Materiais de Construção: Gesso, Cal, Vidro, Cerâmica e Cimento

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Gesso

O gesso é obtido da desidratação (a partir da calcinação do gipso) da gipsita, com posterior pulverização do mesmo.

Gipso: minério mais comum dos sulfatos, composto por gipsita (CaSO4.2H2O), anidrita (CaSO4) e algumas impurezas. É a matéria-prima de produção do gesso de construção.

Tipos de gesso (depende do tipo de processo de calcinação da gipsita):

  • Gesso β (setor da construção civil): representa mais de 95% do mercado de gesso. Elementos pré-moldados e decorativos.
  • Gesso α (produto mais nobre): fins odontológicos e ortopédicos.

Processo de Produção:

  1. Extração da matéria-prima;
  2. Britagem (britadeira de mandíbula ou de martelo), moagem e estocagem com homogeneização;
  3. Secagem (10% de umidade);
  4. Calcinação (em forno rotativo ou de marmita);
  • 1 forno: produz hemi-hidrato puro ou com poucas impurezas (gipsita ou anidrita).
  • 2 fornos: produzem hemi-hidrato e anidrita separados.
  1. Moagem (pulverização) e seleção da granulometria;
  2. Armazenamento em silos e estabilização para maior homogeneidade na composição final.

Tipos de aquecimento da calcinação:

  • Aquecimento direto: ocorre quando os gases da combustão entram em contato com o minério;
  • Aquecimento indireto: ocorre quando o calor atinge a estrutura metálica do forno e este transfere calor para o minério.

Tipos de calcinação:

  • Calcinação sob pressão atmosférica - Calcinação indireta e contínua;
  • Calcinação indireta por batelada;
  • Calcinação sob pressão de água saturante (maior custo e produto mais nobre).

Propriedades:

  • Tempo de pega: Se a pega for muito rápida, o preparo da pasta fica condicionado a pequenos volumes, reduzindo a produtividade do gesseiro;
  • Isolamento térmico e acústico;
  • Boa aderência.

Cal

É um aglomerante hidráulico inorgânico ou mineral, produzido a partir de rochas calcárias, composto basicamente por cálcio e magnésio.

Para sua aplicação, apresenta-se sob forma de pó fino.

Em mistura com a água, forma uma pasta com propriedades aglomerantes, e seu endurecimento ocorre por reação com CO2.

Tipos de cal: Cal cálcica, Cal magnesiana, Cal hidratada comum, Cal hidratada especial, Cal em pedaços, Cal pulverizada, etc.

O carbonato de cálcio é encontrado na natureza através da calcita, calcário, mármore e aragonita, e é insolúvel em água. Quando em suspensão na água, dissolve-se pela passagem de uma corrente de gás carbônico, em virtude de formação de um bicarbonato de cálcio solúvel.

Fatores que podem afetar a reação de calcinação:

  • A concentração do CO2, que poderá inibir a reação;
  • A distribuição granulométrica das partículas, que poderá afetar a transferência de calor, bem como a transferência de massa;

Zona de pré-aquecimento: se inicia o aquecimento do calcário pelo calor resultante da passagem de gases.

Zona de queima (Calcinação): é onde se processa a combustão do gás proveniente do gasogênio CO que libera calor, o que provoca a dissociação do CaCO3 transformando-o em óxido de cálcio e liberando o gás resultante da reação de combustão o CO2 (dióxido de carbono).

Zona de resfriamento: nesta zona ocorre uma troca de calor.

O óxido de cálcio (Cal virgem) recebe um choque térmico do ar frio (ar atmosférico) o qual é introduzido no forno por um ventilador chamado de ar de combustão.

Etapa de Hidratação:

  • Processo altamente exotérmico;
  • Ocorre mediante a presença de água;
  • Realizado industrialmente devido aos riscos de explosões;
  • Após hidratação, a pasta deve ser envelhecida para completar a hidratação;
  • Pode ser realizada naturalmente através da absorção da umidade do ar, porém ocorre processo de carbonatação conjunta.

Características

  • Plasticidade: melhor trabalhabilidade e rendimento;
  • Retenção de água: Mantém água em torno da partícula (não permite perdas por sucção para a alvenaria);
  • Incorporação da Areia: Aumenta o rendimento da pasta ou argamassa.

Vidro

Tipos de vidro:

  • Sílica fundida: vidro feito a alta temperatura pela pirólise do tetracloreto de silício;
  • Silicatos alcalinos: vidros solúveis, usados apenas como soluções;
  • Vidro à base de soda e cal: aplicações em janelas e em armações transparentes;
  • etc.

Matérias-Primas:

  1. Fundentes: barrilha, sulfato de sódio impuro ou a cal;
  2. Coloração: óxido de chumbo, carbonato de potássio e ácido bórico;
  3. Acabamento: Ácido fluorídrico e produtos abrasivos;
  4. Principais compostos:
    • Areia;
    • Óxido de sódio;
    • Feldspatos (confere resistência mecânica);
    • Sulfato de sódio (remove a prejudicial espuma no banho);
    • Blocos refratários.

Produção do Vidro

As matérias-primas (areia, barrilha, dolomita, calcário e feldspato) são dosadas, pesadas e misturadas em uma quantidade pré-determinada chamada de batch.

Fusão em forno (tipos: cadinho, tanque ou regenerativos) a uma temperatura alta.

Moldagem

  • Sopro/compressão: A máquina efetua uma operação de fundição que usa a pressão do ar para criar um oco interno. O processo se limita ao gotejamento e prensagem.

Etapas: Carregamento → Compressão/prensagem → Transferência → Assopro final→ Extração

  • Vidro Plano:
    • Processo Forcault: Composto por uma ferramenta refratária, rolos de estiramento e serpentinas para esfriamento.
    • Processo de flutuação: produz vidros de alta qualidade.

Recozimento e acabamento: para reduzir a tensão, é necessário recozer todos os objetos de vidro (os fabricados mecanicamente ou manualmente). No acabamento, tem-se a limpeza, lapidação, calibração e etc.

Cerâmica

As três matérias-primas básicas usadas na fabricação dos produtos clássicos de cerâmica são a argila, o feldspato e a areia (sílica).

Argila

Processo de Produção: Estágios da Queima

Estas temperaturas provocam várias reações, que constituem a base das conversões químicas.

  • Até 100°C: eliminação da água livre não eliminada totalmente na secagem;
  • ~ 200°C: elimina-se a água coloidal, que permanece intercalada entre as pequenas partículas de argila;
  • De 350 a 650°C: combustão das substâncias orgânicas contidas na argila;
  • De 450 a 650°C: decomposição da argila com liberação de vapor;
  • Acima de 700 a 900°C: reações químicas da sílica com a alumina, formando sílico-aluminatos complexos que dão ao corpo cerâmico suas características de dureza, estabilidade, resistência física e química;
  • Acima de 1000°C: os sílico-aluminatos que estão em forma vítrea começam a amolecer, assimilando as partículas menores e menos fundentes, dando ao corpo maior dureza, compatibilidade e impermeabilidade.

Formação de Peças: Prensagem Isostática

  • Consiste na aplicação de pressão igualmente ao pó por todos os lados;
  • Tem como objetivo promover um maior empacotamento das partículas, aumentando a densidade de forma homogênea.

Formação de Peças: Secagem

  • Vertical: Feita por dois queimadores na parte superior do equipamento. Na saída, a peça tem a mesma temperatura de entrada. 35-50 min.
  • Horizontal: As peças movem horizontalmente por diversos planos no interior do equipamento. Queimadores laterais. 15-25 min. Menor gasto de energia.

Esmaltação e Decoração

Os esmaltes (vidrados) podem ser do tipo cru, esmalte de fritas ou uma mistura de ambos:

  • Esmalte cru: mistura de matérias-primas com granulometria fina, aplicado na forma de suspensão à superfície da peça cerâmica. Na operação de queima se funde e adere ao corpo da peça, adquirindo o aspecto vítreo durante o resfriamento. Esse tipo de vidrado é aplicado em peças que são queimadas em temperaturas superiores a 1200oC, como sanitários e peças de porcelana.
  • Esmalte de Fritas: diferem dos crus por terem em sua constituição um material denominado “frita”, composto vítreo insolúvel em água que é obtido por fusão e posterior resfriamento brusco de misturas controladas de matérias-primas. O processo de fritagem implica na insolubilização dos componentes solúveis em água após tratamento térmico, em geral entre 1300oC e 1500oC, quando ocorre a fusão das matérias-primas e a formação de um vidro. Os esmaltes contendo fritas são utilizados em produtos submetidos a temperaturas inferiores a 1200oC.

Cimento

  • Aglomerantes: É o material ligante ativo, geralmente pulverulento, cuja principal função é unir os agregados inertes.

Tipos:

  • Hidráulico: cimento e cal hidráulica;
  • Aéreo: cal virgem e gesso;
  • Polimérico: polímeros e asfalto.

Definição de Cimento

  • Por definição é um aglomerante hidráulico.
  • Aglomerante: tem a propriedade de unir outros materiais.
  • Hidráulico: porque ele hidrata e reage quando se mistura com a água e, ao secar, endurece ganhando características de rocha artificial.
  • A combinação do cimento com diferentes materiais como areia, pedra, cal e aditivos origina a formação das pastas, argamassas e concretos.

Calcário: De acordo com o teor de magnésio, o calcário se classifica em:

  • Calcário calcítico (CaCO3): O teor de MgO varia de 0 a 4%. Devido à maior quantidade de cálcio a pedra quebra com maior facilidade e em superfícies mais uniformes e planas. Este calcário, também por ter menor quantidade de carbonato de magnésio exige maior temperatura para descarbonatar.
  • Calcário magnesiano (MgCO3): O teor de MgO varia de 4 a 18%. A presença maior de carbonato de magnésio faz com que este calcário tenha características bem diferentes do calcítico.
  • Calcário dolomítico (CaMg(CO3)2): O teor de MgO é acima de 18% e por isso possui uma temperatura de descarbonatação ainda menor do que o calcário magnesiano.

Argila: são silicatos complexos contendo alumínio e ferro como cátions principais e potássio, magnésio, sódio, cálcio, titânio e outros. A escolha da argila envolve disponibilidade, distância, relação sílica/alumínio/ferro e elementos menores como álcalis.

A argila fornece os componentes Al2O3, Fe2O3 e SiO2. Podendo ser utilizado bauxita, minério de ferro e areia para corrigir, respectivamente, os teores dos componentes necessários, porém são pouco empregados.

Gesso: É o produto de adição final no processo de fabricação do cimento, com o fim de regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação.

  • É encontrado sob as formas de gipsita hemi-hidratado (CaSO4 .2H2O), ou bassanita (CaSO4 .0,5H2O) e anidrita (CaSO4).
  • Utiliza-se também o gesso proveniente da indústria de ácido fosfórico a partir da apatita:

Ca3 (PO4)2 + 3H2SO4 + 6H2O → 2H3PO4 + 3(CaSO4 . 2H2O)

Escória: A escória de Alto Forno é produzida no Alto Forno que produz Ferro Gusa, na proporção de 200 a 300 Kg de escória por tonelada de ferro gusa.

  • A Escória de Alto Forno contém pouco Cálcio, CaO, e, por isso, é pouco reativa e precisa ser misturada ao clínquer do cimento Portland, para reagir com o Ca(OH)2 que é formado pela dissolução, na água, do CaO do cimento Portland.

Processos de Produção de Cimento

  • Dois métodos utilizados: processo seco e o processo úmido;
  • Nos dois métodos os materiais são extraídos das minas e britados de forma mais ou menos parecidas, a diferença porém é grande no processo de moagem, mistura e queima;
  • Dos dois métodos produz-se clínquer e o cimento final é idêntico nos dois casos.

Processo Úmido: A mistura é moída com a adição de aproximadamente 40% de água, entra no forno rotativo sob a forma de uma pasta de lama.

Processo Seco: A mistura é moída totalmente seca e alimenta o forno em forma de pó. Para secar a mistura no moinho aproveita-se os gases quentes do forno ou de gerador de calor.

Processo Seco X Processo Úmido

  • O processo seco tem a vantagem determinante de economizar combustível já que não tem água para evaporar no forno.
  • Comparativamente, um forno de via úmida consome cerca de 1250 kcal por kg de clínquer contra 750 kcal de um forno por via seca.
  • O forno de um processo por via seca é mais curto que um forno por via úmida, porém suas instalações de moagem e do forno são muito mais complexas.

Extração e Britagem

  • A extração é feita a céu aberto através de explosivos ou mecanicamente.
  • Os blocos são levados para a britagem até a redução do tamanho de 25 mm ou menor.

Moagem do “Cru”

  • Definida a proporção das matérias-primas, elas são transportadas para moinhos onde se produz o chamado “cru” (mistura moída).
  • Simultaneamente à moagem ocorre um processo de adição de outros materiais: areia e minério de ferro, por exemplo, de forma a obter as quantidades pretendidas dos compostos que constituem o "cru": cálcio, sílica, alumínio e ferro.
  • Ocupam mais espaço;
  • Maior gasto de energia.

Silos de Homogeneização do Cru

  • A mistura de cru, devidamente dosada e com granulometria adequada, deve ter sua homogeneização assegurada para permitir uma perfeita combinação dos elementos formadores do clínquer.
  • A homogeneização é executada em silos verticais de grande porte através de processos pneumáticos e por gravidade.

Pré-aquecimento – Ciclones

Na torre dos ciclones se dá o início da descarbonatação do material:

  • Evaporação da água;
  • Evaporação de outros voláteis;
  • Descarbonatação CaCO3 → CaO + CO2.

Clinkerização

É o processo que ocorre dentro do forno rotativo, onde ocorre a transformação da matéria-prima em clínquer.

Forno rotativo: consiste de tubo de cilindro de aço revestido com tijolos refratários que protegem as chapas das elevadas temperaturas no interior do forno.

  • Apoiado sobre rolamentos, gira em torno de 1 a 4 voltas por minuto;
  • Ligeiramente inclinado, em torno de 2 a 8%.
  • O material parcialmente descarbonatado entra na extremidade superior do forno, a gravidade e a rotação permitem que o material flua forno abaixo com uma velocidade praticamente uniforme em direção ao queimador com uma temperatura na ordem de 2000°C.
  • O material passando em contrafluxo com os gases quentes da combustão é aquecido até aproximadamente 1450°C.

Reações químicas na transformação do cru para obter o clínquer:

  • Decomposição do carbonato de magnésio (MgCO3) entre 400 e 500°C;
  • Descarbonatação entre 800 e 950°C, reação fortemente endotérmica:

CaCO3 → CaO + CO2

MgCO3 → MgO + CO2

  • Formação da fase líquida entre 1200 e 1300°C:
  • Aluminato tricálcico: 3CaO + Al2O3 → 3CaO ⋅ Al2O3
  • Ferro aluminato tetracálcico: 4CaO + Al2O3 + Fe2O3 → 4CaO ⋅ Al2O3 ⋅ Fe2O3
  • Formação do silicato tricálcico entre 1350 e 1450°C: CaO + SiO2 → 3CaO ⋅ SiO2

Resfriamento

  • Após todas as reações dentro do forno, o clínquer é resfriado bruscamente até 100-200°C em arrefecedores de grelhas.

Moagem e Adições

  • O cimento é produzido moendo-se o clínquer produzido no forno, com o gesso.
  • É permitido também a adição de calcário e escória de alto forno em teores determinados de acordo com o tipo de cimento a ser produzido.
  • O Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (ARI) - NBR 5733, o Cimento Portland Branco, o Cimento Portland de Moderada Resistência aos Sulfatos e Moderado Calor de Hidratação (MRS) e o Cimento Portland de Alta Resistência a Sulfatos (ARS) – NBR 5737, não recebem outros aditivos, a não ser o gesso. Portanto, são feitos de clínquer + gesso.

Adições: Gesso

  • A gipsita, sulfato de cálcio di-hidratado, comumente chamada de gesso, é adicionada no final da moagem do cimento com a finalidade de aumentar o tempo de pega (propiciar manuseio ao adicionar a água), permitindo que o cimento permaneça trabalhável por pelo menos uma hora e trinta minutos, conforme ABNT.
  • Sem adição de gipsita, o cimento tem o tempo de pega de aproximadamente 15 minutos, o que tornaria difícil sua utilização em concretos.
  • O teor varia em torno de 3%.

Adições: Calcário Finamente Moído

  • Sua adição confere maior trabalhabilidade ao concreto, e está associado a três características:
  • Facilidade de adensamento: eliminar espaços vazios na mistura (bolhas de ar);
  • Facilidade de moldagem: relacionada com o preenchimento da forma;
  • Resistência à segregação e manutenção da homogeneidade da mistura, durante manuseio e vibração.

Adições: Escória

  • Sua aplicação pode trazer vantagens ao concreto como:
  • Maiores resistências finais e maior durabilidade;
  • Melhor trabalhabilidade e plasticidade;
  • Menores porosidade e permeabilidade (maior durabilidade);
  • Aumento da resistência à corrosão por cloretos e sulfatos.
  • O Cimento Portland de Alto Forno – NBR 5735, recebe 25 a 65% de escória e o comum é permitido até 10%.

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