Memória Social: Conceitos e Teorias Fundamentais

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Definição e Conceitos de Memória Social

  • O que é Memória Social?

    R: Memória é o processo de adquirir, armazenar e recuperar informações assimiladas pela mente. A Memória Social é a coletivização desse processo, a essência do conhecimento coletivo e culturalmente conhecido por um determinado grupo em um contexto específico. "Representações sociais referentes ao passado: a imagem do passado é produzida, conservada, elaborada e transmitida por um grupo através das interações dos seus membros."

  • A Memória em Henri Bergson

    R: A memória é um fenômeno que reelabora o passado no presente, "ela prolonga o passado no presente", "é do presente que parte o apelo ao qual a lembrança responde, e é dos elementos sensório-motores da ação presente que a lembrança retira o calor que lhe confere vida". Para Bergson, a lembrança é a "representação de um objeto ausente". Ele distingue duas formas de memória:

    • Memória-hábito: relacionada às necessidades cotidianas, onde o sujeito responde aos estímulos do meio buscando experiências úteis na memória.
    • Memória-recordação (mémoire-souvenir): seletiva, responsável pela retenção de conhecimentos irrepetíveis (palavras ou fatos únicos) devido ao seu significado afetivo, valorativo ou de conhecimento.
  • Pressupostos da Memória Social em Maurice Halbwachs

    R: A memória social, segundo Halbwachs, possui três pressupostos:

    1. Toda memória é social em seus conteúdos, pois recordamos um mundo com a presença de outras pessoas. A memória de um passado é intersubjetiva, compartilhada e recordada conjuntamente. Toda memória individual, em sua gênese, é social, pois ancora-se nas reminiscências e figuras dos outros.
    2. A memória se apoia em "quadros sociais de referência" (les cadres sociaux), como rituais, cerimônias e eventos sociais. O tempo é visto como um quadro social que permite aos indivíduos e grupos constituírem sua memória.
    3. A memória é intersubjetiva porque se baseia na linguagem e na comunicação linguística dentro dos grupos.
  • Modelo Bidimensional da Memória Social de Halbwachs

    R: O modelo é composto por uma função global e uma função grupal.

    • A função global é caracterizada pela nostalgia, o sentimento de que o passado era melhor. É a "idade de ouro", onde as famílias eram mais unidas e a vida social menos violenta.
    • A função grupal se relaciona com as necessidades e interesses atuais dos grupos. A memória coletiva reconstrói o passado, adaptando-o às crenças e necessidades do presente, estabelecendo a identidade grupal e servindo como instrumento político.

Teoria da Memória Social de Bartlett

  • O Conceito de Schema

    R: Bartlett introduziu a noção de schema (esquema) como a estruturação de uma "memória de fatos". Não existiriam memórias específicas armazenadas, mas traços da experiência (esquemas) que se transformam ao serem ativados. As memórias são recriações do passado que geram um sentido de continuidade.

  • Convencionalização Social

    R: A convencionalização social é o processo pelo qual um sistema cultural (texto, imagem, ideia) é transformado ao ser transferido entre grupos, adquirindo uma forma estável e aceita pelo grupo receptor, ajustando-se às suas convenções (usos, costumes, valores, estereótipos). A lembrança se adapta às convenções do grupo.

  • Processos da Convencionalização Social

    R: Bartlett descreve três processos básicos:

    1. Assimilação social: os detalhes do material transmitido são adotados se já correspondem ao patrimônio do grupo.
    2. Simplificação e elaboração: detalhes que se desviam da forma central são excluídos ou simplificados.
    3. Construção social: o material é assimilado como novo elemento cultural e torna-se parte do esquema social do grupo, adquirindo nova forma e integrando novos elementos.

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