Nietzsche: Filosofia e Crítica

Classificado em Filosofia e Ética

Escrito em em português com um tamanho de 9,06 KB.

Períodos da Obra de Nietzsche

Período Romântico

Corresponde à filosofia da noite. Quando ele está interessado nos clássicos e inspirado pela música de Wagner e Schopenhauer.

Obras: O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música.

Período Positivista

Filosofia da manhã, iniciando suas primeiras viagens. É uma ruptura com o anterior. Expressa a atitude positiva de condenar a metafísica (Platão), a arte e a religião.

Obras: Humano, Demasiado Humano, que denunciou todos os ideais da cultura ocidental e A Gaia Ciência.

Período do Meio-Dia

Filosofia de Zaratustra. Mensagem.

Obra: Assim Falou Zaratustra. A ideia central é o eterno retorno, considerada por Nietzsche a mais alta fórmula de afirmação. Zaratustra é o conceito de Dioniso e a personalização será o Super-Homem.

Período Crítico

Filosofia da noite. Neste período, torna-se negação e crítica do niilismo. Investida contra a filosofia moral e a religião.

Grandes Questões da Filosofia de Nietzsche

Com o primeiro livro de Nietzsche, O Nascimento da Tragédia, inspirado em Schopenhauer e dedicado a Wagner, é causado pelo contraste entre dois elementos do espírito grego: o dionisíaco e o apolíneo.

  • Dionísio era o deus grego da embriaguez, do vinho e da vegetação. Ele tinha outros nomes, como Baco. Cultos dionisíacos consistiam em orgias místicas que permitiam a união com Deus através do furor báquico.
  • Apolo, por outro lado, era o deus do Olimpo, deus do sol, da luz e da clareza.

Nietzsche considera que os fundamentos da tragédia grega são o coro dionisíaco, que muitas vezes é descarregado em um mundo apolíneo de imagens. A tragédia começou a declinar com as peças de Eurípides, e ainda banaliza a importância do coro. Este elemento dionisíaco desapareceu, e com ele, Apolo. Havia apenas o pensamento socrático, que foi chamado de o grande inimigo de Dionísio, o grande corruptor, porque o homem teórico triunfa sobre o homem trágico. Sócrates, diz Nietzsche, substitui a tragédia grega pelo diálogo platônico. Graças à música e à filosofia alemã, o dionisíaco trágico triunfa novamente. Nietzsche mantém essa predileção pelo dionisíaco, apesar de sua posterior ruptura com Wagner.

Assim Falou Zaratustra, seu segundo trabalho, é dionisíaco, mas com traços transfigurados. Nietzsche substitui Dionísio por Zaratustra para eliminar toda a consolação metafísica. Isso ocorre porque Dionísio foi identificado com a metafísica de Schopenhauer, e sua terceira fase rejeita toda a metafísica. Apenas a moral permanece. Ele escolhe Zaratustra porque o vê como uma figura histórica capaz de superar a moral, no sentido convencional, pois está além do bem e do mal. Mas a afirmação dele é a da vida e da vontade de viver, sempre dizendo "sim" ao mundo. Zaratustra é o mesmo que Dionísio, mas despojado da metafísica de Schopenhauer.

Mas o pior inimigo da civilização não é apenas o cristianismo.

Niilismo e a Morte de Deus

Toda a filosofia pré-socrática era mais dionisíaca, não se preocupava com os valores morais e admitia a força da vida. Sócrates e Platão, em vez disso, valorizam a importância do conhecimento. A força moral da idade aristocrática, nascida de um homem feliz com suas próprias forças e paixões, é substituída por uma negação dessas forças, que são consideradas imorais, e uma afirmação dos valores fracos, os valores dos escravos.

A terceira vez está ficando mais forte com a chegada do Iluminismo e da filosofia idealista alemã, quando é proclamada a morte de Deus. É a morte dos valores absolutos e envolve o lançamento da ideia de um além transcendente. Nietzsche pretende refletir que o mundo das ideias perdeu o papel orientador que exercia sobre nossas vidas. Niilismo significa uma perda de fé no que até então era considerado o mais verdadeiro e agora é mais falso do que verdadeiro, de modo que a cultura não tem sentido.

O niilismo tem um duplo significado:

  • Niilismo ativo: um sinal da vontade de poder da pessoa que supera o desconforto inicial causado pela morte de Deus.
  • Niilismo passivo: o declínio da própria pessoa, que afunda na falta de referências e vive sem propósito, sem chegar a abraçar os valores da vida.

A chave para diferenciar é a vontade de poder. Quando diminui, aparece o niilismo passivo. O niilismo ativo destrói os valores, sendo capaz de substituí-los por seus próprios valores. Isso o levará a desenvolver uma crítica de dois dos principais pilares do Ocidente: a filosofia e a moral.

A Crítica da Filosofia

Para Nietzsche, a filosofia ocidental está corrompida desde Sócrates, porque ele ganhou o direito à vida, Apolo sobre Dionísio. E Platão, porque ele pensa em outro mundo, o das ideias, desvalorizando o mundo real. Por trás do idealismo de Platão e Sócrates, esconde-se o espírito de decadência, o ódio da vida e do mundo, o terror do instinto. Em toda a sua crítica da filosofia ocidental, ele parece excluir Heráclito. Os outros disseram que nada realmente aconteceu. Considere os principais conceitos metafísicos como enganosos. Na ontologia (ser), parece o pior de todos, uma ficção vazia. E também rejeita os conceitos de eu (Descartes), da coisa em si (Kant)... Todos esses conceitos podem surgir de um desrespeito pelo valor dos sentidos e uma superestimação da razão. Propõe, em vez disso, aceitar o testemunho dos sentidos: o real é devir (Heráclito), o fenômeno ou a aparência.

O principal erro da metafísica foi sustentar um mundo real, em oposição a um mundo aparente, quando este é o real. A história da filosofia, portanto, deve ser entendida como uma história de fantasmas da libertação do mundo real. No aspecto epistemológico (da verdade), ele critica. Seu pensamento pode ser considerado um fenômeno, mas também suporta a verdade em si. A verdade é dada por seu valor pragmático. A vontade de verdade é vontade de poder. Só é verdade o que aumenta o poder, o que serve à vida. E contra a metafísica dogmática, ele defende o perspectivismo: "não há fatos, apenas interpretações", não há coisas em si, mas perspectivas. A pergunta "o que é isso?" realmente significa "o que é isso para mim?". E a perspectiva já é uma avaliação feita pela vontade de poder.

Também critica a religião. O cristianismo é o platonismo para o povo e merece as mesmas críticas dirigidas a Platão. E a ciência, entendida em seu tempo como uma mentalidade positivista e mecanicista. Para Nietzsche, não é tudo mecânica e movimento do campo: existem forças (vitalismo dionisíaco).

A Crítica da Moral

Em Genealogia da Moral, Nietzsche empreende uma crítica à moral a partir do estudo da origem dos preconceitos morais. Emprega um método genealógico, investigando a história e a evolução da etimologia dos conceitos morais. Dos três tratados que compõem a obra, o mais interessante é chamado "Bem e Mal, Bom e Mau". Apresenta suas ideias como resultado de uma pesquisa etimológica em todas as línguas. Descobriu que em todas as línguas "bom" originalmente significava "o nobre e aristocrático", em oposição a "mau", entendido como não moral, sinônimo de simples, comum e plebeu. Depois, segue-se que "bom-mau" foram alguns dos adjetivos criados pelos nobres e poderosos, pois eram os únicos que tinham o poder de dar e dar nomes. Depois vem outro versus "bom" versus "mau", agora sim, com caráter moral, e se move para o anterior. A origem dessa mudança é explicada da seguinte forma: aqueles que eram considerados "maus" se rebelam e se autodenominam "bons", e chamam os nobres de "maus", que antes eram considerados "maus" pelos nobres.

Em suma, a moral é o resultado da rebelião dos escravos e é o produto de uma atitude reativa de ressentimento. O ressentimento que criou os valores morais do Ocidente e é responsável pelo surgimento de uma civilização hostil à vida e de um homem incuravelmente medíocre. O niilismo é responsável por essa ameaça ao Ocidente. Mas Nietzsche acredita que chegará um dia em que poderemos viver além do bem e do mal, um dia em que a inocência original será recuperada e o Super-Homem anunciado por Zaratustra aparecerá.

Ele distingue dois tipos de moralidade:

  • Moral dos Senhores: uma moral cavalheiresca, própria dos espíritos elevados, que afirma a vida, o poder, a grandeza e o prazer. É a própria moral do Super-Homem, que deseja a morte de Deus.
  • Moral dos Escravos: a inversão dos valores: a dor, a paciência, a pequenez... O escravo não cria esses valores, mas os encontra em si mesmo, pois é uma moral passiva. Representa a subversão dos valores que nascem com o judaísmo e são herdados pelo cristianismo.

Entradas relacionadas: