Natureza, Cultura, Crenças e Conhecimento: Uma Análise

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Natureza e Cultura

No sentido antropológico, somos todos seres culturais, produtores de obras materiais e de pensamento. No sentido restrito, refere-se especificamente à produção intelectual das artes, das letras e de outras manifestações intelectuais. A cultura exprime as variadas formas pelas quais se estabelecem as relações entre os indivíduos, entre os grupos e destes com a natureza.

O trabalho é a ação transformadora da realidade, dirigida por finalidades conscientes, a resposta aos desafios da natureza, na luta pela sobrevivência.

Educação é um processo de atuação de uma comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa atuar em uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objetivos coletivos.

Resumindo, podemos dizer que a cultura é tudo que o homem faz e dá origem ao trabalho, ou seja, evolui e influencia em todo processo educativo.

As necessidades básicas dos seres humanos não se expressam de modo estritamente biológico, mas estão carregadas do sentido cultural atribuído pela comunidade. Além disso, o ato humano é consciente da finalidade, ou seja, o ato existe primeiro como pensamento, como possibilidade, e a execução resulta da escolha dos meios necessários para atingir os fins propostos.

Diferentemente do ser humano, a atividade dos animais é determinada por condições biológicas que lhes permitem adaptar-se ao meio em que vivem. Desse modo, não têm liberdade para agir em desacordo com sua própria natureza. Portanto, as diferenças entre pessoa e animal não são apenas de grau, porque somos capazes de transformar a natureza, tornando possível a cultura.

As Formas de Crença

A crença é a adesão a uma proposição que consideramos verdadeira. A crença pressupõe uma disposição psicológica de aceitação, de confiança.

O mito é a forma mais remota de crença. O mito está impregnado do desejo humano de afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido, do perigo e da morte. Para tanto, os relatos míticos se sustentam pela crença em forças superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou castigam. Sob esse aspecto, a função do mito não é, primordialmente, explicar a realidade, mas acomodar e tranquilizar o ser humano em um mundo assustador. O mito, enquanto serve para a compreensão do mundo em uma comunidade, não é lenda, ou seja, enquanto existir alguém que acredita naquela crença, vai existir.

Nas civilizações antigas, o mito continuou como componente importante da cultura, mas as instituições religiosas tornaram-se mais elaboradas, o que permitiu distinguir de modo mais nítido o espaço sagrado dos santuários e o espaço profano da vida cotidiana.

Sagrado: é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es).

Profano: é aquilo que não mantém nenhuma ligação com o(s) deus(es).

Teísmo: baseia-se na crença em Deus. Acreditam em um deus transcendente, isto é, possuidor de uma natureza diferente de todas as coisas e separado do mundo.

Panteísmo: Acreditam na imanência de Deus, ou seja, Deus está em tudo, Deus e o mundo são um. Deus também é corpo, embora seja o mais puro dos corpos, perfeito e inteligente, pelo qual se dá o ordenamento do mundo.

Deísmo: Religião natural, acreditam em Deus como um ser supremo que teria criado todas as coisas, deixando-as em seguida à sua sorte, seria um Deus ausente. Desse modo, não estabelecem vínculos com o divino.

Agnosticismo: Aquele que ignora, portanto, se abstém de afirmar se Deus existe ou não, alegando a impossibilidade racional de conhecê-lo. Ou seja, não se pode provar que Deus existe nem que não existe, o que o desobriga da adesão a um culto religioso.

Ateísmo: Ele acredita, crê que Deus não existe. Trata-se de uma opinião sem provas, assim como o crente tem uma fé sem provas.

Espiritualidade no sentido religioso da palavra é o encontro com o divino. No ponto de vista laico, é a capacidade de amar, de criar, de participar de uma comunidade e de defender os valores éticos.

Conhecimento e Verdade

Conhecimento é o modo pelo qual o sujeito se apropria do objeto pelos sentidos e pela inteligência. O ato do conhecimento diz respeito à relação entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido.

Modos de Conhecer:

  • Intuição: É um conhecimento imediato. Se expressa de diversas maneiras, entre as quais destacamos:
  • Empírica: Baseado na experiência. Ela pode ser:
    • Sensível: Quando percebemos pelos sentidos.
    • Psicológica: Através das emoções e sentimentos.
  • Inventiva: Soluções súbitas, de imediato, com inspiração inovadora.
  • Intelectual: Procura captar diretamente a essência do objeto.
  • Conhecimento Discursivo: Precisa da palavra, da linguagem, para se fazer entendido, é abstrato. Esses conceitos e ideias são articulados pelo encadeamento de juízos e raciocínios, levando a demonstração e conclusão.

O conhecimento se faz pela relação contínua entre intuição e razão, vivência e teoria, concreto e abstrato.

A indagação de uma frase tem 2 sentidos:

  1. Se está falando verdade ou se está mentindo, nesse caso, indago pela veracidade da frase, o indivíduo veraz é o que não mente. Constatação moral.
  2. Se a afirmação é verdadeira ou falsa. Para tanto, indago se a frase corresponde à realidade, se já foi comprovada, se a fonte de informação é digna de crédito ou não.

Realidade: um colar, um quadro, não dizemos se é verdadeiro ou falso, simplesmente é, existe.

Verdade: um colar de ouro, a frase é verdadeira se, de fato, se trata de ouro. E é falsa caso se trate de outro material.

Portanto, o falso ou o verdadeiro não está na coisa em si, mas no juízo.

Dogmatismo: Dois sentidos

  • Senso Comum: Designa as certezas não questionadas do nosso cotidiano. A pessoa fixa-se na certeza e abre mão da dúvida. Na política, nega o pluralismo, há um caminho só e ponto final. Sem discussão. Só.
  • Filosófico: Antes de ter certeza ou de duvidar, seria preciso examinar o que a faculdade da razão pode de fato conhecer. Precisa-se analisar, pesquisar.

Ceticismo: Conclui que o conhecimento é algo impossível.

  • Górgias: Cético, desenvolveu três teses. Maneira de dizer que o ser não se deixa se mostrar pelo pensamento.
  • Pirro: Confrontou a diversidade de convicções, bem como as filosofias contraditórias, abstendo-se de aderir a qualquer certeza. A atitude coerente é a suspensão do juízo.

O critério da evidência: concluir que a evidência primeira não é a de um fato exterior, mas da realidade do seu próprio pensamento.

Sofistas

Elaboração da democracia grega (política). Participação política do mais rico até ao mais pobre, porém estavam excluídos estrangeiros, as mulheres e os escravos.

Os sofistas eram professores de retórica (A retórica é a arte de bem falar, de utilizar linguagem em um discurso persuasivo, debater), dialética e gramática. Eles fizeram a sistematização do ensino, tinham um ensino itinerante, ou seja, não tinham um lugar fixo de dar aula. Inauguraram o costume de cobrar pelas aulas, no entanto, eles eram de camadas médias, não podiam se dar ao luxo do ócio digno, que é quando se tem apenas uma atividade intelectual.

Eram acusados de não se importarem com a verdade e terem opiniões relativistas.

Principais sofistas:

  • Protágoras: Relativista, dizia que o homem é a medida de todas as coisas, em outras palavras, sua frase famosa significa que ninguém detém a verdade ou, pelo menos, sugere que ela possa resultar da discussão entre iguais.
  • Górgias: Cético, desenvolveu três teses. Para ele, a retórica não leva à verdade, mas à persuasão, e esta se faz não pela razão, mas pela emoção. Os sofistas pensavam que não era possível conhecer, mas os pré-socráticos achavam que era, tanto que uns diziam que tudo era feito de água, ar, etc.

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