A Narrativa Espanhola Pós-1970: Autores e Tendências

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Introdução

A partir da década de 70, a narrativa se afasta do experimentalismo e do simples jogo literário. Há um retorno ao interesse pela história, pelo argumento, pela intriga, mas não ao realismo típico da narrativa do século XIX, nem ao realismo social.

As novelas (romances) de hoje são devedoras, tanto em recursos e procedimentos técnicos, da renovação da narrativa dos anos sessenta, quanto das diversas tradições mais romanescas do nosso século: suspense, aventura. Quase nenhum gênero esteve ausente do romance em espanhol nos últimos anos: histórias de amor, aventura, policial, fantasia, thriller psicológico, romances históricos, relatos autobiográficos, etc.

O início da nova virada é marcado por A Verdade Sobre o Caso Savolta (1975). A partir da vasta lista de autores, entre eles estão:

  • Eduardo Mendoza. Em 1975, seu primeiro romance, A Verdade Sobre o Caso Savolta, é publicado e o lança para a fama. A obra narra habilmente a cena das lutas trabalhistas do início do século XX, mostrando o desenvolvimento social, cultural e econômico de Barcelona na época. Na obra de Mendoza incluem-se O Mistério da Cripta Assombrada (1979), O Labirinto das Azeitonas (1982) e A Aventura do Toucador de Senhoras (2001). Provavelmente seu romance mais aclamado é A Cidade das Maravilhas (1986), que mostra a evolução social e urbana de Barcelona entre as duas exposições de 1888 e 1929.
  • Javier Marías. Sua consagração como romancista veio com Coração Tão Branco, provavelmente sua melhor obra, traduzida para dezenas de idiomas e um grande sucesso na Alemanha e na França. Seu romance seguinte, publicado em 1994, Amanhã na Batalha Pensa em Mim (título retirado de versos de Shakespeare, assim como Coração Tão Branco), foi agraciado com prêmios na Europa e América.
  • Manuel Vázquez Montalbán. Em 1974, o escritor desenvolveu uma série de romances realistas, uma crônica da Espanha contemporânea vista através dos olhos de um personagem que alcançou fama internacional, o detetive Pepe Carvalho, que alçaria o autor a um dos topos do thriller mundial. Há sempre uma referência gastronômica, com algumas receitas memoráveis em todos os seus romances.
  • Juan José Millás. Suas obras mais importantes são: Cérbero é a Sombra (1972), Visão do Afogado (1977), O Jardim Vazio (1981), Papel Molhado (1983), Carta Morta (1984), A Desordem em Seu Nome (1988), Esta Foi a Solidão (1990), Primavera de Luto (1992), Ela Imagina (1994), Tonto, Morto, Bastardo e Invisível (1995), Algo Que Lhe Diz Respeito (1995), Trilogia da Solidão (1997).
  • Antonio Muñoz Molina. Seu primeiro romance, Beatus Ille, foi publicado em 1986. Em 1987, ganhou o Prêmio da Crítica e o Prêmio Nacional de Ficção por Inverno em Lisboa e, em 1991, o Prêmio Planeta por O Piloto Polonês. Outros destaques são Beltenebros (1989), um romance de amor, intrigas e do submundo madrileno com implicações da política do pós-guerra; Os Mistérios de Madrid (1992); O Dono do Segredo (1994) e Lua Cheia (1997). No outono de 2009, publicou seu romance A Noite do Tempo.
  • Arturo Pérez-Reverte. Arturo Pérez-Reverte foi correspondente de guerra por 20 anos e é autor, entre outros romances, de O Hússar, O Mestre de Esgrima, A Tábua de Flandres, O Clube Dumas, Território Comanche, A Pele do Tambor, A Carta Esférica, A Rainha do Sul e Cabo Trafalgar, e da série histórica As Aventuras do Capitão Alatriste.
  • Francisco Umbral. Jornalista e escritor de sucesso, colaborou com vários jornais e revistas, sendo uma figura influente na vida espanhola. De sua vasta produção literária destacam-se: Memórias de um Menino de Direita (1972), Ninfas (1975), A Noite em Que Cheguei ao Café Gijón (1977), Trilogia de Madrid (1984) e Lenda do César Visionário (1992). O personagem-título desta última obra inaugura uma série que, à semelhança dos Episódios Nacionais de Pérez Galdós, aborda alguns dos principais eventos da história contemporânea e da política espanhola.
  • Rosa Montero. Com o seu romance A Filha do Canibal, sua primeira incursão como escritora, venceu o Prêmio Primavera em 1997. É uma das autoras mais lidas do nosso tempo. Crônica do Desamor (1979), A Função Delta (1981) e Eu a Tratarei Como Uma Rainha (1983) são algumas de suas obras.
  • Maruja Torres. Suas obras abordam o inconformismo. Ela buscou viver de maneira diferente, para além do tradicional ou convencional. Maruja Torres venceu o Prêmio Estrangeiro de Literatura por Um Calor Tão Perto em 1998 e o Prêmio Planeta por Enquanto Vivemos em 2000, uma obra na qual ela descreve a mudança de geração ocorrida na Espanha e como as novas mulheres foram capazes de formar um ambiente menos opressivo. Outras obras de destaque incluem: Mulheres na Guerra (1999), Amor América (1993) ou A Cegueira do Amor (1991).
  • Almudena Grandes. Tornou-se conhecida no mundo literário por As Idades de Lulú, prosa erótica que recebeu um prêmio em 1989. Obras notáveis incluem Malena é um Nome de Tango (1994) e Atlas de Geografia Humana (1998). Grandes afirma ser escritora por engano e acredita que o importante para o escritor não são apenas os prêmios literários, mas os leitores.
  • Carmen Posadas. Prêmio Planeta em 1998 por Pequenas Ofensas. Nascida no Uruguai em 1953, mas passou a vida inteira vivendo na Espanha. Antes de se dedicar à literatura infantil, escreveu romances, roteiros e trabalhou em jornais. Nos anos noventa, explorou todos os gêneros: peças, contos, romances e ensaios. Outros prêmios em seu currículo incluem o de literatura infantil por O Senhor Vento Norte (1984).
  • Soledad Puértolas. Vencedora do Prêmio Sésamo em 1979 com A Dupla de Bandidos Armados, o Prêmio Planeta 1989 por Passar a Noite, e o Prêmio Anagrama de Ensaio de 1993 com Vida Oculta.
  • Dulce Chacón. Em 1996, publicou seu primeiro romance, Algum Amor Para Não Matar. Com Lama do Céu, ganhou o prestigioso Prêmio Azorín de Novela em 2000. Seu último romance publicado foi A Voz Adormecida, concedido pelo Sindicato de Livreiros de Madrid como Livro do Ano de 2003.

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