Mudanças Climáticas: Passado, Presente e Futuro
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Mudanças Climáticas Passadas
A) Variação Climática da Terra Antes do Quaternário
Sabemos que, desde o início da história da Terra, a distribuição dos mares era diferente, o que teve um impacto indiscutível sobre o clima. A existência de um supercontinente chamado Pangeia teria restringido as correntes oceânicas, impedindo-as de atingir latitudes médias e altas, resultando em temperaturas muito baixas e idades do gelo. Isso explicaria a glaciação pré-cambriana e a glaciação carbonífera, que correspondem, respetivamente, a Pangeia I e II.
No entanto, no tempo decorrido entre as duas, houve a fragmentação da Pangeia I, o que permitiu uma intensa circulação das correntes oceânicas. Como resultado, as temperaturas médias durante o Paleozóico foram mais elevadas do que as atuais. Além disso, os continentes têm uma maior amplitude térmica. No inverno, o ar frio e denso causa um anticiclone permanente. Nestes anticiclones, o vento frio e seco move-se do interior para as bordas, tornando o clima árido e desértico. Foi o que aconteceu durante o Permiano, com o deserto a influenciar o grande anticiclone formado sobre o supercontinente Pangeia II.
Durante o Mesozóico e o Terciário, a temperatura subiu ainda mais, especialmente no Jurássico e no Cretáceo, quando Pangeia II se dividiu, tornando o clima favorável ao desenvolvimento de grandes répteis. No final do Mesozóico, ocorreu a extinção dos dinossauros, aparentemente devido ao impacto de um meteorito.
B) Variações de Temperatura Durante o Quaternário
Desde o início do Quaternário até o presente, a distribuição de terras e mares pouco mudou. A explicação para as variações climáticas reside nas mudanças na radiação solar incidente, causadas pelos ciclos de Milankovitch. Nos últimos 800.000 anos, a Terra passou por períodos glaciais de cerca de 100.000 anos, separados por períodos interglaciais de aproximadamente 10.000 anos. A existência destes períodos glaciais foi estudada a partir da análise de bolhas de ar presas no gelo. Demonstrou-se que, durante os períodos de arrefecimento, o ar continha uma menor proporção de CO2.
C) Mudanças de Temperatura Durante o Passado Histórico
Há aproximadamente 10.000 anos, terminou a última glaciação do Quaternário e começou o período interglacial quente atual. O chamado "ótimo climático" ocorreu durante o Holoceno, com temperaturas 2 a 3 graus mais elevadas do que as atuais. Após este período, houve uma alternância de períodos quentes e frios, culminando entre 1000 e 1200 d.C. com o "Período Quente Medieval" (MWP), que permitiu a exploração Viking no Atlântico Norte.
Depois, houve um período de arrefecimento mais acentuado, a "Pequena Idade do Gelo" (entre 1200 e 1900 d.C.), com um avanço do gelo polar. As manchas solares, áreas escuras na superfície solar, aumentam em número para atingir um máximo a cada 11 anos, aproximadamente. A intensidade da radiação solar incidente na Terra é, em média, 1370 W/m2, e o máximo pode aumentar em 1,2 W/m2 durante os picos de manchas solares. O número total de manchas solares varia em ciclos de 80 e 180 anos, influenciando as variações térmicas. Uma diminuição no número máximo de manchas solares, como na Pequena Idade do Gelo, pode levar ao congelamento do Ártico e a um anticiclone polar mais forte.
As Alterações Climáticas e o Futuro
O aquecimento global é um problema grave e global. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, no Rio de Janeiro em 1992, destacou a responsabilidade das emissões de gases de efeito estufa (GEE) causadas pelas atividades humanas no aumento da temperatura média da Terra. Concluiu-se que, se os países em desenvolvimento seguirem o nosso modelo de exploração descontrolada, as emissões de GEE dispararão.
A concentração atmosférica de CO2 permaneceu em torno de 280 ppm durante milhares de anos, mas, desde a Revolução Industrial, aumentou para 370 ppm em 2007. O CO2 é o principal responsável, mas não o único: metano, óxido nitroso, e os gases fluorados (HFCs, PFCs e SF6) também contribuem. Segundo o quarto relatório do IPCC (2007), as previsões são:
- O derretimento do gelo diminuirá o albedo, aumentando ainda mais as temperaturas.
- Haverá um aumento perigoso de icebergs.
- As zonas climáticas deslocar-se-ão em direção aos polos, a uma taxa de cerca de 5 km/ano, causando mudanças nos ecossistemas subtropicais e o avanço dos desertos.
- Alterações no ciclo da água e redução da sua qualidade.
- Problemas de saúde devido à fome e a doenças resultantes da redução das colheitas.
Acordos Internacionais
Na COP3, em 1997, foi assinado o Protocolo de Quioto, um primeiro passo para reduzir as emissões de GEE. Nas cimeiras seguintes, foram delineados três mecanismos de flexibilização:
- Comércio de emissões: Um país pode comprar direitos de emissão de outro, para atingir os seus objetivos.
- Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): Países desenvolvidos podem promover e investir em projetos limpos em países em desenvolvimento.
- Inclusão de sumidouros de carbono: Parte das emissões pode ser compensada pelo plantio de árvores e outras plantas que absorvem CO2.
Na Cimeira de Nairobi (2006) e na Cimeira de Bali (2007) foram feitos progressos. Um relatório da Agência Europeia do Ambiente (2008) indicava que a UE pretendia não só cumprir o seu compromisso de reduzir as emissões de GEE em 8%, mas superá-lo, atingindo mais de 11%. Este valor poderia ser alcançado incluindo sumidouros de carbono e créditos. A Espanha, no entanto, apresenta um dos piores desempenhos em termos de emissões e prevê-se que seja um dos países mais afetados pelas alterações climáticas. Para evitar isso, é necessária vontade política para investir em energias renováveis.