Nutrição e Envelhecimento: Guia para Idosos

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Envelhecimento: Senescência vs. Senilidade

O envelhecimento pode ser bem-sucedido (senescência) ou malsucedido (senilidade), resultando em diferenças no planejamento dietético. Processos fisiológicos do envelhecimento são influenciados por fatores genéticos e ambientais. No Brasil, pessoas com 60 anos são consideradas idosas, enquanto em países desenvolvidos, a idade é de 65 anos.

Alterações no Processo de Envelhecimento

1) Dentição incompleta ou prótese desajustada comprometem a ingestão alimentar.
2) Xerostomia - Alteração e redução da salivação.
3) Alteração do paladar e olfato.
4) Doenças da gengiva e cáries não tratadas.
5) Uso de medicamentos anorexígenos.
6) Baixa secreção digestória afeta o volume e a atividade das enzimas digestórias.
7) Sarcopenia - perda de massa muscular.

Alterações no Consumo e Aproveitamento de Alimentos

1) Redução da velocidade do trânsito intestinal - constipação intestinal.
2) O peso corporal tende a aumentar com o envelhecimento; perde-se massa muscular e ganha-se gordura.
3) A partir dos 75 anos, inicia-se a regressão - desnutrição associada a fatores que interferem no hábito alimentar.
4) Redução da massa muscular e do nível de atividade física; baixo GEB e GET.

Obesidade Sarcopênica

Redistribuição da gordura corporal - concentração na região abdominal = resistência à insulina, diabetes e dislipidemias. A obesidade sarcopênica é a baixa massa magra e alta gordura corporal. Consiste na alteração da permeabilidade seletiva das membranas, permitindo a infiltração de gordura e tecido conectivo na fibra muscular e resulta em perda da quantidade e da qualidade musculoesquelética.

Outras Alterações

1) Mulheres: redução da densidade óssea.
2) Redução da água corporal.

Síndrome da Fragilidade

Todas as alterações citadas compõem a síndrome da fragilidade. Critérios para a fragilidade biológica do idoso:

  1. Perda de peso não intencional igual ou superior a 4,5 a 5% do peso corporal.
  2. Avaliar fadiga e depressão (CES-D).
  3. Baixa força de preensão medida com dinamômetro hidráulico portátil na mão dominante.
  4. Baixo dispêndio de energia medido em quilocalorias e ajustado ao sexo, avaliado a partir de exercícios físicos e trabalhos domésticos desempenhados nos últimos sete dias (redução da atividade física).

Fatores Sociais, Cognitivos e Psicológicos

  1. Recursos econômicos dos idosos.
  2. Local de moradia e presença de acompanhantes.
  3. Depressão - solidão, perda de familiares e amigos.
  4. Idosos independentes também necessitam de supervisão.
  5. Perda do fluxo sanguíneo e perda natural de neurônios = incapacidades como perda de memória, das funções cognitivas, do equilíbrio, entre outras.

Fatores Associados ao Envelhecimento

Hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças renais, doenças neurológicas, DCV, entre outras.

É fundamental garantir ao idoso boa qualidade de vida, independente da patologia presente. O idoso, muitas vezes, não consome a quantidade de nutrientes necessária, devido a diversos fatores associados não só à qualidade da ingestão, mas também à biodisponibilidade dos alimentos consumidos.

Recomendações Nutricionais para Idosos

  • Líquidos: 20 a 40 ml/kg de peso.
  • Carboidratos: 60% do VCT - preferência por alimentos integrais e de baixo IG.
  • Proteínas: 0,8 a 1,5 g/kg de peso / Ingestão mínima: 46g para homens e 56g para mulheres.
  • Lipídeos: Não devem ultrapassar 30% do VCT.
  • Fibras: 30g para homens / 21g para mulheres - valor ideal. Em caso de constipação, pode ser necessário aumentar a quantidade de fibras.

Vitaminas e Minerais

  • Piridoxina (Vitamina B6):
    • Atua no metabolismo de homocisteína e glutationa.
    • Importante na redução do risco cardíaco e do estresse oxidativo.
    • Deficiência: pode comprometer funções cognitivas, neurológicas e de imunocompetência.
    • Causa: baixo consumo de carnes e vegetais, uso de medicamentos antiepiléticos, antiasmáticos, antituberculose e levodopa.
    • Recomendação: 1,7 mg/dia para homens e 1,5 mg/dia para mulheres.
  • Folato (Ácido Fólico):
    • Absorção afetada pela hipocloridria, doenças que afetam a porção superior do intestino delgado e drogas neoplásicas.
    • Deficiência pode causar anemia megaloblástica.
    • Deficiência de folato, B12 ou B6 pode aumentar a homocisteína, fator de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, sintomas de depressão, danos cognitivos e Alzheimer.
    • Deficiência é maior em idosos institucionalizados.
    • Farinha fortificada ajuda a reduzir a deficiência no Brasil.
    • Recomendação: 400 mcg/dia.
  • Vitamina B12 (Cianocobalamina):
    • Deficiência é um problema de saúde pública mundial.
    • Baixa absorção devido à má absorção, falta de fator intrínseco, ressecção estomacal, uso crônico de antiácidos (como omeprazol) e hipoglicemiantes (como metformina).
    • Deficiência causa alterações neuropsiquiátricas e anemia megaloblástica.
    • Recomendação: 2,4 mcg/dia.
  • Vitamina D:
    • Deficiência é uma epidemia mundial.
    • Comum em idosos institucionalizados ou acamados que não se expõem ao sol e não fazem reposição.
    • Deficiência aumenta o risco de osteoporose, doenças cardíacas, hipertensão, certos tipos de câncer, desordens imunológicas e dor musculoesquelética.
    • Recomendações: 51 a 70 anos - 15 mcg/dia / >70 anos - 20 mcg/dia.
  • Cálcio:
    • Relacionado à prevenção da osteoporose, redução do risco de queda, proteção contra hipertensão arterial e câncer de cólon.
    • Suplementação é necessária para a maioria dos idosos.
    • Ingestão excessiva de suplementos pode causar cálculo renal e aumentar o risco cardiovascular (dependendo da predisposição).
    • Recomendações: 51 a 70 anos - 1000 mg/dia para homens e 1200 mg/dia para mulheres / >70 anos - 1200 mg/dia.
  • Zinco:
    • Deficiência causa diminuição do paladar, dermatites, comprometimento da imunocompetência, dificuldade de cicatrização e alterações de humor.
    • Recomendações: 51 a >70 anos - 11 mg/dia para homens e 8 mg/dia para mulheres.

Considerações Finais

1) Um dos principais fatores a serem avaliados na senescência é a alimentação.
2) É importante discutir a necessidade de cada pessoa.
3) A alimentação deve considerar a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida.
4) Todos os nutrientes essenciais devem ser considerados no planejamento dietético adequado para os idosos.

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