Monarquia Absoluta: Poder, Corte e Absolutismo Joanino
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Características do Poder Absoluto
O Antigo Regime caracterizou-se, a nível político, pelo sistema de monarquia absoluta, que atingiu o seu expoente máximo nos séculos XVII e XVIII. Segundo Bossuet, clérigo e teórico do absolutismo, o poder real possuía quatro características fundamentais:
- Sagrado: porque provém de Deus, exigindo respeito e o seu uso para o bem público.
- Paternal: pois o Rei era visto como o "Pai do Povo".
- Absoluto: pois o monarca concentrava em si todos os poderes do Estado.
- Submetido à razão: o rei deveria possuir uma perceção superior e agir com diplomacia para promover a felicidade do povo.
O Papel da Corte no Regime Absolutista
Na monarquia absoluta, o rei utilizava a vida na corte para mais facilmente controlar a nobreza e o clero. A sociedade da corte, grupo que rodeava o rei, estava sob constante vigilância deste. Em França, o Palácio de Versalhes era o epicentro da vida cortesã, residência do rei e da alta nobreza. Este palácio funcionava como centro de governação, palco de ostentação do poder real e instrumento de controlo das ordens privilegiadas.
A Encenação do Poder Real
Os atos quotidianos do rei eram ritualizados e "encenados" para endeusar a sua figura e submeter as ordens sociais. Cada gesto possuía um significado social ou político, e, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um simples sorriso ou um olhar reprovador do monarca assumiam um significado político, funcionando como recompensa ou punição para determinada pessoa. Norbert Elias descreveu de forma magnífica o cerimonial do despertar do rei Luís XIV, conhecido como "entradas", pelo qual o Rei Sol impunha uma hierarquia rigorosa à corte.
O Absolutismo Joanino em Portugal
D. João V ascendeu ao trono em 1706. O seu reinado foi um período economicamente favorável para Portugal, marcado pela paz e pela abundância de ouro e diamantes provenientes do Brasil. Contemporâneo do reinado de Luís XIV de França, D. João V procurou imitar o modelo absolutista francês, o que se manifestou em diversas ações:
- Subordinação das ordens sociais: evidenciada, por exemplo, na recusa em convocar as Cortes.
- Controlo pessoal da administração pública.
- Exaltação da figura régia: através do luxo, da etiqueta e de uma política de grandes construções, como o Palácio-Convento de Mafra, obra que se tornou o símbolo do seu reinado.
- Política externa: busca pela paz e neutralidade em conflitos externos, salvaguardando os interesses comerciais portugueses.
- Mecenato cultural: apoio às artes e às letras, com a criação, por exemplo, da Biblioteca da Universidade de Coimbra e da Real Academia de História.
- Generosidade régia: distribuição de moedas de ouro à população, o que lhe valeu o cognome de "o Magnânimo", ou seja, generoso.
- Diplomacia ostentosa: envio de embaixadas faustosas para representar Portugal diplomaticamente no mundo, destacando-se, pela sumptuosidade, a de 1709 ao Papa.