dinheiro'. Não! A nossa fé é fundamentada na Cruz de Cristo, no sofrimento e sacrifício; no Calvário do qual nos acompanha Nossa Senhora.

Maria: A Mulher da Cruz

Ontem, na festa da Exaltação da Santa Cruz, vimos como Jesus nasceu para morrer, e morrer na Cruz, porque desta forma Ele traria salvação e vida em plenitude ao homem.

Hoje, vamos falar de uma mulher que nasceu para o sofrimento, por isso o título de Maria como Nossa Senhora das Dores.
Se Jesus é o Homem compassivo, Maria também é compassiva. Ela completou em seus sofrimentos aquilo que faltou nos sofrimentos de Cristo.

Deus também enviou o Anjo Gabriel para anunciar que Ela seria a Mãe do Salvador, por isso Ela foi chamada a completar os sofrimentos de Jesus.
O Pai precisava de uma mulher para sofrer. Não quer dizer que faltou algum sofrimento a Jesus; esta é só uma maneira de dizer.
Por isso, Jesus disse aos discípulos que eles nada poderiam fazer sem Ele e sem Maria.

Mas isso só poderá ‘dar frutos’ se nós seguirmos a Jesus.
Por isso, quero dizer a vocês que Jesus convidou Maria para fazer parte deste sofrimento, não porque faltava, mas para que se tivesse uma ideia maior dos sofrimentos da mulher.

Maria, a Mulher da Palavra, mas Ela também é a Mulher da Cruz.
Vocês podem acreditar ou não, mas se estudarmos as Escrituras, podemos ver que Ela é a Mulher da Palavra, por isso Isabel disse a Maria: ‘Bendita és por ter acreditado na Palavra’.
Maria disse poucas palavras, mas uma das mais lindas foi: ‘Fazei tudo o que Ele vos disser’. Ela é a Mulher do Espírito. Vemos Maria comunicando o Espírito Santo.

Hoje, quero apresentar Maria com outro título: a Mulher da Cruz, a Mulher do Coração Transpassado.
Quando Maria ficou em pé aos pés da Cruz, sabemos que aquela mesma flecha que atingiu Jesus era a mesma que falava da profecia de Simeão.

Imagine o sofrimento que Maria passou quando se tornou suspeita diante do homem que Ela amava, José, e que a amava também. Por isso, podemos imaginar o quanto as mulheres sofrem. Por quanto tempo Maria passou por estes sofrimentos, eu não sei…
Até que o Anjo aparecesse para São José e dissesse que ele a tomasse por esposa.

Outro sofrimento foi quando Ela não achou lugar onde pudesse dar à luz o seu Filho.

Alguém aqui já deu à luz o seu filho num estábulo? Eu conheço uma mulher: é Maria.

O sofrimento de não ter um lar, de não ter um teto, é um sofrimento muito grande, e não havia nenhum lugar para Ela.
Depois, também sofreu a ameaça de o Filho poder ser morto por Herodes.

A mulher que tem o filho sequestrado é um sofrimento imenso, e foi isso que Maria passou quando eles se perderam e Jesus estava no Templo. O sofrimento de mãe de ver um filho em perigo, sendo atacado pelo inimigo.

Não esquecendo a viagem às pressas para o Egito. Pode ter certeza de que foi uma experiência dolorosa!
Ela sofria muito quando as pessoas diziam a Ela que Jesus não respeitava as leis, mas principalmente quando Ela estava com Jesus a caminho do Calvário.

O Papa diz para não olharmos Maria apenas como uma devoção, não somente como a Mulher da Palavra ou do Espírito Santo, mas olhar para Ela como a Mulher da Cruz. Aquela que nos lembra que devemos fazer o que Jesus fez.

Quero também contar algo que aconteceu no Haiti, e que vai mostrar que Maria é Mulher da Palavra, Mulher do Espírito Santo, Mulher da Cruz, mas Ela também é Mãe.

Em 1997, houve um programa internacional da Renovação Carismática Católica para a Terra Santa, e dois mil peregrinos vieram de todo o mundo para participar, e o conselho da Renovação me chamou para rezar pela cura.
Eu estava fazendo aquela oração de cura de dentro de um barco no Mar da Galileia.

Então eu dizia: Jesus, como posso estar no seu lugar? E o responsável da Renovação me pediu para que eu fosse a uma convenção no país dele e fizesse a mesma oração no país. Em 1998, recebi a carta com essa solicitação, e somente aí eu acreditei no que ele estava me pedindo. Perguntei se eu teria que fazer mais alguma pregação; então, ele me disse que não, que era somente a oração que eu tinha feito no barco no Mar da Galileia.

No aeroporto, veio uma mulher na minha direção, e Ela se apresentou como sendo a mulher do primeiro-ministro do Haiti. Ela me levou para a Missa. Depois da Missa, o Bispo do Haiti me pediu para fazer uma oração de libertação, e assim também me levou para uma montanha para orar pela Igreja e pelo país dele. Havia mais jovens do que adultos. Era um palco grande como este; penso que este é o maior que eu já vi na minha vida! (Refere-se ao Centro de Evangelização Dom João Hipólito de Moraes, na Canção Nova – Cachoeira Paulista-SP). Então o padre colocou o Santíssimo Sacramento no altar, e então eu disse ao Senhor: ‘Se eu vim de Bombaim, ajude-me a fazer uma boa oração’, e fiz uma oração longa, mas eu vi que o povo não estava olhando para frente, e eu perguntei o que estava acontecendo, e o ministro veio me dizer que eles estavam dizendo que estavam vendo uma luz, e aquela luz era Maria.

Nós sabemos que seis pessoas já viram a face de Maria em Medjugorje, mas nesse encontro havia sessenta mil pessoas olhando para aquela luz.

Eu, particularmente, não acredito muito em visões. Então eu disse: ‘Maria, eu vou te ver no Céu’, mas quando eu olhei para o pé daquela árvore, então eu vi flashes de luz durante mais ou menos uma hora.

O ministro me contou que uma criança era cega e a mãe levou o filho lá naquela árvore e ele ficou curado depois que viu os flashes de luz.

No dia seguinte, domingo, o povo continuava olhando para a árvore, e eu disse: ‘Senhor, hoje é o seu dia! Ontem foi sábado, era o dia de Maria, mas hoje, Senhor, é domingo, o seu dia!’, e naquele dia eu entendi que Maria é também a Mãe da Divina Misericórdia!

No dia seguinte, eu estaria voltando para Bombaim, então pedi à esposa do primeiro-ministro que me levasse até aquela árvore; quando chegamos lá, a árvore estava toda desfolhada porque o povo havia arrancado todas as folhas.
Então, levei um pedacinho da árvore.

O que Maria fez na casa de Isabel, Ela está fazendo hoje aqui também: aparecendo para o povo. O mesmo que Ela disse nas Bodas de Caná, Ela está dizendo agora a cada um de vocês: “Fazei tudo o que o meu Filho lhes mandar.”

Eu gostaria que vocês olhassem para as palavras do Papa em sua Encíclica, que diz para olharmos para Jesus transpassado pela lança, mas não podemos esquecer que lá há mais duas pessoas, Maria e João, nos recordando que aos pés da Cruz também vamos experimentar a vida plena e a ressurreição.

Maria é Mãe da Igreja. Ela quer trazer todos os filhos para a Igreja. Porque diz em Lumen Gentium que a Igreja é a Porta da Salvação, e Maria quer trazer os seus filhos que foram embora da Igreja.

Maria, a seguidora fiel que foi seguindo Jesus para onde Ele foi. Dificilmente há um episódio na Bíblia que não fala de Maria, que estava junto de Jesus como discípula. Maria não somente ouvia a Palavra, mas Ela é o sacrário da Palavra. Vai dizer na Bíblia: “Maria guardava tudo em seu coração e meditava.” Maria não entulhava todas as coisas no coração, mas Ela rezava. Se você está sofrendo, olhe para Nossa Senhora; Ela vai te ajudar, Ela vai te ensinar a confiar. Deus não deixa desamparados os que esperam Nele.

“E junto à Cruz de Jesus estava sua Mãe, e a irmã de sua Mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua Mãe, e que o discípulo a quem Ele amava estava presente, disse à sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua Mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. (João 19:25-27)”

Estava aos pés da Cruz quem Jesus amava. Passamos pela Páscoa, e não existiria ressurreição se não houvesse a Cruz! Eu te pergunto se a postura da Mãe foi de uma mãe normal? Porque se fosse outra mãe, teria gritado, desmaiado, se escabelado de ver seu filho naquela condição. Mas Maria ficou de pé, como discípula e Mãe.

Maria tinha ouvido muito bem as palavras de Jesus e guardava tudo em seu coração, por isso Ela esperava. Sabe quem estava lá aos pés da Cruz? Eu e você! Sabe por que João estava de pé também diante da Cruz? Porque do lado dele havia alguém dizendo: “Vamos esperar!” E Jesus disse: “Essa é sua Mãe” e João levou Maria para a casa. E Jesus está nos dizendo: “Essa é sua Mãe”!, por isso precisamos levar Maria para a nossa casa. Essas palavras foram de Jesus.

Só quem sabe reconhecer-se pequeno, humilde, sabe pedir as graças a Maria. Só se apega a Nossa Senhora quem é humilde e fraco, quem sabe que sozinho não consegue nada. Os orgulhosos, os arrogantes não aceitam a Mãe. Mas apenas os pequenos, os simples. Nós estamos seguindo Jesus, mas não estamos sozinhos. Estamos com Maria.

Naquela Cruz Jesus nos revelou todo o seu amor por nós dando-nos sua própria vida; a única herança que Jesus ainda possuía era Maria, sua Mãe, e ao observar que Ela estava aos pés da Cruz e junto d'Ela João, Jesus olha para sua Mãe e lhe entrega João como filho.

Naquele momento, João representava toda a humanidade; portanto, Jesus, ao entregar-lhe Maria como Mãe, o faz também a cada discípulo seu. João não pensa duas vezes, leva Maria para sua casa. Assim, é nosso dever, como discípulos de Jesus, permitir que Maria entre em nossa casa, acolhendo-a como nossa Mãe.

Ao fazermos isto, certamente se cumprirá em nossas vidas outra promessa do Sagrado Coração de Jesus, revelada a Santa Margarida Maria Alacoque: “Farei reinar a paz em suas famílias”.

Ao permitirmos que Maria entre em nossa vida, assim como nas Bodas de Caná, Ela irá interceder a Jesus pelo vinho que falta em nossa casa, em nossa família (cf. João 2,1-12), especialmente em nossa sociedade que, continuamente, sofre ataques contra a dignidade da família através do divórcio, do aborto, da desunião, dos desentendimentos, dos vícios, entre outros.

Hoje, convido você a renovar a consagração de sua vida e família a Nossa Senhora, para que haja em nossos lares abundância de perdão, harmonia, paz e felicidade.

Maria reza comigo e intercede por mim junto ao Trono da Graça. Maria ri comigo. Também enxuga minhas lágrimas – como fez com o corpo ferido de Jesus, segura em seus braços não o meu corpo, mas o meu coração quando está ferido – e me consola, me fortalece. Maria me ajuda a ficar de pé junto à minha Cruz, a não fugir dela, mas a abraçá-la com paciência e coragem. Maria me faz olhar para a Luz quando, nos dias sombrios, minha visão tende a se escurecer, e me abriga em seu Coração Imaculado quando as tempestades se precipitam em meu viver. Maria me protege, desarma ciladas e “esmaga a cabeça da serpente”, mantendo-me a salvo de suas investidas. Maria leva-me a confiar e a me abandonar sem reservas nas mãos de Deus, como Ela própria sempre o fez. Maria me anima, me enche de esperança, me contagia com sua imensa alegria e fé inabalável. Maria orienta meus passos nessa caminhada terrena, a fim de que, ao final da jornada, eu não venha a deixar vazio o lugar que Deus tem preparado para mim... Maria, “Porta do Céu”, vai mostrando-me como poderei por Ela passar e adentrar no Céu.

Muito mais acerca de nossa convivência eu teria a expor, e asseguro que nada é privilégio meu, uma vez que Maria não faz distinção entre os filhos seus. “Tu” és muito importante, és especial para Maria. Ouvi o Pe. Jorge Tadeu Hermes falar em uma de suas ungidas pregações: “Jesus só sabe contar até um, e este um sou eu, és tu. Isto porque Jesus ama a todos, mas também a cada um em particular. Maria, como a primeira e maior discípula de Jesus, certamente aprendeu com Ele igualmente a contar só até um, e este um sou eu, esse um és tu”. Estando teu nome gravado no Coração de tua Mãe Maria com o Sangue Precioso de Jesus, não há como apagá-lo. Ela não te esquece jamais e anseia por uma maior intimidade contigo. Anseia não apenas por passear, mas por permanecer em tua vida. Porém, não impõe Sua presença. Assim como Jesus, respeita nossa liberdade. Temos a liberdade de optar por viver ou não em Sua companhia. Certo é que, quando nossa resposta é afirmativa, Deus opera maravilhas em nossa vida por meio de Maria. O Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, com toda propriedade afirma: “É no encontro com Jesus Ressuscitado, no poder do Espírito Santo e debaixo dos olhos de Maria que a vida muda”.

Maria, no entanto, ficou para sempre aos pés da Cruz. Esse “estar” transformou seu coração de Mãe. Hoje, Ela continua estando ao lado da Cruz.
Essa ferida de tanta dor engrandeceu sua alma e a tornou navegável para os homens.
Seus pés ficaram pregados na terra, no mais profundo. Seu rosto permaneceu virado em direção ao Céu, olhando para a luz escondida na morte. Sua alma ficou pregada na Cruz de Cristo para sempre, unida ao seu Filho, atada como esposa.
São Bernardo disse a Maria: “Esta espada não teria penetrado na carne do teu Filho sem atravessar a tua alma. A cruel espada que abriu seu lado, sem perdoá-lo mesmo depois de morto, não chegou a tocar sua alma, mas sim atravessou a tua”.
Maria é essa mulher sólida que não se deixa levar pelos ventos, pelos medos, pela vida. Ao olhar para Ela, sentimos nossa própria fraqueza, nossa vulnerabilidade, nossa instabilidade. Nossos atos e palavras são fugazes.
Quantas vezes não estamos onde devemos estar! Nossas palavras não realizam atos. Nosso amor não se expressa na vida. Não somos o que queremos ser. Deixamo-nos levar pelo vento, estremecemos diante das cruzes do caminho, caímos e não conseguimos nos apoiar uns nos outros.
Olhar para Maria é pedir o dom de saber estar na vida como Ela esteve. “Estar” enraizado significa estar ancorado no mais profundo da vida, no mais profundo de Deus. Entre o Céu e a terra. No Céu e na terra. Estar tem uma conotação de eternidade.
Maria nunca desceu da Cruz de Jesus desde aquele momento. Lá, Ela abraça seu Filho e abraça todos nós. Ela não está de passagem pela nossa vida. Não sai correndo, não finge que não viu: Ela se detém diante de nós.
Nesse gesto, insignificante para muitos, Maria se doa. Não se vê o movimento. Está contido em todo o seu amor, que se dá. Mas esse “estar” de Maria vai muito além daquele madeiro. É um amor que não fica preso à Cruz. É um amor que toca as pessoas e as acompanha no caminho da vida.
Maria vem até nós. E seu amor crucificado se torna um amor que nos levanta, que nos carrega e sustenta nossas vidas. O amor de Maria se coloca em caminho, torna-se peregrino. Seu “estar” se faz encontro, movimento, vida.
Ela está em nós, conosco, ao nosso lado, aos pés da nossa Cruz, caminhando conosco. É e está ao nosso lado.

Quis o Pai das Misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, “assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida” (Cat. n. 488).

São Fulgêncio

“Maria é a escada celeste pela qual Deus desceu à terra e os homens sobem a Deus.”

Efrém da Síria (306 – 373) demonstra que Maria, além de ser a nova Eva, também é o canal, “jardim”, pelo qual desce do Pai a “chuva de bênçãos”.

O Anjo Gabriel foi enviado a Maria para preparar uma morada para o seu Senhor. Nela, a raça dos homens vis e insignificantes se uniu com a raça divina que está acima de todas as paixões (...) Pela prole de Maria, tem sido abençoada aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos, trazendo bênçãos, as mais profundas, a esta mulher cuja prole destruiu a morte e a Satanás. E no seio de Maria se fez criança Aquele que é igual ao Pai desde a eternidade. Comunicou-nos Sua grandeza e assumiu nossa pequenez; conosco se fez mortal e nos infundiu Sua vida a fim de livrar-nos da morte (...) Maria é o jardim ao qual desceu do Pai a chuva de bênçãos. Esta aspersão chegou até o rosto de Adão e, assim, este recobrou a vida e se levantou do sepulcro, já que por seus inimigos tinha sido sepultado no Xeol. (Carmina Soguita 1).

Santo Irineu, por exemplo, afirmava que:

Santo Irineu

“O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria.”

“…como Eva, seduzida pelas palavras do anjo (rebelde), se desviou de Deus e traiu a palavra dada, assim Maria ouviu do Anjo a boa nova da verdade e trouxe Deus em seu ventre por ter obedecido às suas palavras […] O gênero humano acorrentado por uma virgem e libertado por uma virgem […]; a prudência da serpente cede à simplicidade da pomba; foram quebrados os laços que nos prendiam à morte.[32]

Maria ‘primeireou’, ou seja, tomou a iniciativa, quando respondeu ao Anjo com o seu “sim”. Pois a um Deus que se revela, nossa resposta não pode ser outra. ‘Primeirear’ foi a primeira atitude de Maria e nos ensina “humildade”, pois Maria nada mais tem a não ser Deus e se coloca totalmente a serviço dessa Palavra criadora. Nos dizia Santo Agostinho: “concebeu primeiro em seu coração e depois em seu ventre”. Aqui representa a fé da Igreja. Como está o nosso ‘sim’, aquele primeiro chamado que recebemos?

Maria se envolveu com o projeto do Reino, que é de Justiça, Amor e Paz. Se envolveu em Caná da Galileia a ponto de interceder junto ao Filho: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). A Nova Aliança, a passagem do Antigo para o Novo Testamento. Tempo de renascimento pela água e pelo Espírito (Jo 3,5). Todos estes acontecimentos se repetem quando nos envolvemos. Estamos em nossas vidas fazendo novas todas as coisas?

Maria acompanhou Jesus até a morte de Cruz: “Eis o teu Filho… Eis a tua Mãe” (Jo 19,26-27); forma-se assim, ao pé da Cruz, a primeira comunidade da Nova Aliança. Jesus envia seu Espírito a partir da Cruz (Jo 19,30) sobre seu pequeno rebanho que é presidido por Maria. Nasce a Igreja. Apesar de jurarmos fidelidade por toda a vida, acompanhamos nossos projetos?

Maria frutificou, pois é chamada “Estrela da Evangelização”, evangelizadora da Igreja em vários sentidos e até hoje a Igreja aprende com Maria a ser Mãe, ao gerar os novos cristãos para a vida divina, vida advinda na água do Batismo. A missão evangelizadora de Maria continua na Liturgia, na oração do Rosário, nos Santuários Marianos, na Libertação dos Povos. Maria frutifica nas Congregações Marianas, nestes 453 anos de história, animando novos congregados marianos à missão. Quais frutos já demos no serviço à Igreja?

Maria festeja, na glória de Deus, Assunta ao Céu, como um grande sinal que apareceu no Céu (Ap 13,1), vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). Maria festeja, ressuscitada com seu Filho e nos indica o caminho para a meta, a nós, os simples humanos que esperamos o resgate de nosso corpo, não por direito de nossa natureza, mas por pura graça. (Lumen Gentium, 59). Que fiz? Que faço? Que farei para mais Amar e Servir?

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