Nematelmintos: Ascaridíase, Enterobíase e Tricuríase

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Nematelmintos: Características Gerais

  • Vermes filamentosos cilíndricos, com extremidades afiladas ou filiformes.
  • Simetria bilateral.
  • Órgãos sexuais evoluídos: sexos separados e dimorfismo sexual (fêmeas maiores que os machos).
  • Tubo digestório completo (heterótrofos herbívoros ou carnívoros).
  • Parede composta por cutícula, hipoderme, musculatura, pseudoceloma e tubo digestivo.
  • Evolução: até 4 estágios larvais.

Ciclo de Loss

Realizado por alguns nematelmintos dentro do hospedeiro, onde passam de L2 para L4:

  1. Larva L2, através do sistema porta, atinge o coração ao pulmão.
  2. No pulmão, sofre ecdise para L3.
  3. L3 nos alvéolos, migra para os brônquios e bronquíolos.
  4. No caminho, sofre ecdise para L4.
  5. L4 chega na traqueia e glote.
  6. Estimula a tosse.
  7. L4 é deglutida, desta vez com uma cutícula mais resistente, que resiste ao TGI (Trato Gastrointestinal).

Nematelmintos de Transmissão Passiva

A infecção por esses helmintos ocorre por via oral, mediante a ingestão de alimentos, água ou manipulação de solo contaminado (transmissão oro-fecal ou ingestão de ovos do ambiente).

Nutrição

Alguns vivem no tubo digestivo do hospedeiro, nutrindo-se de microrganismos e materiais do local (*Ascaris*, *Enterobius*); outros penetram parcialmente nos tecidos da mucosa intestinal, provocando histólise e aspirando o produto (*Trichuris*).

Ascaris lumbricoides: Ascaridíase

Epidemiologia

Presente majoritariamente em áreas quentes e úmidas (tropicais e subtropicais), onde o saneamento e a higiene são pobres. No Brasil, são 80 milhões de infectados. Contaminação maior em crianças entre 6 e 12 anos.

Parasita exclusivamente humano, sendo o maior nematoide intestinal humano. Localiza-se preferencialmente no duodeno e jejuno.

Características

  • Geohelminto: Necessita dos nutrientes, temperatura, umidade e oxigenação do solo para completar seu ciclo.
  • Extremidades afiladas; as extremidades posteriores da fêmea são retas, enquanto a dos machos é enrolada ventralmente em espiral.
  • Ovos: Assim que colocados, são férteis (ovais, com casca interna impermeável, casca média quitinosa e casca externa albuminosa). Precisam estar no solo para tornarem-se ovos embrionados (até 2 semanas). Tornam-se infectantes dentro de 1 semana, quando a larva L1 sofre ecdise para larva L2.

Ciclo de Vida

  1. Ovos férteis são eliminados nas fezes.
  2. Com as condições necessárias no solo, sofrem embrionagem. Ovos com larva L1.
  3. Ecdise. Ovos infectantes com larva L2.
  4. Ingestão em alimentos/água e contato com solo contaminado.
  5. No estômago, a casca amolece.
  6. No duodeno, o ovo eclode devido ao pH, temperatura, CO2 e agentes redutores favoráveis.
  7. Larvas L2 penetram ativamente a parede intestinal, atingindo vênulas e vasos linfáticos.
  8. Migram para o fígado, via veia porta hepática.
  9. Após 7 dias, realizam o Ciclo de Loss.
  10. Larva L4 no jejuno.
  11. Sofre última ecdise, tornando-se adulto.

Manifestações Clínicas

A maioria das infecções é assintomática, com possível fase sintomática na migração da L2 e L3 pelo pulmão, podendo gerar coceira e desconforto (aumento da eosinofilia sanguínea).

OBS: Em crianças e pessoas hipersensíveis, se a carga parasitária for alta, nessa fase pode se desenvolver a Síndrome de Loeffler: febre, tosse, alta eosinofilia, quadro radiológico com manchas isoladas nos campos pulmonares.

Larvas L4 e adultos são menos antigênicos; pode haver sintomas como desconforto abdominal, anorexia, náuseas e diarreia; déficit de crescimento e desnutrição.

Vermes adultos, ao migrarem pela via biliar, podem gerar obstrução do ducto pancreático (levando à pancreatite) ou a perfuração do ducto biliar (gerando peritonite).

Diagnóstico

Ovos nas fezes e alta eosinofilia.

Enterobius vermicularis: Enterobíase

Doença caracterizada por *prurido* (coceira) na região anal.

Epidemiologia

Verme cosmopolita, é o mais comum em países desenvolvidos. Tem maior incidência em climas temperados (Ásia, Europa, América do Norte, América Latina, África e Oceania, principalmente EUA e Canadá). Possui alta prevalência em crianças, e transmissão eminentemente doméstica ou em ambientes coletivos.

Parasita localizado preferencialmente na região cecal do intestino grosso.

Características

  • Vermes bem pequenos, com fêmeas com extremidades afiladas e retas, e machos com extremidade posterior enrolada ventralmente.
  • A fêmea localiza-se preferencialmente na região perianal, onde expulsa grande quantidade de ovos diariamente no períneo, principalmente durante a noite.
  • Ovos: Postura ocorre na região perianal, com rompimento da fêmea e ovos aderidos no períneo. Contém larva L2 já formada na postura, e tornam-se infectantes após contato com O2 (oxigênio) (no períneo ou ambiente).

Ciclo de Vida

  1. Ovos no períneo (não dependem necessariamente de fezes).
  2. Coceira ou defecação.
  3. Ovos presentes na poeira ou contaminando água e alimentos.
  4. Ingestão de ovos.
  5. No intestino, eclodem.
  6. L2 migram para o cólon.
  7. Maturação em vermes adultos.
  8. Reprodução.
  9. Fêmeas migram para região perianal.
  10. Postura.
  11. Ovos no períneo.

Transmissão

  • Heteroinfecção: Ingestão de ovos presentes na poeira ou alimentos contaminados.
  • Auto infecção externa: Ovos levados pela mão da região perianal à boca (mão-boca).
  • Auto infecção interna: Após 3 semanas no períneo, os ovos eclodem e dão origem a larvas que podem entrar pelo ânus e seguir em direção ao ceco, onde irão acasalar novamente.

Manifestações Clínicas

Presença de irritações e erosões na mucosa, gerando prurido (coceira), devido à invasão da mucosa durante a postura. Caso o parasitismo seja intenso, pode haver inflamação.

Trichuris trichiura: Tricuríase

Características

  • Vermes filiformes anteriormente e fusiformes posteriormente, de tamanho pequeno ou médio.
  • Geohelmintos.
  • Hospedeiro: homem, macacos e chimpanzés.
  • Ovo: Com dois tampões polares, não embrionam enquanto no intestino, somente no meio exterior, e quanto mais quente, mais rápido (termodependente).

Ciclo de Vida

  1. Ovos não embrionados, com duas células.
  2. Solo.
  3. Clivagem e embrionagem.
  4. Ingestão do ovo embrionado infectante.
  5. Larvas eclodem e se fixam na mucosa, principalmente do ceco.
  6. Alimentam-se do líquido intersticial, sangue e tecido lesado.

Manifestações Clínicas

Geralmente assintomático, dependendo do inóculo de vermes. Pode gerar irritação local, hipersensibilidade, nervosismo, diarreia, náuseas e, em casos extremos, prolapso retal.

Diagnóstico

Método de Stoll e Método de Kato-Katz.

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