Modelo SOC de Baltes: Otimização no Ciclo de Vida
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Teoria de Enfoque no Ciclo de Vida
Modelo de Seleção, Otimização e Compensação (SOC) – Baltes – Não estuda o envelhecimento, mas sim as mudanças ao longo de todo o desenvolvimento. O desenvolvimento humano não é apenas influenciado por fatores biológicos, mas também por fatores históricos, culturais e sociais (relação dinâmica).
Nós desenvolvemo-nos ao longo de toda a vida; o desenvolvimento está relacionado com exigências e oportunidades ao longo da vida.
Existem períodos mais sensíveis, contudo, todos os períodos são importantes em termos de desenvolvimento.
Este é um meta-modelo de desenvolvimento bem-sucedido que explica as adaptações que os indivíduos produzem ao longo da sua vida em resposta às mudanças e alterações inerentes ao processo de envelhecimento.
É um modelo de desenvolvimento humano que integra todas as fases do ciclo de vida, não se circunscrevendo somente à idade adulta avançada.
Baltes e Baltes (1990) perspetivam o envelhecimento bem-sucedido como a capacidade do indivíduo em adaptar-se positivamente às mudanças relacionadas com o avançar da idade, mediante a utilização de mecanismos de adaptação e de estratégias de coping ajustadas.
Este modelo psicológico de desenvolvimento bem-sucedido conceptualiza, assim, três processos centrais mediante os quais os indivíduos procuram alcançar os seus objetivos no decorrer da vida:
- Seleção
- Otimização
- Compensação
Seleção – Promove um desenvolvimento saudável
À medida que envelhece e vê as suas capacidades a sofrerem um declínio, a pessoa seleciona objetivos pessoais nos quais deseja continuar a envolver-se, seja em função das prioridades que, entretanto, fixou para a sua vida, seja em função das suas capacidades e motivações, seja em função das exigências que o ambiente lhe coloca.
Destina-se a dar direção ao comportamento e relaciona-se com o processo de seleção de objetivos.
O modelo distingue duas formas de seleção que servem diferentes funções reguladoras:
- Seleção Eletiva: Envolve a seleção de objetivos dirigidos para a aquisição de níveis mais elevados de funcionalidade e desempenho – Ex.: Eu só corro 2 km, mas quero correr na próxima meia maratona, então vou trabalhar para isso.
- Seleção Baseada nas Perdas: Envolve mudar os objetivos ou o sistema de objetivos em resposta a perdas ou incapacidades. Por exemplo, o indivíduo pode ser forçado a mudar determinado objetivo, em função da perda de um recurso interno (ex.: audição) ou externo (ex.: capacidade económica) – Ex: Eu não tenho dinheiro, então vou fazer uma viagem mais económica.
É importante sabermos quando podemos estabelecer objetivos para além das nossas capacidades e quando podemos estabelecer objetivos baseados naquilo que perdemos.
Otimização – Está ligada à seleção eletiva – treino e prática
Nesses objetivos pessoais selecionados (por exemplo, praticar um desporto, exercer voluntariado, frequentar uma «universidade sénior»), a pessoa procura otimizar as suas capacidades, colocando em ação aquelas que se revelam mais interessantes sob o ponto de vista adaptativo e que lhe permitam manter a congruência entre os seus objetivos, interesses e desejos e as ações concretas que realiza.
A prática é considerada um fator chave neste processo de otimização: à medida que o indivíduo se torna mais familiar com uma determinada tarefa e com as competências que são necessárias para a executar, a sua mestria e eficácia na execução dessa tarefa também aumentam. Deste modo, ex-atletas e bailarinos podem, por exemplo, tornar-se treinadores e professores de dança, respetivamente.
Compensação
Finalmente, sempre que tal se revele necessário, a pessoa procede a compensações, de natureza técnica ou de natureza comportamental.
Refere-se à regulação das perdas ocorridas no desenvolvimento.
Envolve:
- Os esforços do indivíduo para manter um determinado nível de funcionalidade;
- A modificação de algumas das competências utilizadas no desempenho de algumas tarefas;
- A transferência de competências já exercitadas noutro domínio para a tarefa atual;
- A ajuda de outros na execução da tarefa num esforço de equipa.
Permite ao indivíduo continuar a envolver-se em atividades relevantes para si, que antes teria que abandonar.
O uso de aparelhos auditivos, óculos, agendas e calendários, por exemplo, são vistos como estratégias de compensação.