Matriciamento: Integração Saúde Mental e Atenção Primária

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O que é Matriciamento?

É a união de duas ou mais equipes que realizam troca de informações para a construção compartilhada de um projeto técnico-terapêutico-pedagógico. O profissional de saúde mental se coloca disponível para uma intervenção técnico-terapêutica e pedagógica, capacitando os profissionais da Equipe de Saúde da Família.

  • Ocorre a integração dos diversos componentes do sistema de saúde de forma horizontalizada, ou seja, esses componentes estão no mesmo nível (não há hierarquia entre eles) e se auxiliam mutuamente.
  • Temos a Equipe de Referência, que é a Equipe de Saúde da Família, e a Equipe de Apoio Matricial, que é a Equipe de Saúde Mental. Como funciona? O profissional de saúde da família, em um determinado caso, pede ajuda de um profissional de saúde mental. Este último não tem apenas a função de dar o diagnóstico, mas sim de capacitar o médico de família para que ele possa dar os diagnósticos nas próximas situações. Então, a função é capacitar um ao outro e, assim, organizar esse sistema de forma conjunta.
  • Resumindo: o matriciamento é uma integração entre Atenção Primária e Saúde Mental em um modelo de cuidados colaborativos e projetos terapêuticos junto à população, diferenciando-se de uma supervisão, pois o matriciador (equipe de saúde mental) pode participar ativamente do projeto terapêutico.

Instrumentos

Projeto Terapêutico Singular (PTS)

  • As duas equipes, em conjunto, criam ou constroem um projeto de intervenção para resolver ou reduzir problemas de determinados casos, levando em consideração não só o indivíduo-paciente em si, mas também considerando e avaliando todo o seu contexto social, como as condições familiares e ambientais. Então, o projeto tem uma visão ampla e integral, não é uma visão individualizada, por isso o nome é "singular", pois é específico para cada caso.
  • Nesse projeto, ocorrem várias discussões com as equipes até entrarem em consenso e criarem a Planilha de Intervenção Sistemática. Essa planilha nada mais é do que registrar tudo o que foi discutido em uma planilha para melhor organização.
  • Ao criar o Projeto Terapêutico Singular, ocorre a identificação do problema, discussão sobre ele, análise de como pode ser resolvido e quem poderá fazê-lo; e, posteriormente, tudo isso é registrado na planilha de intervenção para melhor organização.

Interconsultas

  • É uma prática interdisciplinar para a construção do modelo integral do cuidado, com o objetivo de estruturar o Projeto Terapêutico Singular.
  • No qual terá:
    • Discussão de caso
    • Consultas conjuntas
    • Visitas domiciliares conjuntas

Consulta Conjunta de Saúde Mental na Atenção Primária

  • As duas equipes, em conjunto com o paciente (e, se necessário, com a família deste também), buscam identificar os problemas e as possíveis resoluções para determinados casos.

Visita Domiciliar Conjunta

  • As duas equipes realizam a Visita Domiciliar (VD) para pacientes que não podem ser atendidos nas unidades de saúde (principalmente os com dificuldade de locomoção ou recusa).
  • Problema: Os objetivos/focos dessas equipes em relação à VD são diferentes. No entanto, isso é importante também porque, como cada equipe tem sua “visão”, há uma troca mútua de informações; além da equipe de saúde mental entender cada vez mais como funciona a saúde da família (não foca apenas na doença, mas no paciente como um todo).
  • Deve-se escolher em conjunto os casos prioritários para a VD.

Genograma

  • É um esquema que mostra a relação entre os membros da família do paciente. Permite visualizar como funciona aquele núcleo familiar, quais são os membros participantes e como interagem entre si.
  • Com base nesse esquema, é possível criar medidas preventivas e de intervenção.

Ecomapa

  • Avalia os fatores em torno do núcleo familiar, ou seja, avalia o meio social em que essas pessoas estão inseridas. Exemplos: relações entre a família e a igreja, se o núcleo frequenta o posto de saúde, se a região é violenta ou não.
  • O Ecomapa complementa o Genograma, e ambos facilitam ao profissional de saúde uma melhor visualização de como funciona o núcleo familiar e seu meio, permitindo um projeto de intervenção mais eficaz.

NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Primária)

  • É o matriciamento na Atenção Básica de Saúde.
  • Faz atendimento conjunto, visita domiciliar conjunta, não atende o caso individualmente.
  • Tem saúde mental e outras especialidades.
  • 1 NASF para 8 a 12 ESF (Equipes de Saúde da Família).

Responsabilidades do Matriciamento

  • Desenvolver ações conjuntas.
  • Discussão de casos identificados pelas equipes.
  • Fortalecer vínculos de trabalho e familiares.
  • Evitar práticas que levem à psiquiatrização e medicalização.
  • Desenvolver ações de mobilização de recursos.
  • Priorizar abordagens coletivas e de grupo.
  • Criar estratégias comuns para abordar problemas relacionados à violência, abuso de álcool e outras drogas, e estratégias para redução de danos.

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