Método SCS na Hidrologia Urbana: Dimensionamento de Vazões

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Hidrologia Urbana: Métodos para Dimensionamento de Vazões

Método Soil Conservation Service (SCS)

Origem do Método SCS

  • Departamento de Agricultura (EUA), 1975;
  • Revisado em 1986 (TR-55).

Abordagem do Método SCS

  • Características do solo (permeabilidade);
  • Condição de umidade do solo (chuva antecedente);
  • Característica de uso ou cobertura.

Parâmetros do Método SCS

  • Q = escoamento superficial ou chuva excedente (mm);
  • P = precipitação ou chuva de projeto (mm);
  • Ia = abstração inicial (água retida inicialmente nas depressões da superfície, interceptada pela vegetação, evaporação e infiltração inicial) (mm);
  • S = potencial máximo de retenção após começar o escoamento superficial (mm).

O SCS determinou, empiricamente, que:

Ia = 0,2 S

Equação do Método SCS

Sendo:

S = 25400 / CN - 254

(Quando P é menor que 0,2 S, o valor de Q = 0)

Q = (P - 0,2 S)² / (P + 0,8 S)

Válida quando P ≥ 0,2 S

Permeabilidade do Solo: Grupos SCS

Estudo de 4.000 tipos de solo. Classificação em quatro grupos: A, B, C e D.

Grupo A
  • Solos que produzem baixo escoamento superficial e alta infiltração. Solos arenosos profundos com pouco silte e argila (Tucci, 1993).
  • Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não havendo rocha nem camadas argilosas e nem mesmo densificadas até a profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1% (Porto, 1979 e 1995).
Grupo B
  • Solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos menos profundos do que o tipo A e com permeabilidade superior à média (Tucci, 1993).
  • Solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de terras roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2% e 1,5%. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas até 1,5 m, mas, quase sempre, está presente camada mais densificada que a camada superficial (Porto, 1979 e 1995).
Grupo C
  • Solos que geram escoamento superficial acima da média e com capacidade de infiltração abaixo da média, contendo porcentagem considerável de argila e pouco profundo (Tucci, 1993).
  • Solos barrentos com teor de argila de 20% a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até profundidade de 1,2 m. No caso de terras roxas, esses dois limites máximos podem ser de 40% e 1,5 m. Nota-se, a cerca de 60 cm de profundidade, camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda longe das condições de impermeabilidade (Porto, 1979 e 1995).
Grupo D
  • Solos contendo argilas expansivas e pouco profundos com muito baixa capacidade de infiltração, gerando a maior proporção de escoamento superficial (Tucci, 1993).
  • Solos argilosos (30% a 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50 cm de profundidade. Ou solos arenosos como do Grupo B, mas com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos rolados (Porto, 1979 e 1995).
Capacidade Mínima de Infiltração por Grupo de Solo
Grupo de SoloCapacidade Mínima de Infiltração (mm/h)
A7,62 a 11,43
B3,81 a 7,61
C1,27 a 3,80
D0 a 1,27

Adaptação do Método SCS no Brasil

  • 1979: Primeiros estudos para adaptação dessa abordagem (Setzer, La Laina Porto).
  • Não existe pesquisa que forneça os números CN da curva de runoff.
  • Na região do Alto Tietê, existe estudo geológico dos municípios da região metropolitana de São Paulo.

Condição de Umidade do Solo

Condição do SoloSituação do Solo
IIISolo saturado (precipitações nos últimos 5 dias)
IISolo úmido (tabelas do número CN)
ISolo seco

Característica de Uso e Cobertura do Solo

Valores de CN para Bacias Urbanas e Suburbanas
Utilização ou Cobertura do SoloGrupo de Solos
ABCD
Com relva de 50% a 75% da área49697984
Com relva em mais de 75% da área39617480
Espaços Abertos
Terra72828789
Paralelepípedos76858991
Asfaltadas e com drenagem de Áreas Pavimentadas98989898
Arruamentos e Estradas:
Valores de CN para Bacias Urbanas e Suburbanas (Continuação)
Área do Lote (m²)Média Impermeável (%)Grupo de Solos
ABCD
Zonas Residenciais
Até 5006577859092
10003861758387
13003057728186
20002554708085
40002051687984
Zonas Industriais81889193
Zonas Comerciais e de Escritórios89929495
Ajuste do Número CN por Condição de Umidade
CNCondição ICondição III
654583
705187
755791
806394
857097
907898
958799
100100100
Estimativa do Número CN para Áreas Urbanas

Na área urbana, sempre existe uma parcela do solo que é impermeável. Na área impermeável, o número CN do solo é CN=98. O coeficiente final CNw (CN composto) é a soma composta do coeficiente da área permeável e da área impermeável, com o peso correspondente da fração da área impermeável da seguinte forma (McCuen, 1998):

CNw = CNp x (1 - f) + f x (98)

Sendo:

  • CNw = número CN composto da área urbana em estudo;
  • CNp = número CN da área permeável da bacia em estudo; e
  • f = fração da área impermeável da bacia em estudo.
Exemplo de Cálculo do CN Composto

Para o dimensionamento do piscinão do Pacaembu, o projetista considerou a fração impermeabilizada de 0,55.

Considerando que o solo da região é de tipo B (classificação SCS) e a característica da superfície é de espaço aberto com a presença de relva, de 50% a 75% da área, o valor do CN = 69. Qual o número CN composto da área?

  • CNp = 69
  • f = 0,55

CNw = CNp x (1 - f) + f x (98)

CNw = 69 (1 - 0,55) + 0,55 x 98 = 84,95 ≈ 85

Portanto, o número CN que se poderia usar para o cálculo da chuva excedente na bacia do Pacaembu é CNw = 85.

Áreas Impermeáveis Conectadas e Não Conectadas

Uma área impermeável é conectada quando escoa diretamente para as estruturas de drenagem.

No exemplo do Pacaembu, a fração impermeável total é de 0,55 (100%) e a fração impermeável diretamente conectada é 0,45. Isso significa que 45% da área impermeável escoa diretamente para o sistema de drenagem existente ou projetado, enquanto que os outros 55% da área impermeável escoam sobre uma área permeável.

O escoamento superficial da área impermeável que escoa sobre a área permeável é o que se chama área impermeável não conectada.

Quando a porcentagem da área impermeabilizada total é menor que 30% (somente neste caso), o valor do número CN é corrigido pela equação, a seguir (McCuen, 1998):

CNc = CNp + If (98 - CNp) x (1 - 0,5 R)

Sendo:

  • CNc = número CN ajustado;
  • CNp = número CN da área permeável;
  • If = fração da área impermeável total; e
  • R = fração da área impermeável não conectada.
Exemplo de Cálculo do CN Ajustado

Seja uma bacia em que são fornecidos os seguintes dados:

  • Fração impermeável da bacia If = 0,25. Portanto, 25% da bacia é impermeável (menor que 30%).
  • R = fração da área impermeável que não está conectada = 0,50, isto é, consideramos que 50% da área impermeável escoa sobre área permeável.
  • CNp = 61 (hipotético)

Achar CNc?

CNc = 61 + 0,25 (98 - 61) x (1 - 0,5 x 0,5) = 68

Portanto, o número CN que inicialmente era CN=61 e, como 50% da área impermeabilizada escoa sobre a área permeável, o número CN passou para CN=68.

Limitações do Método SCS

  • O número da curva CN descreve uma situação média e útil em determinados projetos.
  • Usar o número da curva CN sempre com precaução, pois a equação não contém o parâmetro do tempo e não leva em consideração a duração da chuva ou a intensidade da mesma.
  • Deve ser entendido que a aproximação da abstração inicial (Ia) consiste na interceptação inicial, infiltração, armazenamento na superfície, evapotranspiração e outros fatores e que foi obtido em base de dados de bacias rurais. Essa aproximação pode ser especialmente importante em aplicações urbanas devido à combinação de áreas impermeáveis com áreas permeáveis que podem implicar em significativo aumento ou diminuição de perda de água que pode não ser considerada.
  • O número CN não é preciso quando o escoamento superficial é menor que 12,7 mm.
  • Quando o número CN composto achado for menor que 40, use outro procedimento para apurar o escoamento superficial.

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