Neuroanatomia Funcional: Vias e Sinais Clínicos

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Aspectos Funcionais da Neuroanatomia

Fibras Nervosas

Fibras de Projeção

Ligam o córtex a centros subcorticais, podendo ser aferentes ou eferentes.

Fibras de Associação

Ligam áreas diferentes do córtex cerebral no mesmo hemisfério ou no hemisfério oposto.

Conceitos Clínicos Relevantes

Agnosia

Quadro clínico caracterizado pela perda da capacidade de reconhecer objetos, apesar de as vias sensitivas e de projeção estarem íntegras.

Área de Broca

Situada nas partes opercular e triangular do giro frontal inferior – correspondendo à área 44 e parte da área 45 de Brodmann. É responsável pela programação da atividade motora relacionada com a expressão da linguagem. Lesão nesta área resulta em afasia.

Apraxias

Apraxia Ideomotora

O indivíduo desempenha tarefas automaticamente, porém não consegue imitar gestos. Exemplo: incapaz de soprar sob comando, contudo, sopra espontaneamente ao ver uma vela.

Apraxia Ideacional

Incapacidade de desempenhar uma tarefa automaticamente ou sob comando, por não compreender o conceito geral do ato ou não reter a ideia da tarefa. Exemplo: não compreende a tarefa a ser executada ao receber uma escova e pasta de dente.

Principais Tratos Nervosos Descendentes

Trato Corticoespinhal

Une o córtex cerebral (principalmente áreas 4 e de Brodmann) aos neurônios motores da medula. As fibras deste trato fazem sinapses com os neurônios motores que controlam tanto a musculatura axial como a apendicular, sendo o principal feixe de fibras responsável pela motricidade voluntária (a motricidade voluntária é cruzada).

Trajeto:

  • Coroa Radiada
  • Cápsula Interna
  • Base do Pedúnculo Cerebral (Mesencéfalo)
  • Base da Ponte
  • Pirâmide Bulbar
  • Medula Espinhal

Trato Corticonuclear

Difere do trato corticoespinhal principalmente por transmitir impulsos aos neurônios motores do tronco encefálico, e não aos da medula espinhal.

Trato Rubroespinhal

Principal via descendente lateral do tronco encefálico, originado na porção magnocelular do núcleo vermelho (mesencéfalo). Suas fibras descem pelo bulbo até a parte dorsal da coluna lateral da medula espinhal, terminando no grupo dorsolateral de neurônios motores que inervam os músculos distais dos membros, e músculos intrínsecos e extrínsecos da mão (essencial para alcançar e manipular objetos com os dedos e as mãos).

Trato Tectoespinhal

Origina-se no colículo superior (mesencéfalo) e recebe fibras da retina e do córtex visual. Termina nos segmentos cervicais da medula espinhal. Está envolvido em movimentos da cabeça decorrentes de estímulos visuais.

Trato Vestibuloespinhal

Origina-se nos núcleos vestibulares (ponte e bulbo). Influencia a musculatura axial e proximal dos membros, regulando o grau de contração muscular para a manutenção do equilíbrio.

Trato Reticuloespinhal

Origem na formação reticular da ponte e do bulbo. Promove a ligação de várias áreas da formação reticular com os neurônios motores da medula. Função: controle dos movimentos voluntários e automáticos (músculos proximais e distais), determinando também o grau de contração desses músculos. Essencial na postura para execução de movimentos finos.

Sistemas Motores e Suas Síndromes

Síndrome do Neurônio Motor Superior (SNMS) - Achados Neurológicos

  • Tônus Muscular:
    • Início: Hipotonia (paralisia flácida).
    • Evolução: Espasticidade (paralisia espástica), sinal do canivete.
  • Reflexos Tendinosos: Hiperreflexia, Sinal de Babinski, Clônus, Espasmos.
  • Força Muscular: Paresia ou Plegia.
  • Trofismo Muscular: Hipotrofia.
  • Sensibilidade: Sem alterações.
  • Sincinesias: Podem ocorrer (ex: em Paralisia Cerebral e Meningite).

Sistema Extrapiramidal

Constituído pelos gânglios da base, substância negra, núcleo subtalâmico, área extrapiramidal do córtex cerebral (área 6 de Brodmann), alguns núcleos talâmicos, núcleo rubro, oliva, formação reticular e teto mesencefálico.

Funções:

  • Modulação do movimento.
  • Ajuste fino do movimento.
  • Automatização do movimento.

Síndrome Extrapiramidal

  • Alterações do Movimento:
    • Exacerbação dos movimentos / Movimentos Involuntários: Tremor, Coreia, Atetose, Distonia, Hemibalismo.
    • Lentificação dos movimentos: Bradicinesia.
  • Tônus Muscular: Hipertonia (Rigidez).
  • Postura: Instabilidade postural (tendência a cair para frente em busca do centro de gravidade).
  • Força Muscular e Sensibilidade: Preservadas.
  • Exemplo: Paralisia Cerebral Coreoatetótica por Kernicterus (icterícia bilirrubínica).

Sinais Cerebelares

  • Tremor de intenção (cessa no repouso).
  • Disdiadococinesia.
  • Nistagmo (vertical ou horizontal).
  • Disartria cerebelar.
  • Dismetria.
  • Hipotonia.
  • Hiporreflexia.
  • Vertigem e vômitos.
  • Força e sensibilidade preservadas.
  • Exemplos: Paralisia Cerebral Atáxica, Síndrome de Dandy-Walker.

Síndrome do Neurônio Motor Inferior (SNMI)

O paciente não consegue enviar ordens ao músculo porque o neurônio que efetua essa ordem está comprometido. Há comprometimento do arco reflexo.

Local da Lesão: Corpo celular (no corno anterior da medula) ou axônio (que sai da medula e vai até o músculo onde ocorre a sinapse).

Achados Clínicos:

  • Tônus Muscular: Hipotonia.
  • Reflexos Tendinosos: Hiporreflexia ou Arreflexia.
  • Força Muscular: Paresia ou Plegia.
  • Trofismo Muscular: Atrofia.
  • Sensibilidade: Normal.
  • Exemplos: Atrofia Muscular Espinhal (AME), Poliomielite.

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