Organização Territorial e Política Regional da Espanha
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Divisões Políticas e Administrativas
O Município
Sua função é servir os moradores, sendo suas responsabilidades mais variadas quanto maior a população. O governo local, no âmbito do município, é composto pelo Prefeito e pelos Vereadores, sendo estes últimos eleitos pelos moradores do município.
A Província
É uma entidade territorial formada por um grupo de municípios. Seu papel é promover os interesses provinciais, fornecer e coordenar serviços. O governo e a administração provincial são exercidos pelo Conselho Provincial (composto por um presidente e deputados). Os membros são escolhidos entre os vereadores eleitos.
A Comunidade Autónoma
É uma entidade territorial formada por províncias e ilhas, dotada de autonomia legislativa e capacidade de auto-regulação.
O Processo de Formação do Estado Regional
Período Pré-Autonómico: O Presidente Adolfo Suárez concedeu um regime de autonomia provisória em todas as regiões. Antes da promulgação da Constituição, foi estabelecido um mapa de quatorze pré-autonomias.
Período de Autonomia: Começou após a promulgação da Constituição. Reconhece a unidade da nação espanhola e o direito à autonomia das nacionalidades.
Termos da Constituição
A Constituição permitiu que províncias limítrofes com histórico comum se tornassem regiões autónomas.
Processo de Constituição (Vias)
O processo de constituição incluiu duas vias:
- Artigo 151: A via que autorizava o acesso ao teto máximo de competências.
- Artigo 143: A via que concedia imediatamente certos poderes, mas exigia um período de cinco anos para ampliar as competências.
- Catalunha, País Basco e Galiza alcançaram a autonomia através do Artigo 151.
- Andaluzia acedeu pela via especial do Artigo 151.
- Navarra optou pelo Aperfeiçoamento da Carta (ou Amejoramiento del Fuero), somando aos poderes que já possuía aqueles conferidos pelo Artigo 151.
- O restante das comunidades acedeu através do Artigo 143. A iniciativa regional exigiu o acordo de todos os conselhos municipais.
- Ceuta e Melilla foram constituídas como cidades autónomas, com capacidade legislativa limitada.
A Organização das Comunidades Autónomas
Cada Comunidade Autónoma é regida pelo seu Estatuto de Autonomia, aprovado pelo Parlamento. O Estatuto contém o nome, os limites territoriais, a denominação, a organização e os organismos autónomos.
As Comunidades podem assumir competências em vários campos, estabelecidas pela Constituição. Esses poderes podem ser exercidos exclusivamente (legislar e fazer cumprir a legislação) ou compartilhados com o Estado.
Poderes assumidos pelas comunidades: políticas, infraestrutura económica e de transportes, uso do solo, sociais e de saúde, culturais, atividades desportivas e de lazer.
Instituições de uma Comunidade Autónoma:
O Parlamento Regional elabora legislação em matérias de competência regional, aprova o orçamento e controla o executivo regional.
O Conselho de Governo (Executivo) é o poder executivo. É composto pelo Presidente da Comunidade, eleito pelo Parlamento Regional.
O Tribunal Superior de Justiça é o órgão máximo do poder judiciário na Comunidade. Suas decisões podem ser objeto de recurso para o Supremo Tribunal e o Tribunal Constitucional.
Em cada comunidade há um Delegado do Governo Central.
O Financiamento das Comunidades Autónomas
Comunidades financiadas pelo sistema comum: Financiadas através do imposto de renda e de impostos próprios concedidos pelo Estado.
O Regime Foral: Afeta o País Basco e Navarra, onde cada província é financiada por receitas fiscais arrecadadas pela sua própria administração fiscal.
O Fundo de Compensação Interterritorial (FCIT): Procura evitar desequilíbrios regionais, fornecendo renda para as comunidades mais desfavorecidas.
O Estatuto da Autonomia baseia-se na igualdade e na solidariedade territorial. Isto implica que os estatutos das comunidades não podem conter privilégios ou discriminação em matéria fiscal.
A Base da Política Regional
A política regional em Espanha, inicialmente focada nos Planos de Desenvolvimento (1964-1975) para promover a indústria em áreas atrasadas, teve resultados insatisfatórios. Isso levou a uma nova Política Regional (1986), marcada por três fatores:
- O desejo de implementar o princípio da solidariedade territorial.
- A criação e desenvolvimento do Estado Autonómico.
- A adesão à Comunidade Europeia.
Estes fatores moldaram a nova política regional espanhola, na qual o Estado perdeu a sua proeminência anterior.
Objetivos da Política Regional Europeia
A nova política regional para o período 2007-2013 visa reforçar a competitividade de todas as regiões para lidar com a crescente concorrência global. O objetivo é promover a economia do conhecimento (I&D, sociedade da informação e inovação) e melhorar o modelo social num quadro de desenvolvimento sustentável.
Objetivos:
A Convergência: Aproximar as regiões menos desenvolvidas das mais avançadas.
- Regiões de Convergência Pura: Com um PIB inferior a 75% da média da UE (Andaluzia, Castela-La Mancha, Extremadura e Galiza).
- Apoio às Regiões de Convergência de Transição (Phasing Out): Regiões que saíram do Objetivo Convergência devido ao aumento da média europeia (Astúrias e Múrcia).
A Competitividade Regional e Emprego: Melhorar a competitividade das regiões e o emprego.
- Regiões de Competitividade e Emprego Puras: Com um PIB superior a 75% da média da UE (Cantábria, Navarra, País Basco, La Rioja, Aragão, Catalunha, Madrid, Baleares).
- Apoio Transitório à Competitividade e Emprego (Phasing In): Regiões que, antes de 2007, estavam no grupo das menos desenvolvidas (Castela e Leão, Valência e Canárias). As Canárias recebem 44,4% do total do fundo para as Regiões Ultraperiféricas (RUP).
Os Instrumentos da Política Regional Europeia
O FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) financia investimentos para reduzir os desequilíbrios regionais. O fundo fornece apoio às regiões de convergência.
O FSE (Fundo Social Europeu) financia atividades destinadas a desenvolver os recursos humanos, prevenir o desemprego e melhorar o acesso ao emprego.
O Fundo de Coesão financia apenas o investimento público em meio ambiente e nas redes transeuropeias de transporte, em países com PIB inferior a 90% da média da UE.
O Impacto da Política Regional Europeia
Transferência de Soberania para a União Europeia: O Estado deve informar a UE sobre as políticas de desenvolvimento regional, e a UE pode autorizá-las, alterá-las ou proibi-las.
Recebimento de Ajuda e Convergência: Espanha é o país que mais recebeu ajudas europeias. Estas doações favoreceram a convergência espanhola com a UE, auxiliando o crescimento do PIB e do emprego.
Redução do Desequilíbrio Regional: Concentração de esforços nas regiões mais desfavorecidas, reduzindo o desequilíbrio interno.
Os Objetivos da Política Regional do Estado
- Alcançar o desenvolvimento regional equilibrado.
- Promover as regiões mais desfavorecidas.
- Promover o potencial endógeno.
Estratégias para alcançá-los:
- Consolidar o crescimento das regiões mais dinâmicas, como Madrid.
- Travar o declínio da costa cantábrica.
- Incentivar o eixo Mediterrâneo-Sul (Andaluzia e Múrcia).
- Apoiar outras regiões, através de grandes investimentos.