A Natureza do Conhecimento Científico e os Métodos de Popper
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A Natureza Aproximada do Conhecimento Científico
As novas descobertas científicas, concretamente na física do início do século XX, vieram mostrar a impossibilidade de um conhecimento absoluto da realidade. Tão-somente é possível um conhecimento aproximado. Este conhecimento é aproximado por duas razões:
A primeira diz respeito à extrema complexidade da realidade que se quer conhecer.
A segunda diz respeito à própria imagem do cientista, que já não é visto como um sujeito imparcial e rígido, mas sim como um indivíduo com uma história pessoal que irá influenciar os seus atos científicos.
Além disso, a ciência perde o seu estatuto quase divino de tudo conhecer e de tudo resolver, pois, a partir do século XX, os mistérios avolumam-se e a ciência não consegue dar resposta a todos eles.
A Objetividade na Ciência
A objetividade possível significa aquele conhecimento obtido de forma rigorosa e que é reconhecido pela comunidade científica existente numa determinada época, sabendo-se que pode vir a ser substituído por um novo conhecimento e, consequentemente, por uma nova objetividade.
Karl Popper e o Princípio da Falsificabilidade
O Princípio da Falsificabilidade
O princípio da falsificabilidade constitui uma inovação relativamente ao método científico. Falsificar as hipóteses ou teorias significa procurar na experiência factos que as desmintam, em vez de procurar factos que apoiem a teoria.
Segundo Popper, o valor científico de uma teoria está na sua resistência a ser refutada. Isto significa que, se uma teoria resistir às tentativas mais sérias de a desmentir, ou seja, de a falsificar, essa teoria é chamada de teoria corroborada. Esta palavra significa apenas que a teoria será aceite provisoriamente pela comunidade científica, devendo esta continuar a submetê-la permanentemente à prova.
Uma teoria científica, consequentemente, é sempre uma conjetura. Daí que a ciência deva ser concebida como uma sequência de tentativas para solucionar determinados problemas, fazendo da falsificabilidade o critério de demarcação entre uma ciência e uma pseudociência. Portanto, quanto mais uma teoria se prestar ou estiver disponível a ser desmentida, mais científica ela é.
Esta definição de ciência desmarca-se da posição positivista que considerava a experiência como uma verificação ou comprovação das hipóteses. Deste modo, a experiência deveria fazer tudo para comprovar a hipótese e não desmenti-la.
Por isso, ao princípio da verificabilidade opõe-se outro princípio, que é o da falsificabilidade.
À teoria ou lei científica contrapõe-se a teoria como conjetura.
Karl Popper: Crítica ao Método Indutivo
Karl Popper critica o método indutivo, chegando mesmo a rejeitá-lo por considerar não haver justificação lógica para as inferências indutivas.
Assim, considera incorreto inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente do número destes últimos. Portanto, qualquer conclusão obtida pela indução pode sempre revelar-se falsa.
O famoso exemplo dos cisnes brancos que se possam observar, nada justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.
Métodos Científicos: Indutivo vs. Hipotético-Dedutivo
O Método Científico
Para conhecermos cientificamente a natureza e as leis a que obedece o seu funcionamento, temos de fazê-lo de acordo com procedimentos regulares claramente definidos, a que damos o nome de método. O método é responsável pela eficácia da investigação e pela credibilidade dos resultados da investigação. É um dos critérios que permite distinguir o conhecimento científico do não científico.
O Método Indutivo
O Método Indutivo consiste em procedimentos metodológicos que, partindo dos factos, permitem formular teorias com base em dados de observação. Começou a ser utilizado por Bacon, tendo grande aplicação nas ciências experimentais.
Etapas do Método Indutivo:
- Observação científica – imparcial e rigorosa, os dados são medidos e registados com a máxima precisão e rigor;
- Formulação de uma hipótese – análise e interpretação dos factos observados, solução para o problema que se está a investigar;
- Experimentação – verificação da hipótese, visando confirmá-la ou rejeitá-la, transformando a hipótese em lei científica;
- Generalização – com base nessa lei, é possível prever o que pode acontecer no futuro.
Estes métodos partem de dados de observação e, uma vez confirmados, transformam-se em leis aplicáveis a todos os fenómenos do mesmo tipo. O método indutivo é associado às ciências naturais, constituindo-se como um modelo a seguir por todas as ciências.
O Método Hipotético-Dedutivo
Definido por Galileu, o modelo hipotético-dedutivo sustenta que as hipóteses são propostas livremente para melhor explicar os fenómenos da Natureza.