Nutrição e Hipertensão: Guia Completo

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**1. Prescrição Dietética de Minerais e Vitaminas para Hipertensos**

Vitaminas A, C, D e E, B6, potássio, cálcio, magnésio, zinco e ferro devem ser prescritos. Também é importante prescrever fibras e ômega 3 e 6.

**2. A Importância da Vitamina D no Controle da Hipertensão**

Existem vários mecanismos pelos quais a vitamina D pode auxiliar na redução da pressão arterial (PA), incluindo:

  • Supressão do sistema renina-angiotensina;
  • Efeito benéfico sobre as células endoteliais e as células do músculo liso vascular;
  • Prevenção do hiperparatireoidismo secundário;
  • Renoproteção (redução da proteinúria e da inflamação renal).

**3. Ácidos Graxos Presentes nos Alimentos**

Ácidos graxos saturados: encontrados em produtos de origem animal, como leite e derivados, carnes, embutidos e ovos. A exceção é a gordura do coco, que, apesar de ser um alimento de origem vegetal, é fonte de ácidos graxos saturados.

Ácidos graxos monoinsaturados: óleos vegetais, como no mesocarpo e endocarpo de frutos de palmeiras (como açaí, tucumã e buriti), azeite de oliva, óleo de canola, oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas, etc.), abacate e amendoim.

Efeitos sobre a pressão arterial: Estudos epidemiológicos demonstram relações distintas entre o tipo de gordura ingerida e mudanças na pressão arterial. Modificações nas proporções das gorduras, com redução de ácidos graxos saturados e aumento de ácidos graxos monoinsaturados, podem colaborar para uma redução da pressão arterial. No entanto, esse efeito benéfico pode ser anulado se a gordura total consumida for excessiva.

Ácidos graxos poli-insaturados:

  • EPA e DHA: peixes de água fria e óleo de peixe.
  • Ácido α-linolênico (ω-3): sementes de linhaça, vegetais folhosos de coloração verde-escuro, óleos de oliva, soja e canola.
  • Ácido graxo linoleico (ω-6): óleos vegetais como de milho, girassol, soja e canola.

Efeitos sobre a pressão arterial: A suplementação com óleo de peixe (dose mediana 3,7 g/dia) mostrou reduzir a pressão arterial sistólica em 3,5 mmHg e a diastólica em 2,4 mmHg. Redução de tônus adrenérgico e da resistência vascular sistêmica são mecanismos propostos.

**4. Óleo de Coco e Hipercolesterolemia**

Não se recomenda coco e óleo de coco para o tratamento de hipercolesterolemia. O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são fontes naturais de gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico. Em relação à dislipidemia, sabe-se que gorduras sólidas saturadas ricas em ácido láurico resultam em perfil lipídico mais favorável do que uma gordura sólida rica em ácidos graxos trans. Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas, especialmente ácido mirístico e palmítico, o ácido láurico apresenta maior poder em elevar LDL-C, bem como HDL-C. Entretanto, esse efeito parece não ser a causa do aumento da prevalência de doenças cardiovasculares, de acordo com estudos realizados na Ásia, onde o óleo de coco representa até 80% da gordura consumida em algumas regiões.

No Brasil, um ensaio clínico mostrou redução da relação LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da circunferência abdominal no grupo que utilizou óleo de coco. Apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL, os estudos experimentais comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e seus subprodutos, como o recente estudo com cobaias que comparou óleo de coco com azeite de oliva e óleo de girassol. O grupo tratado com óleo de coco apresentou aumento significativo da fração não HDL e triglicerídeos.

**5. Ácidos Graxos e Colesterol**

Ácido graxo que mais interfere no colesterol: Mirístico e palmítico.

Ácido graxo que não interfere: Esteárico.

**6. Ácidos Graxos no Óleo de Coco e na Carne**

Ácido graxo mais rico no óleo de coco: Láurico.

Ácido graxo mais rico na carne: Palmítico.

**7. Vitaminas e Minerais Importantes no Controle da Hipertensão**

Vitaminas antioxidantes: Vitamina A, C e E.

Minerais: Cobre, selênio, zinco, magnésio, ferro e cálcio.

**8. Insuficiência Cardíaca e Desnutrição**

A insuficiência cardíaca (ICC) tem várias alterações metabólicas que podem levar o indivíduo à desnutrição. Isso ocorre porque a ICC causa cansaço, fadiga e falta de apetite, reduzindo a ingestão alimentar.

**9. Caquexia Cardíaca**

É quando o indivíduo perde mais de 20% do peso corporal.

**10. Controle de Colesterol e Triglicerídeos**

O tratamento não medicamentoso, que compreende mudanças no estilo de vida, como controle de peso, redução da ingestão de sódio e gorduras, maior ingestão de fibras, vitaminas e minerais (incluindo o potássio), redução do consumo de bebidas alcoólicas e café, prática de atividade física regular e abandono do tabagismo, é recomendado em todos os estágios da doença, associado ou não ao tratamento medicamentoso.

**11. Chocolate, Ovos e Colesterol**

O consumo de chocolate rico em cacau não está relacionado ao aumento do colesterol. Recomenda-se 1 ovo por dia, desde que não haja outro alimento com muito colesterol na dieta. O consumo de ovos é restrito para diabéticos.

**12. Diagnóstico de Hipertensão**

Pressão arterial igual ou superior a 140x90 mmHg.

**13. Diuréticos e Perda de Potássio**

Todos os hipertensos usam diuréticos.

Diuréticos que fazem o paciente perder potássio: Furosemida.

Diuréticos que não fazem o paciente perder potássio: Amilorida e Espironolactona.

**14. Alimentos que Reduzem ou Aumentam a Pressão Arterial**

Alimentos que reduzem a PA:

  • Hortaliças folhosas verde-escuras;
  • Fibras (beta-glucano de aveia e cevada);
  • Oleaginosas.

**15. Cafeína, Chocolate, Bebida Alcoólica, Manteiga e Cigarro**

Chocolate: Originário da América do Sul, o chocolate é o produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta ou liquor) de cacau, cacau em pó e/ou manteiga de cacau, com outros ingredientes. A gordura do chocolate, derivada do cacau, é constituída por dois ácidos graxos saturados, o ácido palmítico e o esteárico, e o ácido oleico monoinsaturado, em adição a uma pequena quantidade (menos do que 5%) de outros ácidos graxos. Embora seja conhecido que o consumo de gorduras saturadas aumenta os níveis de colesterol, o consumo regular de manteiga de cacau e chocolate rico em cacau não se relaciona a esse aumento. As quantidades de ácido graxo esteárico são responsáveis pelo efeito neutro sobre o metabolismo do colesterol. Deve-se ter cuidado, no entanto, com chocolate confeccionado com leite, pois pode conter grande quantidade de ácidos graxos mirístico e láurico, conhecidamente hipercolesterolêmicos.

Bebida alcoólica: O consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente.

Manteiga: A relação do consumo de manteiga e colesterolemia é controversa. Porém, de forma moderada e dentro das recomendações de gordura saturada, poderá fazer parte da dieta.

Cigarro: Consultar o consenso para informações específicas.

Queijos: O consumo de queijo deve ser feito com cautela, dando-se preferência para queijos com menor teor de gordura saturada. O consumidor deve observar nas embalagens o teor dessa gordura e evitar o consumo irrestrito de queijos brancos.

**16. Dieta do Mediterrâneo e Dieta DASH**

Dieta do Mediterrâneo: Rica em frutas, hortaliças e cereais integrais, com quantidades generosas de azeite de oliva (fonte de gorduras monoinsaturadas). Inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho. Apesar da limitação de estudos, a adoção dessa dieta parece ter efeito hipotensor.

Dieta DASH: Enfatiza o consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura. Inclui a ingestão de cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas. Preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar. É rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, e contém quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada. A adoção desse padrão alimentar reduz a PA.

**17. Síndrome Metabólica**

A síndrome metabólica é um conjunto de doenças que, associadas, vão levar ao aumento do risco de problemas cardiovasculares. Estas doenças são a obesidade – principalmente aquela caracterizada com aumento de cintura abdominal, pressão alta, alterações de colesterol, triglicerídeos e glicemia.

  • Obesidade central - circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem;
  • Hipertensão Arterial - pressão arterial sistólica ≥ 130 e/ou pressão arterial diastólica ≥ 85 mmHg;
  • Glicemia alterada (glicemia ≥ 110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes;
  • Triglicerídeos ≥ 150 mg/dl;
  • HDL colesterol ≤ 40 mg/dl em homens e ≤ 50 mg/dl em mulheres.

**18. Tratamento da Síndrome Metabólica**

Pelo fato da Síndrome Metabólica estar associada a maior número de eventos cardiovasculares, é importante o tratamento dos componentes da Síndrome. É fundamental que seja adotado um estilo de vida saudável, evitando fumo, realizando atividades físicas e perdendo peso. Em alguns casos, o uso de medicação se faz fundamental. Um endocrinologista pode avaliar e orientar seu caso especificamente.

**19. Mecanismos de Ação das Fibras Solúveis na Redução do Colesterol**

Dentre os diversos mecanismos para explicar a ação das fibras solúveis na redução das taxas de colesterol, pode-se citar:

Alteração do metabolismo dos ácidos biliares: No intestino delgado, os produtos da degradação dos lipídios (colesterol e triglicerídeos) e os ácidos biliares são retidos pelas fibras. Isto faz com que a excreção de ácidos biliares nas fezes aumente e, por consequência, seja reduzida a quantidade desses ácidos que deveriam chegar ao fígado por meio da circulação entero-hepática. Desse modo, os hepatócitos são estimulados a sintetizar mais ácidos biliares primários a partir do colesterol, fazendo com que suas concentrações séricas diminuam. Então, os sais biliares são impedidos de serem reaproveitados, resultando na diminuição da absorção do colesterol biliar, do colesterol proveniente das dietas e de outros lipídeos por intermédio da interação formada pelas fibras solúveis no intestino.

Viscosidade da fibra solúvel: As fibras solúveis são quase que totalmente fermentadas no cólon, produzindo altas concentrações de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Esses elementos são os principais promotores da motilidade do conteúdo fecal e regularizam o trânsito intestinal de forma suave. No intestino, os AGCC funcionam como fonte de energia para a mucosa e formam uma camada superficial suave ao longo dessa mucosa, a qual funciona como barreira na absorção de alguns nutrientes, atrasando o metabolismo essencialmente das gorduras e também dos açúcares.

Por que as fibras ajudam a baixar o colesterol?

As fibras ajudam no controle do colesterol porque elas carregam as pequenas moléculas de gordura para o bolo fecal, que pode ser eliminado naturalmente pelo corpo. Mas, para que tenham o efeito esperado, também é importante beber bastante água ou líquidos claros, como chá sem açúcar, para garantir que o bolo fecal fique mais macio e possa percorrer todo o intestino, sendo eliminado com mais facilidade.

  • Vegetais: vagem, couve, beterraba, quiabo, espinafre, berinjela;
  • Frutas: morango, laranja, pera, maçã, mamão, abacaxi, manga, uva;
  • Grãos: lentilha, ervilha, feijão, soja e grão-de-bico;
  • Farinhas: de trigo integral, farelo de aveia, germe de trigo;
  • Alimentos prontos: arroz integral, pão de sementes, biscoito integral;
  • Sementes: de linhaça, gergelim, girassol, papoula.

**20. Ágar-ágar e Psyllium**

Consultar o consenso para informações específicas.

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