Microbiota Oral: Colonização, Composição e Doenças

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A colonização do corpo humano tem início no momento do nascimento. O indivíduo entra em contato, de forma fortuita, com microrganismos presentes no canal do parto e no ambiente. A seguir, microrganismos passam a ser introduzidos também com os alimentos. Fatores que influenciam a composição inicial da microbiota incluem:

  • Via de parto (passagem pelo canal vaginal ou cesariana);
  • Dieta (leite materno ou fórmula);
  • Características do ambiente, como condições sanitárias ou exposição à microbiota hospitalar3,5.

Os microrganismos pioneiros criam um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, dificultando a colonização por microrganismos introduzidos posteriormente no ecossistema, razão pela qual a colonização inicial é relevante para a composição da microbiota indígena5. Geralmente, ocorre uma sucessão ordenada, específica para cada local, de aquisição e eliminação de microrganismos, até a formação de uma comunidade clímax, ou seja, uma coleção estável de organismos adaptados a determinado ecossistema. De acordo com diversos autores, depois de algumas semanas de vida, a microbiota torna-se semelhante àquela dos adultos2.

Microbiota da Cavidade Oral

A presença de nutrientes, restos de células epiteliais e secreções faz da cavidade oral um local favorável para a multiplicação de uma grande variedade de bactérias20.

A microbiota oral de seres humanos é composta por mais de 500 táxons bacterianos, além de fungos e protozoários. Sua distribuição varia de acordo com as características de cada habitat e sofre variações ao longo da vida, relacionadas, entre outros fatores, à presença do elemento dental29.

As espécies pioneiras na microbiota oral são, geralmente, estreptococos, especialmente Streptococcus mitis, Streptococcus oralis e Streptococcus salivarius. Nos primeiros anos de vida, a microbiota oral é constituída, principalmente, por Streptococcus, Neisseria, Veillonella e Staphylococcus. Streptococcus sanguis e Streptococcus mutans colonizam a cavidade oral após a erupção dos dentes. Em idosos, as mudanças incluem aumento da proporção de estafilococos e lactobacilos, após os setenta anos, e de C. albicans, na nona década de vida.

Estreptococos constituem o principal habitante da mucosa oral. A distribuição varia conforme o local:

  • Mucosa oral: Predominância de S. oralis e S. sanguis.
  • Língua: S. salivarius, S. mitis e Veillonella são os grupos bacterianos predominantes.

Formação de Biofilme e Placa Dental

Muitos microrganismos colonizam os dentes, formando um biofilme conhecido como placa dental. Após a escovação, ocorre a deposição de um filme acelular de natureza proteica na superfície dos dentes. Duas a quatro horas após, bactérias colonizam esta película. Os microrganismos pioneiros são, principalmente, S. sanguis, S. oralis e S. mitis. Diversas interações bacterianas, incluindo coagregação, produção de substâncias antimicrobianas e cadeias de produção de alimento, aumentam a diversidade da comunidade bacteriana. O consumo de oxigênio por espécies anaeróbias facultativas favorece a colonização por anaeróbios estritos, como Fusobacterium, Prevotella, Bacteroides e espiroquetas. A complexidade da microbiota aumenta até que uma comunidade clímax se estabeleça.

Associação com Doenças

Os componentes da microbiota oral podem estar associados a doenças infecciosas, geralmente de natureza polimicrobiana, tanto na cavidade oral (cárie e doenças periodontais) quanto em outros sítios do organismo, entre eles, osso, pulmão e cérebro.

Além disso, estreptococos podem ser introduzidos na circulação sanguínea durante procedimentos odontológicos. Se isso ocorrer em indivíduos com válvulas cardíacas lesadas, os estreptococos podem aderir às válvulas danificadas e iniciar endocardite bacteriana subaguda.

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