Marx e Kant: Conceitos Fundamentais da Filosofia

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Marx: Fundamentos Filosóficos

A Filosofia de Marx

História do Marxismo

  • Esquerda Hegeliana
  • Feuerbach: Defende o materialismo.
  • Socialismo Utópico: Pensadores como Fourier, Owen, entre outros, exigiam reformas sociais que pusessem fim à exploração dos trabalhadores.
  • Economistas Britânicos: O liberalismo econômico de Adam Smith, entre outros, considerava a lei natural da oferta e da procura como justificativa para o sistema capitalista (a "Mão Invisível").
  • Rousseau: Considerava a igualdade natural dos homens, atribuindo as desigualdades às instituições sociais.

O Materialismo Dialético

Marx argumenta que apenas a matéria na natureza é real, e que esta é uma realidade dinâmica que se transforma de acordo com leis intrínsecas que são dialéticas (inspirado em Hegel):

  • Lei da Unidade e da Oposição dos Opostos: Toda a realidade é composta por opostos que lutam entre si.
  • Lei da Transformação Qualitativa: Mudanças quantitativas levam a mudanças qualitativas da matéria.
  • Lei da Negação da Negação: As contradições são superadas em uma nova unidade, a síntese do sistema hegeliano.

O materialismo de Marx se opõe ao idealismo hegeliano e ao materialismo mecânico.

O Materialismo Histórico

Marx afirma que são as circunstâncias, e não as ideias, que determinam a história. Esta teoria é materialista (o foco são as relações de produção de bens materiais) e dialética (a sociedade é o resultado da intervenção das leis da dialética na história).

Em cada fase da história, existe um modo de produção, ou seja, a soma das forças produtivas (trabalho e meios de produção) e um certo tipo de relações de produção.

Marx examina os diferentes modos de produção históricos (tais como o feudalismo, a escravidão ou o capitalismo) e o movimento dialético da história. Aplicada ao capitalismo (tese), a teoria aponta que a propriedade privada dos meios de produção é o obstáculo para a realização do proletariado, que não pode ser liberado sem se opor ao capitalismo. Desta tensão (antítese), que se manifesta em uma luta de classes, surgirá um novo modo de produção: o comunismo (síntese). A luta de classes torna-se, assim, o motor da história.

A classe dominante utiliza a ideologia (superestrutura) que se estende a toda a sociedade, a qual, por sua vez, adquire uma visão distorcida da realidade, uma "falsa consciência" que justifica os privilégios da classe exploradora.

Crítica da Sociedade Capitalista

No modo de produção capitalista, o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho em troca de um salário, e o produto do seu trabalho torna-se uma mercadoria, que possui um valor de troca real e um valor de mercado. A diferença entre o que o trabalhador recebe pelo seu trabalho e o custo do produto no mercado gera um lucro de mais-valia, que permanece nas mãos do capitalista. O trabalhador, por sua vez, sente-se escravo de seus próprios produtos, alienado em seu trabalho.

Alienação e Suas Formas

Este conceito já havia sido abordado por Hegel e Feuerbach. Em Marx, aplica-se a uma determinada classe social: o proletariado. Quando o trabalhador vê o trabalho como algo externo a si, ocorre a alienação, a desumanização.

  • Alienação Econômica: O trabalho não é criativo, mas forçado e repetitivo, fazendo com que o trabalhador se sinta como uma mercadoria do capitalista.
  • Alienação Social e Política: Diante do exposto, a sociedade é dividida em classes.
  • Alienação Religiosa: A religião proporciona conforto nessa situação, mas retarda a transformação social, sendo considerada o "ópio do povo".

A Revolução do Proletariado

O capitalismo traz em si as sementes da sua própria destruição. Sua lógica interna levará a uma crise constante e à acumulação de capital em poucas mãos, causando o descontentamento do proletariado. Essa tensão culminará na revolução do proletariado.

Etapas da Revolução do Proletariado

  • DOP (Ditadura do Proletariado): Fase de transição em que o proletariado controlará o Estado e assumirá os meios de produção burgueses.
  • Socialismo: Nesta fase, as classes sociais e a propriedade privada são abolidas.
  • Comunismo: A fase final, na qual não haverá classes sociais nem Estado.

Validade do Pensamento de Marx

Para alguns, seu pensamento está ultrapassado, enquanto para outros ainda é necessário ao se considerar as desigualdades sociais geradas pelo capitalismo.

Glossário de Conceitos Marxistas

Alienação: A mercantilização do trabalhador, que não se reconhece no produto do seu trabalho e o considera estranho a si. Esta alienação produz alienação política, social e religiosa.

Antítese: Segundo momento da dialética. Na fase atual, é identificada com a ditadura do proletariado.

Capitalismo: Sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção.

Comunismo (Sociedade sem Classes): Fase final do processo revolucionário, na qual não haverá classes sociais.

Consciência de Classe: A consciência do proletariado sobre sua alienação e as relações de antagonismo com a burguesia.

Dialética: Processo de desafio e superação de opostos. Marx considera que a natureza e a história são dialéticas.

Ideologia ou Falsa Consciência: Conjunto de ideias que formam uma visão distorcida da sociedade, justificando os privilégios da classe dominante.

Esquerda Hegeliana: Movimento filosófico que interpreta o pensamento de Hegel em um sentido materialista e anti-idealista. Utilizou a dialética hegeliana para expor as contradições de sua sociedade.

Luta de Classes: Manifestação da tensão dialética entre forças produtivas e relações de produção em cada fase da história. Para Marx, é o motor da história.

Materialismo Dialético: A matéria é tudo o que é real, e esta matéria se transforma de acordo com leis dialéticas internas. Opõe-se ao idealismo hegeliano e ao materialismo mecânico.

Materialismo Histórico: Interpretação da história segundo a qual a sociedade é o resultado das leis dialéticas da história, expressas na luta de classes.

Práxis: Atividade produtiva do ser humano. A prática social é a transformação da realidade social. É identificada com a revolução.

Mais-Valia (Apreciação): Benefício gerado pelo trabalho do empregado no produto que é vendido no mercado, e que permanece nas mãos do capitalista sem retorno para o trabalhador.

Relações de Produção: Relações estabelecidas entre os seres humanos, incluindo a propriedade dos meios de trabalho.

Socialismo: A segunda etapa do processo revolucionário, na qual desaparecem as classes sociais e a propriedade privada.

Tese: Primeiro momento da dialética. Na fase atual da história, é identificada com o modo de produção capitalista.

Trabalho: É a essência do ser humano, entendida como uma atividade produtiva ou práxis.

Valor de Troca: O valor de troca de um objeto depende do tempo de trabalho necessário para produzi-lo e da oferta e demanda.

Kant: A Crítica da Razão Pura

O Conhecimento Científico em Kant

  • Universal: As demonstrações científicas são sempre verdadeiras e se aplicam a todos os indivíduos.
  • Necessário: As declarações científicas não podem ser de outra forma, e negá-las implica cair em contradição.
  • Ampliativo: As declarações da ciência devem expandir o conhecimento.

Juízos que atendem a essas três condições são juízos sintéticos a priori.

Estética Transcendental

Aborda os elementos que existem na sensibilidade a priori e, portanto, as condições de possibilidade dos objetos. Segundo Kant, existem no sujeito formas a priori da sensibilidade, que se identificam com o espaço e o tempo, e que são responsáveis pela reordenação dos dados que obtemos através dos sentidos.

A presença de elementos a priori leva à existência de juízos sintéticos a priori, que fundamentam a geometria (a ciência do espaço, cujos juízos são universais) e a matemática (baseada na intuição temporal).

Lógica Transcendental: Analítica Transcendental

A Analítica Transcendental é o estudo dos conceitos que estruturam o entendimento. A tarefa do entendimento é sintetizar, a partir de conceitos, a intuição sensível obtida.

Kant foca nos conceitos puros, que chamou de categorias, as quais são formas a priori do entendimento que nos permitem pensar em intuições sensíveis. Qualquer outro uso delas é ilegítimo e leva a erros. Aquilo que, por definição, transcende a experiência não pode ser aplicado (como a existência de Deus).

O resultado do processo de conhecimento é a realidade do fenômeno. A realidade em si, antes da forma humana de conhecer, é o númeno.

Lógica Transcendental: Dialética Transcendental

Na Dialética Transcendental, Kant mostra que a metafísica não é uma ciência. Essa faculdade é o que permite aos seres humanos investigar as causas e a base de toda a realidade.

Não se pode formular juízos sintéticos a priori sobre a alma, o mundo ou Deus, porque são ideias da razão que transcendem o mundo dos fenômenos. Kant não nega a sua existência, mas apenas salienta que não se pode provar a existência dessas ideias porque elas não são fenômenos.

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