Neorrealismo: Uma Análise da Teoria de Waltz

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Neorrealismo

O principal pensador neorrealista contemporâneo é, sem dúvida, Kenneth Waltz. Ele adotou alguns elementos do realismo clássico e neoclássico como ponto de partida, como por exemplo, o fato de que os estados independentes existem e operam num sistema internacional anárquico. Ignora, contudo, o lado normativo desse conceito, concentrando-se em proporcionar às Relações Internacionais uma teoria científica, procurando assim uma explicação científica do sistema político internacional.

A teoria neorrealista foca a sua análise na estrutura do sistema, nas suas unidades de interação e na continuidade e mudança do sistema. No neorrealismo, a estrutura do sistema, em particular a distribuição relativa do poder, é o foco central, visto que a estrutura do sistema determina de certa forma o comportamento dos atores. Para Waltz, os Estados são similares em todos os aspetos funcionais, isto é, independentemente das diferentes culturas, ideologias ou políticas externas, todos executam as mesmas tarefas básicas. No entanto, segundo Waltz, os Estados, nas Relações Internacionais, diferenciam-se significativamente através das suas capacidades em executar as mesmas funções. A estrutura de um sistema muda consoante as mudanças na distribuição de capacidades pelas unidades do mesmo. Por outras palavras, as mudanças no sistema internacional ocorrem com a ascensão e queda das grandes potências e através da eclosão de conflitos.

Os Estados cruciais para a determinação das mudanças na estrutura do sistema internacional são as "*great powers*". A balança de poderes pode ser alcançada entre os Estados, mas a guerra é uma ameaça caracterizadora do sistema anárquico. Waltz faz uma distinção entre sistema bipolar - como por exemplo, o período de Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética -, e sistema multipolar - que caracterizou o período anterior e posterior à Guerra Fria, e defende que o sistema bipolar é mais estável, oferecendo, por conseguinte, mais garantias de paz e segurança internacional. Isto porque num sistema com duas grandes potências ambas trabalham para garantir o sistema, visto que é do seu interesse pessoal. Desse ponto de vista, a Guerra Fria foi um período de estabilidade e paz internacional. Essa hipótese é "desmentida", pois os EUA e a União Soviética cooperaram de forma a pôr fim à rivalidade, levando assim não só ao fim do sistema bipolar, mas também da Guerra Fria. Waltz foca também o seu estudo na característica central do sistema anárquico: *power politics*, assumindo que o principal objetivo dos Estados é a segurança e sobrevivência.

O modelo neorrealista de Waltz difere do modelo realista clássico, como por exemplo, do modelo de Morgenthau. Ao contrário deste, Waltz não aborda a natureza humana e vê os Estados como estruturas que respondem às imperfeições e constrangimentos ditados pelo sistema internacional; ao passo que Morgenthau foca-se nos líderes que conduzem o Estado, cujo sucesso na política externa depende da sabedoria com que tomam as suas decisões.

Portanto, para Waltz, todos os Estados são iguais apenas do ponto de vista “formal-legal”, mas diferentes a nível material; e afirma que cada estado irá agir consoante os seus interesses (conceito de interesse nacional).

No entanto, tanto o modelo realista clássico como o neorrealismo são criticados, visto que ignoram a dimensão cooperativa entre os Estados nas relações internacionais, esquecendo que os países não estão sempre em conflito, também partilham interesses comuns.

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