Origens e Evolução dos Estudos Gramaticais

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A origem da gramática que conhecemos atualmente se dá na Grécia Antiga, com os estudos de filósofos como Platão e Sócrates. Estes se preocupavam principalmente com a denominação: Platão estabeleceu a distinção entre substantivo e verbo, por exemplo, e abriu caminho para a compreensão analítica da estruturação do pensamento. Mais tarde, Aristóteles expande as classes de palavras, distinguindo também classificações primitivas de conjunções e qualificadores. Dos estoicos, temos ainda os primeiros estudos de etimologia e das regularidades da língua. Contudo, tais ideias faziam parte de uma teoria geral do conhecimento envolvendo a filosofia e a lógica, sem ainda constituir uma gramática independente.

É no século II a.C. que Dionísio da Trácia dá um passo fundamental rumo à mudança desse panorama, escrevendo a primeira descrição de uma língua, o grego da Ática, de forma sistemática e abrangente, autônoma com relação a outras áreas do conhecimento. Apolônio Díscolo (séc. II d.C.), por sua vez, reforçou essa tendência, deixando na mesma época obras referentes à Sintaxe das partes do discurso.

A tradição dos estudos gregos se estenderia com o Império Romano, tendo Varrão (séc. I a.C.) grande destaque por aplicar a gramática da Grécia em uma língua diferente, a latina. Sua obra, De língua latina, tem por objetivo a escrita e fala correta do latim clássico e a compreensão de obras poéticas, e centra-se na Morfologia, trazendo conceitos perdurantes até os dias atuais. Séculos mais tarde, quando a variante vulgar do latim já é reconhecida pelos estudiosos, Donato e Prisciano (séc. IV d.C.) se tornam as referências gramaticais da Idade Média: o primeiro pelo trabalho com a fonética e as comparações entre o grego e o latim, e o segundo por conceber a primeira sintaxe da língua latina, que incluía questões acerca da regência e transitividade.

Como para a história, a Idade Média foi um período decisivo para os estudos gramaticais. Se uma de suas vertentes de estudos dá continuidade ao estudo da língua latina, outra emerge da necessidade de observar e estudar as línguas dos povos dominados pelo Império Romano. Volta-se o olhar para outras realidades linguísticas, como prova a gramática Doctrinale puerorum, de Alexandre Villedieu (séc. XIII), voltada para o ensino de um público que não tinha o latim como língua materna, a análise de outras línguas românicas “vulgares” e as “exóticas”, encontradas em outros continentes. É certo dizer que, portanto, ainda que para fins de interesse do Império, como a catequização, foi no Renascimento que se estabeleceu o estudo e ensino da gramática mais voltado para a diversidade linguística, sistematização e clareza de ideias, catalisando o avanço dessa área de forma inigualável com qualquer momento histórico anterior.

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