Ontologia de Descartes: Racionalismo e Substâncias

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Ontologia de Descartes

René Descartes é um filósofo do século XVII, posterior ao período escolar, marcado pelo desenvolvimento do humanismo (com foco em estudos antropológicos), a Revolução Científica (com novas teorias e descobertas) e o problema do método científico. É considerado o fundador do racionalismo filosófico, que continuou com autores como Malebranche, Spinoza e Leibniz. Caracteriza-se por um foco na razão humana, utilizando o método dedutivo e confirmando a existência de ideias inatas. Esta filosofia opõe-se ao empirismo britânico, baseado na experiência.

Descartes teve uma educação muito boa desde tenra idade e dedicou a sua vida ao estudo. Não se baseava em filósofos anteriores, tendia a renovar e romper. Logo se tornou famoso, e mudava constantemente de residência, porque pensava que o poderiam prejudicar.

Descartes começou a sua filosofia deixando claro que o seu objetivo é a obtenção de um sistema de verdades autoevidentes (certeza), através do uso metódico da razão. Assim, sintetiza o seu método em quatro regras básicas: evidência, análise, síntese, enumeração e ordem. A partir da primeira, define a dúvida metódica, que tem três níveis: duvidar dos sentidos, duvidar da razão e supor a existência de um gênio maligno.

É assim que podemos concluir a existência do pensamento, ao entender que tudo isso é uma inteligência que pensa. Esta prova é chamada de primeira certeza. A partir daqui, define três níveis de realidade: o sujeito, as ideias do sujeito (entendendo ideias como conteúdo mental, não o eidos platônico) e a realidade. Mas o solipsismo é alcançado: só se sabe da existência do pensamento. Para sair dele, Descartes baseia-se nas ideias inatas de infinito e perfeição. E, para que essas ideias existam em nós, sendo infinitas e perfeitas, segue-se que estas são de Deus. Com a existência de Deus, podemos concluir que não existe o gênio maligno e recuperar a confiança na razão.

Descartes afirma que existem ideias, Deus e um mundo fora da minha consciência, mas deve demonstrá-lo, e para isso recorre às substâncias.

Descartes usa essa noção, destacando a independência, em oposição aos acidentes que são dependentes das substâncias. Ou seja, as substâncias são aquilo que não precisam de nada para existir. Mas se esta noção se aplica somente a Deus, chega-se onde Descartes não queria: o monismo da substância. Descartes, então, propõe dois usos da palavra substância:

  • Substância infinita: Deus.
  • Outras substâncias finitas só precisam de Deus para existir. Desta forma, podemos distinguir dois tipos de substâncias:
    • Res cogitans: ou seja, o pensamento.
    • Res extensa: matéria, extensão.

Entre elas não há qualquer semelhança, e as suas propriedades são opostas (por exemplo, material-imaterial).

Para definir os objetos materiais, Descartes faz uma distinção entre qualidades primárias e qualidades secundárias, que terminam com a extensão. Isto é muito bem explicado por Descartes com um exemplo claro:

Com um pedaço de cera, experimento e percebo a cor, peso, volume... mas imaginemos que há uma fonte de calor e faz com que a cera adquira outra cor, peso, volume... permitindo-me reconhecer que continua a ser cera.

Ou seja, Descartes dá prioridade à qualidade primária da extensão, ao preencher o espaço. Ele conclui que tudo no universo é: Deus, pensamento, extensão e acidentes.

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