Microbiologia em Saúde: Periodontite, Infecções e Biofilme

Periodontite: Microrganismos, Diagnóstico e Relação com Espécies

A periodontite ocorre em surtos não contínuos de atividades. É um processo de inflamação que afeta o periodonto de proteção e sustentação. A destruição do ligamento periodontal é irreversível e formará epitélio juncional após o tratamento.

Principais Microrganismos Envolvidos na Periodontite:

• Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa)
• Tannerella forsythia
• Porphyromonas gingivalis
• Treponema denticola

O Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa) causa doença agressiva localizada, sendo um anaeróbio estrito e gram-negativo. Em pacientes saudáveis, os clones do Aa são antivirulentos, ou seja, não produzem quimiocinas capazes de destruir linfócitos e macrófagos.

Como a microbiota é anfibiôntica, sempre serão considerados os microrganismos que se apresentam em alta concentração no local da infecção. Se houver eliminação do microrganismo e melhora clínica, ele provavelmente era o agente patogênico. Para identificar as espécies relacionadas à periodontite, deve-se solicitar um exame sorológico e medir anticorpos específicos para algumas bactérias do biofilme consideradas patógenos.

Microbiota em Infecções Endodônticas

Uma infecção endodôntica com necrose pulpar é polimicrobiana, onde enzimas hidrolíticas digerem o tecido conjuntivo que antes era coloide, tornando-o um tecido liquefeito. Também ocorre gangrena, que é uma necrose de coagulação com infecção bacteriana. Há o espessamento do ligamento periodontal e lesão periapical como resposta inflamatória do organismo na tentativa de impedir a disseminação da infecção para outros tecidos, recrutando células de defesa. O principal microrganismo envolvido na infecção primária são bactérias gram-negativas anaeróbias estritas, como o Fusobacterium nucleatum.

Sífilis: Agente Etiológico, Diagnóstico e Fases Clínicas

Agente etiológico: Treponema pallidum.

Diagnóstico da Sífilis:

O diagnóstico deve passar primeiro pela suspeita médica (história do paciente, comportamento de risco) durante a anamnese. Após isso, dispõe-se de duas vias para confirmação:

1. Detecção da bactéria na lesão (menos frequente).
2. Teste da presença de anticorpos anti-treponema no sangue.

Fases da Doença:

A doença apresenta três fases:

• Fase Primária: Aparece uma lesão, o cancro duro, com repercussão ganglionar inguinal bilateral e indolor. Evolui para auto-resolução mesmo se não tratada, em cerca de 1 a 2 meses, sem deixar cicatrizes.
• Fase Secundária: Cerca de 2 a 3 meses após, aparecem as lesões generalizadas, que se caracterizam por erupção cutânea generalizada com acometimento palmo-plantar. Caso não tratada, assume caráter sistêmico, evolui cronicamente, com períodos de atividade e latência.
• Fase Terciária: Lesões parenquimatosas, musculoesqueléticas, mucocutâneas progressivas, lesões aórticas ou sintomáticas do sistema nervoso central.

Tratamento: Penicilina.

Biofilme Dental: Composição e Processo de Formação

O biofilme dental é uma comunidade microbiana composta por espécies distintas ou não, aderidas a uma superfície sólida e embebida em uma matriz extracelular intermicrobiana de componentes orgânicos e inorgânicos, principalmente polissacarídeos.

Processo de Formação do Biofilme:

1. Película Adquirida: Primeiramente, há a formação da película adquirida, que consiste em glicoproteínas da saliva que se aderem ao esmalte dental.
2. Adesão Bacteriana Inicial: Tanto essa película quanto as bactérias possuem carga negativa. Porém, na saliva, há a presença de cálcio e fosfato (íons positivos) que formam pontes, ligando as bactérias à película.
3. Interação Específica: Ocorre uma segunda interação específica, onde apenas bactérias que possuem receptores para glicoproteínas aderem-se de forma covalente à película.
4. Multiplicação e Monocamada: As bactérias se multiplicam e formam uma monocamada.
5. Adesão de Outros Microrganismos: Receptores nos cocos e bastonetes permitem a aderência de microrganismos gram-negativos que não aderem diretamente à película.