Metodologia de Projeto e Teorias de Mudança Comportamental
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Fase 0: Pesquisa – O que funciona?
Enquadramento Teórico (Resumido)
1. Revisão de Literatura
- 1.1. Prevalência/epidemiologia do problema (local ou global);
- 1.2. Modelos teóricos/conceptuais explicativos das relações entre os fatores que determinam o comportamento;
- 1.3. Estratégias/métodos/atividades utilizados com eficácia comprovada naquela área/comportamento específico ou afins.
2. Estudos Empíricos: Projetos Semelhantes
Fontes recentes, diversificadas e fidedignas.
Fase 1: Avaliação da Situação Local
Descrição da situação local e explicação da necessidade de intervir; Identificação e definição do problema/carência; População-alvo; Identificação dos recursos e condições; Obtenção de dados quantitativos e qualitativos.
A avaliação das necessidades locais é realizada através de grupos focais, revisões da literatura, entrevistas e questionários.
Fase 2: Planeamento e Formulação do Projeto
- Objetivos Gerais e Específicos;
- Determinantes-alvo (de acordo com o Modelo Teórico/Conceptual selecionado);
- Descrição geral e fundamentação;
- Sensibilidade da comunidade;
- Planeamento: Quais os objetivos e determinantes-alvo do projeto? Que atividades serão desenvolvidas?
Objetivos Gerais: de longo prazo, com efeitos no estado/nível de saúde ou comportamento.
Objetivos Específicos: de curto/médio prazo, com efeitos nos determinantes-alvo (crenças, atitudes, etc.).
Atividades do Programa
Fase 3: Mobilização de Recursos
A Fase 3 é a fase de mobilização de recursos humanos (RH), materiais e financeiros, visando verificar a viabilidade do projeto. O procedimento envolve a análise das forças de campo (forças de resistência vs. forças motoras).
Fase 4: Implementação
Programa do Projeto
- Sensibilização/Divulgação: aos alunos e docentes (Sessão plenária – quanto tempo antes?).
- Atividades.
- Avaliação da adesão (questionário por e-mail);
- Recrutamento.
Fase 5: Monitorização
Avaliação de como o programa está a ser recebido pela população, o grau de adesão e satisfação com as atividades, permitindo ajustamentos ao longo do processo.
Pode ser feita em todas as sessões ou apenas em algumas, e pode ser apenas qualitativa.
Exemplos de Monitorização:
- Avaliação da assiduidade;
- Inquérito de satisfação (escala de Likert);
- Pontos fracos e Pontos fortes (autorrelato).
Fase 6: Avaliação do Impacto do Programa
Êxito: Avaliação pré e pós-intervenção.
Exemplo:
- Questionário de avaliação do nível de Atividade Física (AF).
- Inquérito de satisfação das atividades pontuais.
Considerações Adicionais:
- Orçamento;
- Tempo/Calendarização;
- Necessidade de Continuidade.
Fase 7: Reformulação
Aula 2
Escolas Ativas
Uma abordagem sistemática (abordagem do sistema escolar): recriação, intervenção multifatorial, avaliação e instituição.
- Aulas de Educação Física (EF);
- Outras aulas;
- Desporto Escolar e atividades extraescolares;
- Espaço escolar/exterior;
- Espaço/Comunidade envolvente.
A Escola como elemento de um sistema comunitário.
Aspeto Estrutural: Abordagem Sistemática
Aspeto Funcional: Abordagem Sistémica
Teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano (Bronfenbrenner, 1979): comunidade, escola, família e indivíduo.
Aula 3
O que é o Comportamento?
- Conjunto de reações de um sistema dinâmico em interação com o meio envolvente.
- Os comportamentos são respostas a estímulos internos ou externos, controladas pelo cérebro.
Quais são determinantes e quais são resultados? Perder peso é um resultado. Ter intenção de comer duas peças de fruta é uma determinante.
As intervenções atuam sobre os determinantes/preditores dos comportamentos-alvo, que, por sua vez, deverão conduzir a um determinado resultado.
Os fatores que pretendemos influenciar com as intervenções de modificação comportamental: Determinantes.
Combinação de determinantes → Teorias de Modificação Comportamental.
Determinantes dos comportamentos de saúde: individual, interpessoal, ambiental, políticas nacionais ou regionais e global.
Determinante chave do comportamento: Sistema COM-B
- Capacidade: Aptidão física e psicológica para iniciar mudança comportamental.
- Motivação: Processos deliberados e/ou automáticos que energizam e dirigem o comportamento.
- Oportunidade: Ambiente físico e social que facilita/impede o comportamento.
O peso que cada determinante ou categoria de determinantes tem na explicação da mudança comportamental não é igual em todas as situações e varia de acordo com a complexidade do comportamento-alvo, os grupos-alvo, a fase da intervenção, entre outras características.
Aprendizagem Experiencial: Apresenta uma visão dinâmica da aprendizagem baseada em ciclos de resolução de problemas, alternando fases de ação/reflexão e experiência/abstração.
O ciclo é composto por: experiência concreta, observação reflexiva, conceptualização abstrata, experimentação ativa, e depois volta ao início, ou seja, fazer, refletir, generalizar e aplicar.
Aula 4
Sim, a teoria é importante para ajudar a perceber quais são as prioridades, estruturar e organizar os dados identificados, identificar o que precisa de ser mudado ou melhorado (pensar nos determinantes-alvo) e para ajudar a implementar as melhores estratégias ou metodologias. A teoria permite compreender melhor quais os fatores determinantes da mudança de comportamento e as razões que explicam as variações observadas nos resultados. Ou seja, através das teorias conseguimos perceber quais são as estratégias de intervenções mais eficazes que funcionam nos determinantes.
Teorias da Mudança Comportamental
Principais Modelos Teóricos de Nível Individual/Interpessoal
Modelo das Fases de Mudança / Transteórico
- Padrão cíclico das fases da mudança: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção e recaída.
- Processo: Estratégias Cognitivas (atitudes, crenças, intenções) e Estratégias Comportamentais.
Modelo de Crenças de Saúde
Propõe que a adoção de um comportamento depende da perceção de risco para a saúde e da crença de que esse comportamento é eficaz na redução desse risco. Envolve um equilíbrio entre:
- Suscetibilidade percebida;
- Severidade percebida;
- Barreiras percebidas;
- Benefícios percebidos;
- Pistas para a ação.
Nota: Tem um potencial de mudança de comportamentos de saúde duvidoso quando usado isoladamente.
Teoria do Comportamento Planeado
Defende que a realização de determinado comportamento é primariamente determinada pela intenção do indivíduo em realizá-lo. Determinantes a trabalhar: intenção e atitude.
Teoria Sociocognitiva (Teoria da Autoeficácia)
A modificação de comportamentos é mediada por um mecanismo cognitivo designado de autoeficácia. Alterar um comportamento sedentário implica acreditar que se é capaz de integrar a atividade física no estilo de vida. Crenças pessoais acerca das capacidades para realizar tarefas que levam a um determinado resultado.
Determinantes a trabalhar: expectativas (experiências anteriores, estado emocional, modelagem).
Como Potenciar as Expectativas:
- Os programas de exercício devem proporcionar oportunidades de sucesso – experiências de mestria.
- Observação de modelos (experiências vicariantes) a realizar os comportamentos e vencer dificuldades (modelos comparáveis).
- Encorajar o praticante durante o exercício e fornecer feedback estruturado e positivo regularmente.
- Educar relativamente às respostas fisiológicas ao exercício e como monitorizar/interpretar essas respostas.
Teoria da Autodeterminação (Abordagem Qualitativa)
À luz da Teoria da Autodeterminação, a manutenção da prática de exercício é determinada por fatores relacionados à satisfação das necessidades psicológicas básicas, nomeadamente: autonomia, competência e relacionamento positivo.
- 1. Autonomia: A sensação de escolha e voluntariedade em relação à prática de exercício é crucial. Quando os indivíduos percebem que estão a tomar decisões autónomas em relação ao seu regime de exercício, estão mais propensos a manter esse comportamento. Exemplo: Permitir aos praticantes escolherem entre diferentes tipos de atividades físicas de acordo com as suas preferências pessoais.
- 2. Competência: Sentir-se capaz e competente na execução das atividades físicas é fundamental para a manutenção do exercício. A experiência de sucesso e o desenvolvimento de habilidades são fatores motivacionais. Exemplo: Estabelecer metas progressivas e desafiadoras para que os praticantes possam desenvolver gradualmente as suas habilidades.
- 3. Relacionamento Positivo: Manter um ambiente de apoio social e relações interpessoais positivas relacionadas ao exercício é vital. Sentir-se apoiado e aceite aumenta a motivação intrínseca. Exemplo: Criar grupos de exercício nos quais os participantes se apoiem mutuamente e partilhem experiências positivas.
A Teoria da Autodeterminação afirma que, quando estas necessidades são satisfeitas, os indivíduos são mais propensos a manter comportamentos saudáveis, como a prática regular de exercício, promovendo assim a continuidade ao longo do tempo.
Como Promover a Motivação Saudável (Autónoma):
- Autonomia;
- Competência;
- Relacionamento Positivo.
Compreensão das razões mais profundas para a mudança e da sua possibilidade de integração.
A separação do autónomo vs. controlado não é apenas interno ou externo; há formas de pressão internas.
Motivação Controlada vs. Motivação Autónoma
Motivação Controlada:
- Sem interesse: "Não penso em fazer exercício. Não vejo interesse nisso."
- Pressão exterior: "O meu médico disse-me que tenho de fazer exercício se quero evitar [problemas de saúde]."
- Pressão interior: "Sinto-me muito mal comigo. Tenho de fazer exercício e cuidar do [corpo]."
- Valorização Pessoal: "Faço exercício porque me ajuda a dormir melhor e a sentir com [mais energia]."
- Experiência/Prazer: "Adoro a sensação que tenho ao fazer exercício."
Características da Motivação Controlada:
- Associada a fraca adesão e desistência;
- Pior qualidade de relações pessoais;
- Comportamento associado a uma recompensa;
- Resultados a curto prazo;
- Mal-estar psicológico;
- Não alinhada com aspirações e metas estáveis.
Características da Motivação Autónoma:
- Persistência e mais adesão;
- Melhor qualidade e rendimento;
- Flexibilidade e criatividade;
- Interesse e diversão;
- Saúde mental e bem-estar;
- Saúde física;
- Qualidade de relações pessoais;
- Alinhada com objetivos, razões e significados mais estáveis.
Mudança em Saúde: Fases Diferentes, Alvos Diferentes
- 1. Desejo de iniciar a atividade física: Alvo: Criar a intenção (Cognição).
- 2. Iniciar e manter o novo comportamento: (implementação; confiança e competência; fazer bem; não desistir) Alvo: Passar à ação (Comportamento).
- 3. Nunca mais parar: Alvo: Manutenção (Integração).