Origem e História da Filosofia Ocidental

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1. A Origem da Filosofia

A filosofia ocidental começou na Grécia Antiga e desenvolveu-se principalmente no Ocidente. O termo "filosofia" é originário do Ocidente, e a sua criação tem sido atribuída ao filósofo grego Pitágoras. A sua popularidade deve-se, em grande parte, às obras de Platão e Aristóteles. Filosofia é o estudo de uma variedade de problemas fundamentais sobre assuntos como a existência, conhecimento, verdade, moralidade, beleza, mente e linguagem.

1.1. Contexto Socioeconômico

A organização social grega estava estruturada em torno da riqueza possuída pela nobreza, que detinha terras e poder político. Juntamente com os nobres, destacavam-se os pequenos proprietários de terra. Estes proprietários eram financeiramente dependentes dos nobres. Isto deu origem ao fenómeno conhecido como colonização.

A organização política girava em torno da democracia.

1.2. Contexto Religioso

Na sua forma mais simples, a religião grega consistia na adoração aos doze deuses do Olimpo, sendo Zeus o soberano supremo. A cada um dos deuses gregos eram atribuídas funções específicas. Havia também muitos deuses locais, muitos dos quais foram identificados com os Olímpicos. Os gregos não tinham uma palavra específica para "religião", nem uma classe sacerdotal organizada como em outras culturas.

2. Mitos e Filosofia

Na Grécia, antes do surgimento da filosofia, predominava a visão mitológica do mundo. O mito é uma narrativa fantástica acerca de um evento, uma personagem ou a origem de algo.

Os mitos eram frequentemente cosmogonias. Uma cosmogonia é uma explicação mítica sobre a origem do universo.

2.1. Necessidade vs. Arbitrariedade

A ideia de arbitrariedade (associada às vontades divinas nos mitos) foi substituída pela ideia de necessidade na explicação filosófica da realidade.

A necessidade implica que as coisas acontecem de acordo com uma ordem racional. Esta ordem significa abandonar a explicação mitológica e procurar regularidades na natureza, que não dependem das ações arbitrárias dos deuses.

3. Os Primeiros Filósofos

Os primeiros filósofos surpreenderam-se com a realidade ao seu redor. Observavam o mesmo que todas as outras pessoas, mas não se satisfaziam com as explicações tradicionais (míticas).

Os primeiros filósofos procuraram responder a questões fundamentais sobre a origem do ser e a natureza (physis).

3.1. O Arché

A questão do arché (o princípio ou origem fundamental do real) foi central para esses filósofos iniciais.

Do ponto de vista filosófico, o mais importante não é tanto a resposta específica dada por cada um, mas a própria questão colocada e a forma racional de a abordar.

Os primeiros filósofos são geralmente divididos em dois grupos: os filósofos monistas (que propunham um único princípio) e os filósofos pluralistas (que propunham múltiplos princípios).

4. Períodos da Filosofia Ocidental

4.1. Antiguidade

A filosofia da Antiguidade inicia-se com o nascimento desta disciplina no século VI a.C. Os primeiros filósofos questionavam a origem da realidade. O pensamento filosófico antigo é profundamente marcado por três grandes filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles.

4.2. Idade Média

Costuma-se dividir a filosofia medieval em três períodos principais:

  • Patrística: Primeiros séculos do cristianismo (aproximadamente séculos II a VII). Abrange os ensinamentos dos Padres da Igreja. O tema filosófico central desta época é a tentativa de harmonizar a fé cristã e a razão filosófica.
  • Escolástica: Do século VII ao XIV, aproximadamente. Neste período, desenvolvem-se os grandes sistemas filosófico-teológicos, procurando integrar a filosofia aristotélica com a doutrina cristã (destaque para Tomás de Aquino).
  • Crise da Escolástica: Inicia-se no século XIV, com as contribuições filosóficas de pensadores como Guilherme de Ockham, e implica uma crescente separação entre fé e razão.

4.3. Idade Moderna

A Idade Moderna (séculos XV-XVIII) é marcada por um evento transformador: a Revolução Científica.

A partir da Revolução Científica, ocorre uma progressiva separação entre filosofia e ciência, especialmente a ciência experimental.

As investigações filosóficas principais desta época centram-se na teoria do conhecimento (epistemologia): como é possível conhecer e quais os limites do conhecimento. Destacam-se duas correntes principais:

  • Racionalismo: Fundado por Descartes, defende que a razão é a fonte primária do conhecimento.
  • Empirismo: Surgido na Grã-Bretanha (Locke, Hume), argumenta que a experiência sensorial é a base do conhecimento.

A filosofia de Immanuel Kant (1724-1804) representa uma tentativa de síntese crítica entre as teses do racionalismo e do empirismo.

4.4. Idade Contemporânea

A Idade Contemporânea (século XIX até hoje) caracteriza-se, em parte, por um certo abandono e desconfiança em relação à razão como ferramenta única de explicação e progresso. Surge a chamada Filosofia da Suspeita (Marx, Nietzsche, Freud), que questiona os pressupostos da racionalidade e da consciência.

5. A Filosofia e Outros Saberes

5.1. Filosofia e Ciência

A diferença fundamental entre ciência e filosofia é de tipo metodológico. A ciência avança no seu conhecimento da realidade primordialmente através do método experimental (observação, hipótese, experimentação, verificação).

5.2. Filosofia e Religião

A religião parte de um conjunto de verdades reveladas, oferecidas ao ser humano como ensinamentos divinos. A filosofia, através da razão, pode chegar a conclusões com conteúdo idêntico a algumas verdades religiosas, mas o seu método é puramente racional.

Por outro lado, a religião implica frequentemente um estilo de vida orientado para uma salvação transcendente, algo que a filosofia, por si só, não oferece.

6. O Método Científico

Em sentido geral, a ciência possui um método específico de trabalho: o método científico. O método é, nas palavras de Descartes, "o caminho a seguir para alcançar a verdade nas ciências". Para obter afirmações verdadeiras e universais, o método científico baseia-se em procedimentos como a indução e a dedução.

6.1. Indução

A indução é o processo de raciocínio que parte da observação de múltiplos casos particulares para chegar a uma afirmação geral ou universal. O raciocínio indutivo, embora não garanta certeza absoluta, é fundamental para a formulação de leis científicas.

6.2. Dedução

A dedução é o processo de derivar conhecimentos novos a partir de premissas ou conhecimentos já estabelecidos, usando regras lógicas.

6.3. Fases do Método Científico

As fases típicas do método científico (hipotético-dedutivo) incluem:

  1. Definição do problema ou facto a estudar.
  2. Observação sistemática do facto/fenómeno.
  3. Formulação de uma hipótese explicativa.
  4. Teste da hipótese através de experimentação ou observação controlada (procurando a sua verificação ou refutação).
  5. Formulação de uma lei (se a hipótese for consistentemente verificada).
  6. Inclusão da lei numa teoria científica mais abrangente.

7. Definição de Filosofia

Etimologicamente, filosofia significa "amor à sabedoria" (do grego: philo + sophia).

A filosofia é um tipo de saber que se determina por um conjunto de características específicas:

  • É um conhecimento racional: Utiliza a razão e a argumentação lógica, questionando o porquê último das coisas.
  • É um saber amplo e radical: Procura compreender a totalidade da realidade nos seus fundamentos mais profundos.
  • É um conhecimento crítico: Examina os pressupostos, os conceitos e as crenças estabelecidas, fornecendo ferramentas para interpretar a realidade e a condição humana.
  • É um conhecimento não isolado: Embora distinta, a filosofia dialoga com outros tipos de saber (ciência, arte, religião) e contribui com as suas reflexões sobre eles.

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