Multideterminação do Humano: Mitos e Realidade

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Multideterminação do Humano: Uma Visão em Psicologia

Crescimento, Maturação e Influência do Meio

  • Crescimento orgânico: Refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam.
  • Maturação neurofisiológica: É o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação.
  • Meio: O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade.

Capítulo 11 - A Multideterminação do Humano

Os Mitos Sobre a Natureza Humana

Bleger, em seu livro Psicologia da Conduta, sistematiza pelo menos três mitos filosóficos que influenciaram as ciências humanas em geral e a Psicologia em particular, e que apresentam a ideia de que o homem nasce pronto.

  • O Mito do Homem Natural: Concebe o homem como possuidor de uma essência original que o caracteriza como bom, possuindo qualidades que, por influência da organização social, se manifestariam, perderiam ou modificariam. Isto é, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.
  • O Mito do Homem Isolado: Supõe o homem como, originária e primitivamente, um ser isolado, não social, que desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos. O que Le Bon, um dos pioneiros da Psicologia Social, denominou instinto gregário. Sem esse instinto, o homem não conseguiria relacionar-se com seus semelhantes, e seria impossível a formação da sociedade.
  • O Mito do Homem Abstrato: Nessa concepção, o homem surge como um ser cujas características independem das situações de vida. O homem é estudado como o “homem em geral”, e seus atributos ou propriedades passam a ser apresentados como universais, independentes do momento histórico e tipo de sociedade em que se insere e das relações que vive.

Sob o nosso ponto de vista, o homem não pode ser concebido como ser natural, porque ele é um produto histórico, nem pode ser estudado como ser isolado, porque ele se torna humano em função de ser social, nem ser concebido como ser abstrato, porque o homem é o conjunto de suas relações sociais.

Quem é o Homem?

A concepção de homem que fundamenta este livro:

O Homem é um Ser Sócio-Histórico

  • A primeira coisa que podemos dizer sobre o homem é que ele pertence a uma espécie animal — Homo sapiens. Todos nós dependemos dos genes que recebemos de nossos ancestrais para formar nosso corpo, obedecendo às características de nossa espécie.
  • No entanto, a Biologia já nos ensinou que os genes se manifestam sob determinadas condições ambientais (físicas e sociais). Experiências demonstram que peixes com determinado gene para cor de olho, quando nascidos em um meio experimental distinto de seu meio natural, apresentam olhos de outra cor.
  • Temos, portanto, um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, têm como resultado um ser específico, individual e particular.
  • Se você pensar nas coisas que sabe fazer — escovar os dentes, comer com talheres, beber água no copo, jogar futebol e videogame, escrever, ler este texto, discuti-lo —, compreenderá que nossas aptidões, nosso saber-fazer, não são transmitidos por hereditariedade biológica, mas adquiridos no decorrer da vida, por um processo de apropriação da cultura criado pelas gerações precedentes.

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