Nietzsche: Vontade de Poder, Eterno Retorno e o Super-Homem
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A análise de Nietzsche sobre a cultura ocidental revela a predominância de valores decadentes. Para superar o niilismo atual, esses valores devem ser destruídos, dando lugar à construção de um novo sistema de valores e à descrição do tipo humano capaz de assumi-los: o Super-Homem. Esta é a filosofia de Nietzsche, que disse "sim" à vida.
As Categorias Fundamentais
As principais categorias nas quais devemos basear essa reavaliação de todos os valores, segundo Nietzsche, são: a Vontade de Poder e o Eterno Retorno do Mesmo.
Vontade de Poder
A Vontade de Poder é a força que anima tudo o que é vivo a crescer, renovar-se e superar-se. O termo é usado em oposição à expressão de Schopenhauer "vontade de viver", pois, para Nietzsche, o que já está vivo não quer apenas viver, mas quer mais, quer o que ainda não é, quer poder. Em segundo lugar, ele usa o termo Vontade de Poder contra a suposta vontade de verdade, porque o que importa para Nietzsche não é a verdade em si, mas o que fortalece a vida. Assim, se a mentira reforça a vida, ela é bem-vinda.
Eterno Retorno do Mesmo
A ideia do Eterno Retorno é um conceito emprestado da mitologia grega. Para Nietzsche, ela possui uma dupla dimensão:
- Cosmológica: afirma a repetição cíclica de tudo neste mundo.
- Axiológica: centra-se na forma como valorizamos nossa relação com a existência.
A lealdade à terra, o "sim" à vida e ao mundo, divide os homens em dois grupos:
- O homem superior (o homem trágico), capaz de dizer "sim" à vida.
- O escravo, para quem a vida é uma dor insuportável, por mais desprezível que seja.
O Super-Homem (Übermensch)
Neste ponto, Nietzsche propõe um valor moral fundamental que envolve a superação do homem ocidental decadente e o advento do homem superior: o Super-Homem (Übermensch). Este último é definido por Nietzsche como o indivíduo que foi capaz de assumir o papel de criador de valores, de superar a miséria humana, o niilismo, o ressentimento e a mesquinhez.
As Três Transformações do Espírito
No entanto, para o advento do Super-Homem, o espírito deve passar por três transformações:
- A transformação do espírito em camelo: O espírito do camelo é paciente, o asceta, que carrega em suas bossas o peso dos imperativos morais. É a imagem da vontade subjugada pela moral e pela religião.
- A transformação do camelo em leão: Chega um momento em que o espírito se liberta do camelo, produzindo assim a segunda transformação. O leão quer garantir a sua libertação e, para isso, desafia o seu mestre e Deus, tornando-se crítico e autossuficiente, aquele que diz "Eu quero!" e impõe a sua vontade. No entanto, o leão não é capaz de criar novos valores, mas apenas de conquistar a liberdade.
- A transformação do leão em criança: É neste ponto que ocorre a terceira transformação. A criança representa a inocência, o esquecimento, um novo começo, um jogo, uma roda que se move por si mesma, um sagrado "Sim" à afirmação de si e à capacidade de criar os seus próprios valores.
Após essas três transformações, o indivíduo torna-se o Super-Homem. Para Nietzsche, o Super-Homem encarna uma moralidade que busca o aperfeiçoamento da vida, o desejo de viver plenamente e de afirmar a existência, aceitando o eterno retorno.