Mecanismos de Ação de Inseticidas e Manejo da Resistência

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Mecanismos de Ação de Inseticidas

Os Mecanismos de Ação são processos bioquímicos e fisiológicos (alvos) alterados pelos inseticidas, podendo ser neurotóxicos, reguladores de crescimento de insetos, inibidores de respiração celular, agonistas e antagonistas, entre outros.

Neurotóxicos

Agem no sistema nervoso dos insetos. Os principais íons envolvidos são Na+, K+ e Cl-.

Atuação na Transmissão Axônica

  • Moduladores de canais de Na+ (Piretroides e DDT): O Na+ continua entrando na célula nervosa, causando impulsos repetitivos, exaustão e morte.
  • Bloqueadores de canais de Na+ (Oxadiazinas): Impedem a abertura dos canais de Na+, logo não ocorre impulso e os insetos morrem por paralisia.

Atuação na Transmissão Sináptica

  • Inibidores da Acetilcolinesterase (Organofosforados e Carbamatos): Há um acúmulo de moléculas de acetilcolina na sinapse, levando à hiperexcitação do sistema nervoso.
  • Agonistas da Acetilcolina (Nicotina, Neonicotinoides, Spinosinas): Atuam como a acetilcolina, porém, ao contrário dela, não são degradados imediatamente. Assim, os impulsos nervosos são transmitidos continuamente, levando à hiperexcitação.
  • Antagonistas da Acetilcolina (Cartap): Bloqueadores dos receptores nicotínicos da acetilcolina, causando a interrupção da transmissão de um impulso nervoso e levando o inseto à paralisia.
  • Agonistas do GABA (Avermectinas e Milbemicinas): Neurotransmissores do GABA. Aumentam a permeabilidade da membrana da célula nervosa para o íon Cl-, ocorrendo bloqueio na transmissão e paralisia do inseto.
  • Antagonistas do GABA (Ciclodienos e Fenilpirazóis): Atuam de maneira contrária à ação do GABA, permitindo a entrada desenfreada do íon Cl-, causando hiperexcitação.
  • Moduladores de Receptores de Rianodina (Diamidas): O produto se liga aos receptores de Rianodina, causando a saída desenfreada de Cálcio, paralisia alimentar e muscular.

Reguladores de Crescimento de Insetos

Os insetos crescem por meio de mudanças de tegumento (Ecdise), comandada por hormônios específicos. As principais vantagens desses reguladores é que não possuem ação de choque, são seletivos aos inimigos naturais e atuam principalmente sobre formas jovens.

  • Inibidores da Síntese de Quitina: As bensoilfenilureias inibem a formação da quitina sintetase. O BUPROFEZIN interfere na deposição de cutícula e afeta o metabolismo de ecdisteroides, enquanto a ciromazina afeta o metabolismo da epiderme, interferindo com o processo de esclerotização da cutícula.
  • Agonistas do Hormônio Juvenil (Juvenoides): O inseto se programa para manter as características jovens, passando para outro instar ao invés da fase de pupa ou adulto. Podem apresentar efeitos sobre a embriogênese e reprodução.
  • Antagonistas do Hormônio Juvenil: Reduzem o nível de HJ durante o desenvolvimento do inseto, provocando injúria ao corpo alado.
  • Agonistas de Ecdisteroides: Provocam aceleração no processo de ecdise.

Inibidores da Respiração Celular

  • Inibidores do Transporte de Elétrons: A rotenona inibe a enzima NADH oxidoredutase da cadeia respiratória, reduzindo os batimentos cardíacos, a respiração e a consequente redução de O2 no organismo.
  • Inibidores da Síntese de ATP: Inibem a fosforilação oxidativa, impedindo a formação de ATP.
  • Inibidores da ATPase: Interferem na respiração celular.

Compostos com Ações Específicas

  • Pimetrozine: Causa bloqueio na alimentação de insetos sugadores, paralisando a glândula salivar dos afídeos.
  • Azadirachtina: Possui ação fagodeterrente e hormonal.
  • Bacillus thuringiensis (BT): As endotoxinas de BT atuam como desintegradores das células epiteliais do mesêntero, exercendo uma alta pressão de seleção a favor de linhagens resistentes de uma determinada praga.

Resistência de Insetos a Inseticidas

Dentre as consequências drásticas da evolução da resistência estão: aplicação mais frequente de pesticidas, aumento na dosagem do produto, uso de misturas indevidas de produtos e substituição por um produto, geralmente de maior toxicidade. Esses fatores comprometem o MIP (Manejo Integrado de Pragas), pois contaminam o meio ambiente, destroem os inimigos naturais e elevam os custos de controle.

Definição de Resistência

É o desenvolvimento de uma habilidade em uma linhagem de um organismo em tolerar doses de tóxicos que seriam letais para a maioria da população normal da mesma espécie. É uma característica hereditária. O processo determinante é a pressão contínua de seleção, ou seja, o uso frequente de um determinado pesticida (evolução Darwiniana).

Tipos de Resistência

  • Resistência Cruzada: Casos em que um único mecanismo de resistência confere resistência a dois ou mais compostos químicos.
  • Resistência Múltipla: Pelo menos dois diferentes mecanismos de resistência coexistem, conferindo resistência a dois ou mais compostos químicos.

Mecanismos de Resistência

Os mecanismos incluem: redução na penetração cuticular do produto, aumento na destoxificação metabólica e redução na sensibilidade do sítio de ação, ou também sequestro do produto em alguns tecidos do organismo, aumento na excreção ou por comportamento.

Fatores que Afetam a Resistência

  • Genéticos: Número de alelos resistentes, frequência e intensidade da resistência, dominância, aptidão relativa dos indivíduos resistentes.
  • Bioecológicos: Número de gerações por ano, taxa de reprodução, modo de reprodução, mobilidade da espécie, hábito alimentar da espécie, etc.
  • Operacionais: Grupo químico, seletividade, formulação, nível de controle, método de aplicação, etc.

Estratégia de Manejo da Resistência

As estratégias são mais efetivas quando implementadas de modo preventivo, no início da evolução da resistência. É importante definir como um determinado produto deve ser utilizado para que a resistência não se torne um problema. Sendo assim, são utilizados três tipos de manejo:

  • Manejo por Moderação

    O objetivo está na redução da pressão de seleção para preservar os indivíduos suscetíveis em uma determinada população (uso de doses reduzidas do defensivo, uso menos frequente de produtos químicos, uso de produtos químicos de baixa persistência, controle em reboleiras, etc.).

  • Manejo por Saturação

    Reduzir o valor adaptativo dos indivíduos resistentes através do uso de sinergistas ou altas dosagens do produto.

  • Manejo por Ataque Múltiplo

    Utilização de dois ou mais produtos em rotação ou mistura.

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