Métodos Científicos e Filosóficos: Uma Análise Comparativa

Classificado em Filosofia e Ética

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Método Científico e Método Filosófico

Método Científico

A ciência utiliza métodos específicos para atingir seus objetivos. Podemos classificar esses métodos da seguinte forma:

a) Ciências Formais:

  • Lógica e Matemática.
  • Não se baseiam em objetos observáveis pelos sentidos, mas na forma de pensar.
  • Regidas por princípios internos (universalidade e necessidade).
  • As afirmações são certas e fornecem a base para experimentos no mundo real, expressos em linguagem matemática.
  • Métodos comuns: dedução axiomática, regras de formação e transformação, e teoremas de indução.

b) Ciências Sociais:

  • Sociologia, História, Psicologia, Economia, entre outras.
  • O objeto de estudo são os eventos humanos (com intencionalidade).
  • Duas abordagens metodológicas principais:
    • Método Empírico-Analítico: Aplica a metodologia das ciências naturais às ciências sociais, focando na explicação.
    • Hermenêutica: Considera as ciências sociais como tendo um status diferente, adotando uma metodologia específica de compreensão. Busca uma explicação exaustiva, reconhecendo a interdependência entre explicação e compreensão. Influenciada pela probabilidade.

c) Ciências Empíricas ou Naturais:

  • Física, Química e Biologia.
  • Baseiam-se na observação para obter informações sobre o mundo.
  • Método: Hipotético-dedutivo e indutivo.
  • Etapas:
    1. Observação.
    2. Proposição de hipóteses explicativas.
    3. Dedução das consequências das hipóteses.
    4. Verificação ou falseamento das consequências através de experimentos.
    5. Se verificada, a hipótese pode se tornar uma lei universal (provisória), válida até ser refutada.
  • As leis são organizadas em teorias, que unificam as leis de forma consistente.

Métodos Filosóficos

a) Método Empírico-Racional:

  • Originado com Aristóteles.
  • Afirma a existência de duas fontes de conhecimento: os sentidos (sensível) e a razão (inteligível).
  • Começa com a experiência física e culmina com elaborações intelectuais.
  • Busca o universal e necessário na realidade.

b) Método Empírico:

  • Associado a Locke, Berkeley e Hume.
  • Separa as fontes de conhecimento, priorizando a experiência.
  • A experiência é a fonte e o critério de validade do conhecimento (tanto nas ciências naturais quanto nas sociais).
  • Utiliza o método indutivo na investigação.
  • A razão, por sua vez, é a fonte das ciências exatas, cujas afirmações são verdades da razão, independentes da experiência.

c) Método Racional:

  • Associado a Descartes e à Idade Moderna.
  • Prioriza a razão como fonte de conhecimento.
  • Defende a existência de ideias inatas, claras e evidentes.
  • Combina intuição e dedução, seguindo o modelo matemático.
  • No século XX (Popper e Albert), surge a ideia de que o conhecimento, para ser verdadeiro, deve ser testado criticamente na experiência.

d) Método Transcendental:

  • Associado a Kant, Fichte, Hegel, Apel e Habermas.
  • Foca na razão do sujeito, e não nas coisas.
  • O sujeito transcendental (e não empírico) revela as condições universais e necessárias do conhecimento, da ação e da esperança.
  • Conhecido como "revolução copernicana".
  • O homem possui duas fontes de conhecimento: a sensibilidade e o intelecto.

e) Método Analítico-Linguístico:

  • Surgiu no século XX.
  • Busca esclarecer a linguagem através da análise formal (lógica e semântica) e do uso da linguagem (lógica informal e pragmática).
  • Associado à tradição empirista inglesa.
  • Passou por diversas fases, desde a análise clássica (Moore, Russell e o primeiro Wittgenstein) até o Círculo de Viena (positivismo lógico) e o segundo Wittgenstein, com desenvolvimentos posteriores em escolas como a de Oxford.

f) Método Hermenêutico:

  • Associado a Schleiermacher, Gadamer e Rorty (sem regras fixas) e a Apel e Habermas (normativo).
  • Arte de interpretar e compreender o significado dos textos.
  • Estende-se para além dos textos, abrangendo ações humanas e eventos históricos, que precisam ser interpretados por possuírem um sentido.

A Importância da Filosofia

Em um mundo marcado por mudanças sociais aceleradas e pela valorização do conhecimento positivo, a filosofia se mostra mais necessária do que nunca. Ela nos ajuda a:

  • Definir os fins que podemos e devemos propor racionalmente.
  • Alcançar a dimensão do universal, transcendendo o particular das ciências, sociedades e culturas.
  • Fornecer critérios para a crítica racional, combatendo o dogmatismo.
  • Desenvolver uma atitude reflexiva e argumentativa.
  • Sistematizar o conhecimento, tornando-o inteligível.
  • Integrar todos os conhecimentos e habilidades, buscando a verdade e o sentido da vida humana.

Uma vida sem filosofia é uma vida não examinada.

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