Opioides: Mecanismo, Efeitos e Contraindicações

Opioides

1. Quais são os outros efeitos dos opioides, além da analgesia?

   • Depressão respiratória
   • Miose
   • Redução da motilidade do trato gastrointestinal (TGI)
   • Euforia
   • Disforia
   • Sedação
   • Dependência física

2. Qual o problema do uso de opioides?

   O uso de opioides provoca um efeito rápido de tolerância e dependência fisiológica.

3. O que é a Naloxona?

   A Naloxona é um antagonista opioide.

4. Discuta o mecanismo de ação da morfina.

   A morfina ativa receptores opioides, acoplados à proteína Gi. Esta, quando ativada, diminui a atividade da adenilato ciclase, reduzindo o AMPc. Isso leva ao bloqueio de canais de cálcio e à promoção da abertura de canais de potássio, resultando em uma baixa concentração de cálcio intracelular e, consequentemente, na redução da liberação de neurotransmissores e da transmissão do impulso nervoso, além de causar hiperpolarização. Neurotransmissores como serotonina, bradicinina e dopamina, que estimulam os nociceptores e causam a sensação de dor, têm sua liberação inibida por esse mecanismo.

5. Explique os possíveis efeitos terapêuticos e tóxicos do uso de opioides.

   Efeitos Terapêuticos:

   • Analgesia: Principal efeito, atuando no Sistema Nervoso Central (SNC).
   • Supressão da tosse: Em alguns casos, pode ser um efeito terapêutico.

   Efeitos Tóxicos (ou Adversos):

   • Euforia ou disforia
   • Sedação
   • Depressão respiratória (efeito mais grave)
   • Miose (contração da pupila)
   • Náuseas e vômitos
   • No trato gastrointestinal (TGI): aumento do tônus e redução da motilidade, retardando o esvaziamento gástrico e causando constipação.
   • Dependência física e psíquica (com uso crônico)

6. Quais as consequências do uso crônico dos opioides? Como reverter os efeitos colaterais mais graves?

   As principais consequências do uso crônico de opioides são a tolerância e a dependência física e psíquica.

   Para reverter os efeitos mais graves, especialmente a síndrome de abstinência associada à dependência, pode-se utilizar a metadona. Devido ao seu tempo de meia-vida mais longo, a metadona permite uma retirada mais gradual do opioide. Dessa forma, a metadona é utilizada para substituir o opioide de abuso (como morfina ou heroína), e suas doses são gradualmente reduzidas, auxiliando na prevenção da síndrome de abstinência e no manejo da dependência.

7. Vantagens da administração de opioides em relação aos AINEs e o mecanismo de ação de ambos os fármacos.

   Os opioides atuam inibindo a dor de forma central, enquanto os AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteroides) atuam na periferia.

   O mecanismo de ação dos AINEs envolve a inibição das enzimas ciclooxigenases (COX), o que impede a produção de prostaglandinas (como a PGE2). A PGE2 atua diminuindo o limiar nociceptivo e, consequentemente, aumentando a sensação dolorosa. Ao inibir a PGE2, os AINEs reduzem a sensibilização dos nociceptores.

   Os opioides, por sua vez, atuam aumentando o limiar de dor. Quando utilizados em conjunto, a ação dos AINEs (reduzindo a inflamação e a sensibilização periférica) e dos opioides (inibindo a dor centralmente e aumentando o limiar de dor) pode ser sinérgica. Além disso, o paciente teria menos citocinas pró-inflamatórias devido à ação do AINE, e também a inibição do mecanismo de nocicepção pela ação do opioide, resultando em uma atuação conjunta no aumento do limiar de dor.

8. Por que os opioides são contraindicados nos casos de:

   1. Asma
   2. Bronquite
   3. Congestão Pulmonar

   Os opioides são contraindicados nessas condições principalmente porque causam depressão respiratória. Isso agravaria significativamente o quadro de pacientes com doenças respiratórias preexistentes:

   • No caso de asma, onde as vias aéreas já estão inflamadas, estreitas e inchadas, a depressão respiratória implicaria em maior complicação da doença.
   • Para pacientes com bronquite, que apresentam inflamação da mucosa da traqueia e dos brônquios, o quadro também seria agravado.
   • Além disso, o uso de opioides pode ter como consequência a supressão da tosse, um reflexo importante para a limpeza das vias aéreas. Isso agravaria o quadro de pacientes com congestão pulmonar, asma e bronquite, pois a tosse é essencial para remover secreções e manter a permeabilidade das vias aéreas.