Natureza, Cultura e a Evolução Humana: Antropogênese

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1. Natureza e Cultura

A Antropologia Cultural estuda comportamentos culturais, diferentemente dos comportamentos naturais, que são aqueles em que a informação foi transmitida geneticamente. Os comportamentos culturais são adquiridos por aprendizagem social. A Biologia diferencia entre o genótipo (combinações de genes nos cromossomos), que é inato, e o fenótipo (interação dos genes nos cromossomos), adquirido ao longo da vida. Todos os indivíduos são o resultado da interação de dois polos: a sua natureza biológica e o ambiente em que se desenvolvem. A cultura, expressa em uma linguagem que aprendemos, é um objeto de estudo da Paleontologia e da Antropologia, que buscam estudar os vários grupos, no passado e no presente, através de suas características físicas, culturais, genéticas, etc.

NATUREZA

É inata, algo com que nascemos, porque é geneticamente pré-programado ou se desenvolve no embrião e no feto.

CULTURA

É adquirida pela aprendizagem social, a partir do momento em que nascemos.

2. A Origem da Vida e a Evolução das Espécies

Dependendo dos fósseis encontrados, a origem da vida data de 3600 m.a. Devido às condições atmosféricas e geológicas dos mares, a partir da evolução físico-química dos elementos, apareceram pela primeira vez os seres vivos unicelulares. A ciência concorda que todos os seres vivos compartilham a mesma organização e bioquímica do mesmo código genético, o que demonstra o seguinte:

  • Todos os seres vivos têm uma origem comum.
  • O desenvolvimento da vida tem sido contínuo; a evolução é um fato biológico, e não uma mera hipótese.
  • O Homo sapiens se originou de um mamífero que evoluiu.

Evolução é o processo pelo qual os indivíduos de uma espécie sofrem mudanças qualitativas que levam à transformação de formas primitivas para formas mais organizadas.

Mecanismos da Evolução:

Adaptação

Submetidos a mudanças que irão melhorar as suas condições de sobrevivência no meio em que habitam.

Herança

O gene que garante a transmissão dessas mudanças para os descendentes.

Pela primeira vez, as causas científicas da mudança foram apresentadas na teoria da evolução das espécies. Esta grande revolução científica, a segunda depois de Copérnico, representou uma ruptura radical com as crenças científicas, filosóficas e religiosas anteriores.

Fixidez (Criacionismo)

A concepção dominante até o século XIX era a fixidez. As espécies eram consideradas:

  • Fixas: Inalteradas desde a sua origem.
  • Criadas por Deus: Exibidas em um momento único, pela obra de Deus.
  • Imutáveis.
  • Grupos isolados: Não derivam de outro.

O representante mais importante foi Linnaeus, que definiu espécie como "composta por um número de indivíduos que são uma espécie de cópia de um modelo imutável." Linnaeus estabeleceu a primeira classificação dos animais e plantas em classes, ordens, gêneros e espécies, de acordo com o grau de semelhança entre eles.

Do ponto de vista filosófico:

  • A fixidez está ligada ao poder metafísico que afirma a imutabilidade da essência das coisas.
  • A fixidez envolve uma concepção hierárquica da realidade, onde na natureza cada indivíduo tem seu próprio lugar.
  • Não há nada fixo e imutável em relação à chamada natureza humana.
  • O ser humano é o ápice da criação.

A Teoria Evolucionista

A primeira teoria explícita da evolução é devida a Lamarck, que desenvolveu a chamada teoria da mudança. Para ele, a natureza é um continuum em que as espécies não são invariantes, mas são transformadas, umas a partir das outras, seguindo uma tendência mais progressiva. Para Lamarck, a evolução é explicada pela necessidade de se adaptar ao ambiente em que viviam. O erro na teoria de Lamarck foi a crença de que os caracteres adquiridos durante a vida de um indivíduo são transmitidos à descendência. Ele destacou o importante papel das influências ambientais, afirmando que todas as espécies estão relacionadas entre si. Quem completou a teoria evolucionista foi Charles Darwin, biólogo britânico que contribuiu com um grande número de provas científicas.

Suas principais teses são:

  • Origem Comum das Espécies: A variedade de espécies conhecidas está relacionada; todas vêm de uma ou poucas espécies primitivas simples. Darwin escreveu a obra seminal: A Origem das Espécies, publicada em 1859.
  • A Luta pela Sobrevivência: Todas as espécies tendem a se reproduzir até saturar seu habitat.
  • Teoria da Seleção Natural: Somente os indivíduos mais aptos tendem a sobreviver e conseguir se reproduzir. A evolução biológica é explicada por um processo de seleção natural, e não apenas por uma adaptação ao meio ambiente.
  • O conceito do mais apto não significa ser o mais esperto, o mais forte ou ter qualquer outra superioridade; o mais apto é aquele que apresenta mutações genéticas mais favoráveis para se adaptar a uma mudança real no ambiente.
  • Herança Genética: As mudanças genéticas vantajosas são transmitidas aos seus descendentes, o que garante a lenta adaptação ao seu ambiente. Esta é a seleção natural.
  • A Seleção Natural age de forma cega na natureza: variações surgem aleatoriamente. O pescoço da girafa não teria crescido pela adaptação; sobreviveram aqueles que nasceram com pescoço mais longo para alcançar a comida. Darwin resumiu que não há fixidez na natureza.

No entanto, nem Lamarck nem Darwin puderam explicar como se produzia a herança dos novos caracteres. Mendel e Morgan apresentaram provas do mecanismo da evolução, desvendando a base genética da herança.

Do ponto de vista filosófico, a teoria da evolução é uma visão da realidade definida por três características:

Materialista

A natureza é matéria; não há necessidade de explicá-la a partir de uma realidade espiritual, apenas pela ciência.

Dinâmica

Na natureza, tudo muda e nada permanece fixo, embora seja um processo lento.

Progressiva

Com a evolução, as espécies estão a atingir um maior nível de complexidade e organização.

3. Evolução Humana: A Antropogênese

A evolução humana é marcada por dois processos interligados:

Hominização

Processo evolutivo de mudanças biológicas que caracterizaram a evolução dos hominídeos, levando à espécie humana atual.

Humanização

Processo psicossocial de mudança que deu origem aos elementos culturais que caracterizam o ser humano, distinguindo-o de outras espécies.

O Processo de Hominização e Humanização

A chave da evolução foi o bipedalismo. Isso levou a uma série de mudanças:

  • Modificação do pé: O que nos permite andar e ficar em dois pés. O homem é o único mamífero capaz de fazê-lo.
  • Modificação da coluna: O centro de gravidade na bacia exigiu a modificação da coluna vertebral para o equilíbrio e para manter a cabeça erguida.
  • Liberação das mãos: A posição em pé liberou as mãos, o que acabaria por permitir a produção e gestão de ferramentas úteis.
  • Desenvolvimento da linguagem: As mandíbulas grandes tornaram-se menores, o crânio cresceu, os dentes diminuíram e o movimento da língua foi facilitado, promovendo o surgimento da linguagem.
  • Aumento da inteligência: O aumento do crânio é paralelo à maior habilidade e inteligência.

Este processo é paralelo ao desenvolvimento da capacidade teórica da mente humana. Ambos os processos influenciaram-se mutuamente: nossos ancestrais foram capazes de fazer certas coisas e, ao mesmo tempo, pensar sobre elas, o que impulsionou o desenvolvimento de competências. O surgimento da inteligência humana foi um processo de mutação genética que favoreceu os indivíduos mais aptos.

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