Nematoides: Classificação, Sintomas e Manejo em Culturas Agrícolas

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Nematoides Sedentários

Meloidogyne: Nematoides Formadores de Galhas

Espécies de Meloidogyne: M. incognita e M. javanica

  • Distribuição geográfica ampla e alto grau de polifagia.
  • Causadores de danos econômicos em diversas culturas.

Características de Meloidogyne

  • Local do parasitismo: cilindro central.
  • Induz a formação de células nutridoras.
  • Induz a formação de galhas.
  • Massa gelatinosa formada pelas glândulas retais e liberada pelo ânus.

Formação das Células Nutridoras

O nematoide injeta substâncias produzidas pelas glândulas esofagianas, que incitam modificações fisiológicas e estruturais das células, formando células nutridoras (também conhecidas como células gigantes).

Características das Células Nutridoras

  • Hipertrofia e hiperplasia.
  • Citoplasma mais denso e granuloso.
  • Invaginações no citoplasma.
  • Núcleos e nucléolos bastante visíveis e em grande número.

Formação das Galhas

Parte da substância injetada para a formação de células nutridoras se espalha pelas células do córtex, que também sofrem hipertrofia e hiperplasia. As galhas ocorrem concomitantemente às células nutridoras, mas podem ocorrer células nutridoras sem a presença de galhas.

Aspectos Biológicos

  • Tipo de parasitismo: endoparasito sedentário.
  • Reprodução: anfimixia, partenogênese mitótica obrigatória e partenogênese meiótica facultativa.

Sintomatologia em Plantas Infestadas por Meloidogyne

Sintomas Diretos:
  • Formação de galhas.
  • Sistemas radiculares pobres.
  • Descorticamento.
  • Rachaduras ou fendilhamento.
  • Raízes digitadas.
Sintomas Reflexos:
  • Formação de reboleira.
  • Deficiência nutricional.
  • Tamanho desigual de plantas.
  • Retardamento no crescimento.
  • Murchamento.
  • Desfolhamento.
  • Redução de perfilhamento.
  • Diminuição da produção.

Heterodera e Globodera: Nematoides Formadores de Cistos

  • Espécies sedentárias.
  • Fêmeas globosas.
  • Formadoras de cistos.

Heterodera glycines: Nematoides Formadores de Cistos

  • Nível de Dano: População inicial de 1 a 5 cistos viáveis por 100 ml de solo.
  • Sintomas Não Evidentes: Queda de produção de até 30%.

Sintomas de H. glycines

Sintomas Diretos:
  • Sistema radicular pouco desenvolvido.
  • Presença de fêmeas brancas.
Sintomas Reflexos:
  • Sintomas em reboleira.
  • Plantas pouco desenvolvidas.
  • Deficiência nutricional.
  • Baixa produção.
  • Morte de plantas.

Uso de Nematoides no Controle Biológico de Pragas

Mermithidae

  • Parasito obrigatório.
  • Produção massal in vivo (limitação no controle biológico).

Exemplos:

  • Romamomermis culicivorax: parasita larvas de mosquitos.
  • Filipjevimermis leipsandra: parasita larvas de besouros.
  • Mermis nigrescens: parasita gafanhotos.

Phaenopsitylenchidae

  • Beddingia siricidicola (sinônimo: Deladenus siricidicola).
  • Parasito de Sirex noctilio.
  • Parasito facultativo: possui uma geração de vida livre e uma parasítica.
  • Alimenta-se do fungo Amylostereum areolatum.
  • Utilizado em programa de controle biológico no Brasil.

Multiplicação de B. siricidicola

  • Multiplicação in vitro em meio de arroz (fase micófaga).
  • Extração de nematoides misturando-os em meio gelatinoso.
  • Aplicação da suspensão gelatinosa em toras distribuídas no campo.

Atributos de Nematoides como Agentes de Controle Biológico

  • Rápida mortalidade do hospedeiro (em até 48 horas).
  • Não afeta seres humanos.
  • Alta capacidade reprodutiva.
  • Comportamento de busca (para algumas espécies).
  • Persistência no ambiente.
  • Especificidade (para algumas espécies).
  • Multiplicação in vivo ou in vitro.

Aspectos Biológicos dos Nematoides Entomopatogênicos

Juvenil Infectante (3º Ínstar)

  • Único estágio de vida livre.
  • Não se alimenta.
  • Fica envolto na cutícula do 2º estádio.
  • Sua função é procurar o hospedeiro e iniciar o parasitismo.

Penetração no Inseto Hospedeiro

  • Penetram nos seus hospedeiros pelas aberturas naturais (abertura bucal, ânus, espiráculos).
  • Heterorhabditis pode penetrar também através da cutícula em áreas mais finas.

Liberação da Bactéria Simbionte

  • Uma vez na hemocele, as células da bactéria simbionte são liberadas.
  • A bactéria causa septicemia e consequente morte do hospedeiro (em até 48 horas).
  • A bactéria também tem função de proteção do hospedeiro contra patógenos (fungos e bactérias) oportunistas.

Desenvolvimento dos Nematoides

  • Os nematoides se alimentam do cadáver do hospedeiro e das bactérias, completando o ciclo.
  • Em geral, ocorrem 3 ciclos de vida do nematoide dentro do hospedeiro.
  • Juvenis infectantes de Steinernematidae desenvolvem-se em machos e fêmeas.
  • Juvenis infectantes de Heterorhabditidae desenvolvem-se em adultos hermafroditas.
  • Nas gerações subsequentes, em ambas as famílias, ocorrem machos e fêmeas.

Emergência dos Nematoides

Com a diminuição da disponibilidade de alimento, os nematoides se desenvolvem em juvenis infectantes, armazenando a bactéria simbionte no intestino. O juvenil infectante (JI) emerge do cadáver e busca um novo hospedeiro.

Benefícios para os Organismos Envolvidos

Bactéria:

  • Proteção no ambiente, pois não é capaz de sobreviver no solo.
  • Proteção no hospedeiro, por mecanismos antibacterianos.
  • Transporte, pois não é capaz de invadir o hospedeiro sozinha.

Nematoide:

  • Morte rápida do hospedeiro.
  • Manutenção do ambiente através da supressão de outros microrganismos.
  • Transformação do tecido do hospedeiro em alimento.
  • A bactéria também serve de fonte de alimento ao nematoide.

Tipos de Busca

  • Emboscada.
  • Procura ou perseguição.
  • Intermediário.

Cuidados na Aplicação

  • Irrigar antes e após a aplicação.
  • Escolha correta do horário da aplicação.
  • Não aplicar nematicida antes da aplicação.
  • Não usar telas que retenham nematoides.

Nematoides Migradores

Pratylenchus: Nematoide das Lesões Radiculares

Características:

  • Glândulas do esôfago recobrindo o lado ventral do intestino.
  • Fêmeas monodelfas (pró-delfas), com saco pós-uterino.
  • V% = 60-80%.
  • Machos com bursa.
  • Reprodução por partenogênese ou anfimixia.
  • Todos os estádios são infestantes.
  • Alimentam-se das células do córtex e da epiderme.
  • Ciclo de 4-8 semanas.
  • Endoparasitos migradores.

Pratylenchus brachyurus

  • Espécie polífaga, afetando culturas como abacaxi, algodão, soja, milho, cana-de-açúcar e arroz.
  • O cafeeiro apresenta intolerância a P. brachyurus.
  • Opção para rotação de culturas em áreas infestadas: Crotalaria spectabilis.
Controle:
  • Movimentação do solo: Pratylenchus é sensível.
  • Nematicidas: uma opção.
  • Rotação de culturas: difícil pela escassez de opções e poucos estudos tanto em casa de vegetação quanto em campo.

Pratylenchus zeae

  • Prefere gramíneas.
  • Afeta culturas como cana-de-açúcar, milho, arroz e pastagem.

Radopholus similis: Nematoide Cavernícola

Características:

  • Glândulas do esôfago recobrindo o lado dorsal do intestino.
  • Fêmeas didelfas (anfi-delfas).
  • V% = 55-60%.
  • Machos com bursa.
  • Todos os estádios são infectantes, exceto o macho.
  • Alimentam-se das células da epiderme, do córtex e, eventualmente, do cilindro central.
  • Ciclo de 4-8 semanas.
  • Endoparasitos migradores.

Radopholus similis na Cultura da Banana

Sintomas:
  • Sistema radicular necrosado.
  • Tombamento.
  • Perda na produção.

Helicotylenchus: Nematoides Espiralados

Características:

  • Corpo fusiforme.
  • Fêmeas didelfas (anfi-delfas).
  • Fasmídio de tamanho mediano.
  • Em repouso, permanece enrolado.

Espécies:

  • H. dihystera (polífaga).
  • H. multicinctus (bananeira).

Hoplolaimus

Características:

  • Corpo fusiforme.
  • Fêmeas didelfas (anfi-delfas).
  • Fasmídio de tamanho mediano.
  • Em repouso, permanece levemente enrolado.

Espécies:

  • H. columbus (soja e algodão).
  • H. galeatus (gramados).

Scutellonema bradys

Características:

  • Corpo fusiforme.
  • Fasmídio em forma de escutelo.

Cultura:

  • Inhame, cará: causador da casca preta do inhame.

Criconematidae

Características:

  • Corpo espesso, fusiforme.
  • Anelações evidentes.
  • Estilete longo e forte.
  • Fêmeas monodelfas.

Longidoridae e Trichodoridae

Características Gerais:

  • Ectoparasitos migradores.
  • Todos os estágios são fusiformes.
  • Primeira ecdise fora do ovo.
  • Todos os estágios são infectantes.
  • Esôfago do tipo dorilaimoide.
  • Estilete do tipo odontostílio.

Longidoridae

  • Fêmeas didelfas (anfi-delfas) ou monodelfas (opisto-delfas).
  • Reprodução anfimítica ou partenogenética.
  • Estilete longo: odontostílio + odontóforo.
  • Parasitam células da epiderme, córtex ou cilindro central.
  • Permanecem por longo período se alimentando no mesmo local.
  • Podem causar leve engrossamento na raiz parasitada.
  • Transmissores de Nepoviroses (partículas viróticas poliédricas).

Trichodoridae

  • Fêmeas didelfas (anfi-delfas).
  • Reprodução anfimítica ou partenogenética.
  • Estilete recurvado, não canaliculado.
  • Parasitam células da epiderme.
  • Curto período de alimentação.
  • Causam raízes em coto.
  • Transmissores de Tobraviroses (partículas viróticas tubulares).

Nematoides Migradores Parasitos da Parte Aérea

Ditylenchus dipsaci: Nematoide dos Caules e Bulbos

  • Também conhecido como nematoide do amarelão do alho.
  • Endoparasito migrador.
  • Alimenta-se de células do parênquima foliar.
  • Dissolve a lamela média das folhas.
  • Ciclo de vida passivo: permanece no solo após a colheita.
  • Apresenta a capacidade de entrar em anidrobiose (estágios J2, J3, J4 e adultos).

Sintomas de D. dipsaci em Alho

  • Plantas de menor tamanho, mal formadas.
  • Amarelecimento das plantas.
  • Folhas em forma de chicote.
  • Hipertrofia do colo e bulbo.
  • Rachadura das folhas na região do colo.
  • Podridão mole do bulbo na região do prato, com descolamento do prato.
  • Amarelecimento, chochamento ou apodrecimento do bulbo.
  • Na cultura do alho, pode causar perdas de 30-100% da produção.
  • Nível de dano bastante baixo: 10 nematoides por 500g de solo.

Controle

  • Em Áreas Não Infestadas (Preventivo): Uso de bulbilhos sadios.
  • Em Áreas Infestadas:
    • Rotação de culturas por 3-4 anos (opção: milho).
    • Isolamento da área.
    • Área imprópria para produção de bulbilhos semente.

Nematoides da Citricultura

Tylenchulus semipenetrans

  • Poro excretor situado a 68-85% do comprimento do corpo.
  • Fêmea sedentária, com corpo obeso e poro excretor próximo da vulva.
  • Macho com esôfago degenerado.
  • Formação de células nutridoras no córtex.
  • Sensível ao ressecamento.

Condições de Campo:

  • Baixa infestação inicial: declínio lento.
  • Alta infestação inicial: sintomas no início.

Sintomas de Declínio Lento do Citros

Raízes:
  • Solo aderente.
  • Leve engrossamento.
  • Necroses externas.
  • Coloração escura.
  • Descorticamento.
Parte Aérea:
  • Ramos secos.
  • Perda de vigor.
  • Frutos menores e sem valor comercial.
  • Planta em declínio.
  • Podem ser confundidos com deficiência nutricional.
  • Queda de produção de 5-10% por pé.

Controle

  • Preventivo: Plantio em áreas não infestadas e uso de mudas sadias.
  • Controle Químico.

Nematoides da Soja

Meloidogyne spp. (Nematoides Formadores de Galhas)

Heterodera glycines (Nematoides Formadores de Cistos)

Sintomas não evidentes podem levar a uma queda de produção de até 30%.

Sintomas Causados por Nematoides em Soja

Podem ser confundidos com:

  • Deficiência de Potássio (K).
  • Deficiência de Ferro (Fe).
  • Fitotoxidez por herbicida.
  • Compactação do solo.

Podem ser intensificados por:

  • Deficiência de Potássio (K).
  • Deficiência de micronutrientes.
  • pH elevado.

Métodos de Disseminação de Nematoides Fitoparasitos

  • Solo infestado em implementos agrícolas e sementes mal beneficiadas.
  • Água de irrigação ou enxurrada.
  • Vento.

Manejo da Cultura de Soja para Controle de Fitonematoides

Prevenção:

  • Uso de sementes certificadas.
  • Limpeza de equipamentos e instrumentos.
  • Manutenção de faixa de plantas resistentes na beira das estradas.

Outras Estratégias:

  • Amostragem correta da área, pois cada caso deve ser estudado particularmente.
  • Evitar o desequilíbrio de pH no perfil do solo.
  • Eliminação da camada compacta do solo.
  • Manutenção de bons níveis de Potássio (K).

Nematoides do Algodoeiro

Meloidogyne incognita

  • Associação com o fungo da murcha fusariana: aumenta a predisposição ou diminui/elimina a resistência.

Sintomas:

  • Sistema radicular deficiente.
  • Presença de galhas.
  • Diminuição da área foliar.
  • Deficiência nutricional.
  • Murchamento nas horas mais quentes do dia.
  • Coloração amarelada ou de vermelho intenso.
  • Sintoma carijó.
  • Encerramento precoce do crescimento vegetativo.
  • Perdas de 10-40%.

Rotylenchulus reniformis: Nematoide Reniforme

  • Associação com fungos: aumenta a predisposição ou diminui/elimina a resistência, e aumenta os danos.

Nematoides do Cafeeiro

Meloidogyne coffeicola

  • Ocorrência principal em PR e SP.

Sintomas (Apenas em Plantas Velhas):

  • Amarelecimento e desfolha.
  • Ausência de raízes jovens.
  • Descolamento cortical de raízes secundárias.

Controle:

  • Erradicação das plantas e replantio imediato (ou após a rotação).

Meloidogyne exigua

  • Ocorrência principal em MG e NE de SP.

Sintomas:

  • Menor crescimento.
  • Galhas nas raízes secundárias.

Controle:

  • Coffea canephora cv. Apoatã é extremamente resistente e tolerante.
  • Existem genótipos de Icatu e outros híbridos resistentes.
  • Uso de nematicidas sistêmicos (não fumigantes) é viável.

Meloidogyne incognita e Meloidogyne paranaensis

  • Ocorrência em 30-40% das áreas de SP (disseminação com mudas).

Sintomas:

  • Amarelecimento e desfolha.
  • Menor crescimento.
  • Morte de plantas.
  • Descolamento cortical de raízes.
  • Escurecimento e morte de raízes secundárias.

Situações de Danos:

  • Mudas infestadas (formação ou renovação).
  • Replantio em áreas infestadas.
  • Poda.

Controle:

  • Mudas Enxertadas: Coffea canephora 'Apoatã' é resistente e tolerante.
  • Uso de Nematicidas: Sistêmicos são pouco eficientes (não recomendado).
  • Rotação de Culturas: Crotalaria spectabilis, C. breviflora, amendoim, mucuna-anã, leucenas, milho (somente para M. paranaensis).

Controle de Pratylenchus no Cafeeiro

Pratylenchus brachyurus:

  • Uso de mudas sadias: evitar plantio em áreas infestadas.
  • Uso de nematicidas sistêmicos é viável.
  • Existem genótipos de Icatu e Sarchimor tolerantes.
  • Não deixar braquiárias e outras plantas suscetíveis na entrelinha do cafezal.

Pratylenchus coffeae:

  • Uso de mudas sadias: evitar plantio em áreas infestadas.
  • Uso de nematicidas sistêmicos provavelmente pouco eficiente (não é recomendado).

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