Métodos de Extração e Análise de Flavonoides, Taninos e Saponinas

O Processo de Extração de Flavonoides

A extração dos flavonoides é um processo crucial para isolar e concentrar compostos bioativos presentes em plantas. Os flavonoides são compostos polifenólicos, conhecidos por seu potencial antioxidante, entre outros benefícios para a saúde. Para a extração eficaz, é necessário seguir etapas baseadas na escolha de solventes de polaridade crescente:

1. Primeira Extração (Solvente Apolar): Deve-se utilizar solvente apolar (Ex: óleos, gorduras, esteróis e pigmentos).
2. Segunda Extração (Solvente Moderadamente Polar): Deve-se utilizar um solvente um pouco mais polar (Ex: Clorofórmio e acetato de etila). Nessa fase, serão extraídas agliconas livres pouco polares (flavonas, flavonóis, flavanonas, entre outras).
3. Terceira Extração (Solventes Polares): Deve-se utilizar solventes polares (Ex: acetona, metanol e água). Nessa fase, são extraídas agliconas polihidroxiladas, flavonas e flavonóis mais polares, auronas e chalconas.
4. Quarta Extração (Solventes Polares Fortes): Deve-se utilizar solventes polares (Ex: água quente). Nessa fase, são extraídos heterosídeos mais polares.

Por fim, em meio ácido, poderão ser extraídas antocianidinas.

Diferenciação entre Taninos Condensados e Hidrolisáveis

Taninos Condensados (Figura I)

As moléculas dos taninos condensados são mais resistentes à fragmentação, não possuem moléculas de açúcar na sua estrutura, sendo, por isso, menos polares. Apresentam estrutura polimérica e estão relacionadas com os pigmentos flavonoides.

Taninos Hidrolisáveis (Figura II)

Os taninos hidrolisáveis consistem em ésteres de ácidos gálicos e ácidos glicosilados, formados a partir do chiquimato, onde os grupos hidroxila do açúcar são esterificados com os ácidos fenólicos. Por possuírem açúcar nas suas moléculas, eles são mais polares.

Processo de Extração de Cumarinas

O processo de extração das cumarinas utiliza as seguintes etapas:

1. Adição de Solução Básica (Ex: NaOH): Ao adicionar a solução básica na droga, o anel lactônico irá abrir, e a substância ficará mais polar. Compostos presentes na planta com características polares serão extraídos nessa fase.
2. Adição de Solução Ácida: Ao adicionar a solução ácida, o anel lactônico irá fechar, e a substância ficará mais apolar, tendo maior afinidade com solvente orgânico.
3. Extração com Solvente Apolar: Deve-se adicionar um solvente apolar para extrair a cumarina. Por ser mais apolar, a cumarina terá afinidade com o solvente apolar e, assim, será extraída.

Determinação do Índice Afrosimétrico de Espuma

O Índice Afrosimétrico de Espuma é a determinação da maior diluição em que 1 g de droga é capaz de formar 1 cm de espuma em determinadas condições. Essa técnica é utilizada para estimar a quantidade de saponinas em extratos de uma planta.

As saponinas são caracterizadas por formar espuma estável quando agitadas em soluções aquosas. São compostos não nitrogenados que se dissolvem em água, originando soluções afrógenas (espumantes).

Metodologia da Determinação

Na técnica, são colocados 10 tubos de ensaio numerados de 1 a 10, seguindo a seguinte distribuição:

• Tubo 1: 1 ml do extrato da planta obtido e 9 ml de água.
• Tubo 2: 2 ml do extrato da planta e 8 ml de água.
• ... (e assim sucessivamente com os demais tubos de ensaio)
• Tubo 10: Somente 10 ml do extrato da planta.

Após a preparação, os tubos são agitados energicamente por 15 segundos e, em seguida, são deixados em repouso por 15 minutos. Após esse tempo, com o auxílio de uma régua, é medido em qual tubo se formou uma espuma persistente de aproximadamente 1 cm de altura que não se dissolve com a adição de 1 ml de HCl 2N.

Com o resultado do tubo que formou a espuma persistente, é realizado o cálculo por regra de três simples para estimar a quantidade da droga, e depois, com outra regra de três simples, é possível determinar o índice afrosimétrico de espuma.

Extração de Metabólitos Secundários: Métodos e Aplicações

A extração dos metabólitos secundários é fundamental para a obtenção de compostos bioativos de organismos naturais, como as plantas. O método utilizado deve ser escolhido avaliando a eficiência, a estabilidade da substância a ser extraída, a disponibilidade dos meios e também o custo.

Métodos de Extração a Frio

São processos estáticos ou dinâmicos realizados em temperatura ambiente, sem aquecimento direto.

Maceração (Processo Estático)

A maceração é a operação na qual a matéria-prima vegetal é colocada em recipiente fechado com um líquido extrator (que pode ser água, álcool, vinagre, glicerina, entre outros). Essa mistura permanece em temperatura ambiente, durante um período prolongado (horas ou dias), com agitação ocasional, sem a renovação do líquido extrator.

Percolação (Processo Dinâmico)

A percolação, diferente da maceração, é um processo dinâmico, onde se faz o arrastamento do princípio ativo pela passagem contínua do líquido extrator, levando ao esgotamento da planta através do gotejamento lento do material. A etapa de percolação permite obter soluções extrativas mais concentradas.

Métodos de Extração a Quente

Infusão

Método usado para retirar os princípios ativos da planta através de um leve cozimento. Para isso, é derramada água fervente sobre a matéria-prima vegetal, tampa-se o recipiente e deixa-se em infusão por um período curto de tempo (entre 10 a 20 minutos).

Decocção

Método que consiste em colocar a matéria-prima vegetal num recipiente com água fria e, posteriormente, levar ao fogo para o cozimento, deixando ferver por um período de tempo. Partes mais frágeis da planta ficam em cozimento por cerca de 5 a 10 minutos, e partes mais endurecidas podem ficar em cozimento por cerca de 30 minutos.

Método Soxhlet

Utiliza um sistema que permite a extração de metabólitos através da passagem de um solvente pela amostra. O solvente é evaporado e condensado continuamente, permitindo uma extração mais eficiente.

Método Clevenger

Utilizado para a extração de óleos voláteis. Os óleos voláteis possuem tensão de vapor mais elevada que a água, sendo assim arrastados pelo vapor d'água. Esse método é muito utilizado para extração de plantas frescas.

Outros Métodos de Extração

Método Enfleurage

Técnica milenar para a extração de princípios ativos que não podem ser aquecidos. Pétalas das flores são colocadas sobre uma placa de vidro com gordura, que absorverá o óleo das flores. A gordura é filtrada e destilada. O concentrado oleoso que resulta desse processo é misturado ao álcool e novamente destilado, sendo o produto final o óleo das flores. Esse método obtém uma pequena quantidade de óleo, mas produz grande quantidade de perfume.