Marxismo: Alienação e Materialismo Histórico

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Bloco III (Marx): 1 - As fontes do marxismo.

A filosofia clássica alemã. Marx é profundo conhecedor da obra de Hegel e, sobretudo, do seu método de análise (a dialética). A corrente denominada esquerda hegeliana, à qual pertencem Feuerbach e Marx, reagiu contra o idealismo de Hegel, postulando o materialismo. Marx vai tomar o conceito da dialética de Hegel como uma estrutura de desenvolvimento da realidade, incluindo a prática humana. Como na dialética de Hegel, mas materialista, contra ele.

A economia política inglesa (Adam Smith e David Ricardo). A crítica de Marx à economia capitalista clássica britânica é uma forma teórica de entender a sociedade.

Socialismo utópico (Owen, Fourier, Proudhon, Saint-Simon). Marx os leva em consideração, pois eles também pretendem mudar a sociedade. No entanto, critica a sua ingenuidade e a sua relação com os bem-intencionados, mas não sólida. Em contraposição ao socialismo utópico, Marx inspirou o chamado socialismo científico.

Com estas fontes, deve-se mencionar a situação do proletariado na nova sociedade industrializada dos países. O emergente movimento sindical exige uma teoria política e cultural para a sua análise. O seu pensamento foi desenvolvido a partir da crítica das fontes utilizadas. Além disso, Marx considerava a filosofia como um meio para transformar o mundo. Esta crítica, e a unidade de teoria e prática, não devem ser esquecidas.

O marxismo contém três dimensões: uma concepção do homem e da sociedade, um método de análise da realidade em geral e da história em particular. Oferece um projeto revolucionário que visa uma transformação profunda.

2 - Alienação Econômica:

É o fundamento e a base para o resto das alienações. É no trabalho onde o homem deveria se realizar. Mas, nas condições do trabalho assalariado, ocorre o oposto: o que se produz é a alienação do homem. Essa alienação ocorre em quatro dimensões:

  • Em relação ao produto do seu trabalho: o objeto do seu trabalho, tornando-se "capital" de outros, aparece para o trabalhador como algo estranho, como um poder independente, que ele não possui nem domina. Quanto mais objetos o trabalhador produz, menos pode possuir.
  • Em relação à sua própria atividade: o trabalhador se afirma em seu trabalho, mas nega a si mesmo, não se sente feliz, mas infeliz. Só se encontra fora do trabalho. Acontece que o trabalhador só se sente livre em suas funções animais de comer, beber, procriar e, em suas funções humanas, se sente como um animal.
  • Em relação à natureza: aparece como algo alheio ao trabalhador, como propriedade de outro.
  • Em relação aos outros homens: O homem é capaz de trabalhar não só para si, mas também para os outros e para transformar o mundo. Mas, no trabalho alienado, cortam-se todos os laços com a natureza e a humanidade.

Na procura das fontes de desumanização, encontramo-las no trabalho alienado que provém da propriedade privada e é, por sua vez, a sua causa. A abolição da propriedade privada dos meios de produção é o pressuposto para a superação da alienação vigente no capitalismo e da "situação humana" que isso implica.

3 - Materialismo Histórico.

O materialismo histórico marxista estuda a história a partir do processo de produção que caracteriza toda sociedade, pois cada indivíduo é definido pela sua atividade prática e produtiva. As várias formas de produção da vida social que ocorreram ao longo da história são chamadas de modos de produção. Os modos mais importantes na história do Ocidente foram o escravista, o feudal, o capitalista e o comunista. A formulação final desse materialismo está disponível na Contribuição para a Crítica da Economia Política (1859). Para compreendê-lo, são necessários os seguintes esclarecimentos:

Estrutura Econômica ou Infraestrutura: Determina toda a produção chamada superestrutura ideológica. A infraestrutura é constituída pelas forças produtivas e pelas relações de produção.

  • Relações de produção: É a relação estabelecida entre os diferentes atores do processo de produção, entre os proprietários dos meios de produção e os produtores diretos. No modo de produção capitalista, o trabalhador possui apenas a sua força de trabalho e o empregador detém os meios de produção.
  • Forças Produtivas: São os elementos de um processo de produção econômica. Dois tipos: os meios de produção (ferramentas, máquinas) e a força de trabalho, a energia humana usada para produzir.

Superestrutura: Conjunto de representações ou ideias que formam a consciência, assim como as estruturas políticas e jurídicas. É determinada ou condicionada pela infraestrutura.

A relação entre a infraestrutura e a superestrutura ideológica. Lembre-se:

  • Existe uma "determinação" ou condicionamento, não uma produção de causalidade.
  • Há uma interação entre a infraestrutura e a superestrutura, mas a infraestrutura tem uma forte determinação.

Modo de produção: Refere-se ao todo social, ou seja, tanto à infraestrutura quanto à superestrutura.

Classe (luta de classes): Grupos de homens em conflito, com posições sociais definidas pelo lugar que cada um ocupa na estrutura econômica de um determinado modo de produção. Cada classe luta por seus interesses. A luta de classes é o motor da história: ou seja, a mudança de estruturas econômicas e sociais de umas para outras ocorre graças à rivalidade e à luta constante para se livrar de certos tipos de opressão.

Revolução Social: Conflito que irrompe graças ao desenvolvimento progressivo das forças produtivas, que já não encontram um quadro adequado nas relações de produção, mas apenas obstáculos.

A história é impulsionada pelo desenvolvimento das forças produtivas, a principal das quais é o trabalho humano.

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