Ortega y Gasset: As 3 Etapas da Sua Filosofia e Contexto
Classificado em Filosofia e Ética
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1ª Etapa: Objetivismo (1883-1913)
O objetivismo nasceu em Madrid em 1883, em uma família ligada à cultura e ao jornalismo. Seu avô fundou o jornal The Guardian, no qual Ortega iniciou suas colaborações jornalísticas. Sua viagem à Alemanha (1905-1907) caracteriza o objetivismo, que se estende até a publicação das Meditações sobre Dom Quixote.
Seus interesses filosóficos estavam orientados para o estudo sério do Neokantismo. Ortega assimilou o espírito da filosofia de Kant, que considerou muito proveitosa para seus interesses vitais e para o futuro da Espanha. Em seu retorno, visava a modernização da Espanha. Aspirava a uma reforma radical da alma espanhola, guiada pela disciplina intelectual, o desejo de clareza, objetividade e rigor. Tornou-se um dos protagonistas do mundo cultural espanhol.
2ª Etapa: Perspectivismo (1914-1923)
Nesta fase, Ortega publicou seu livro Meditações sobre Dom Quixote, que inicia o perspectivismo. Neste trabalho, encontramos a teoria e a doutrina perspectivística das circunstâncias. Esta fase culmina com O Tema de Nossa Época (1923), que visa superar o racionalismo e a modernidade pelo perspectivismo, reivindicando uma razão incardinada na vida.
Nesta fase, surgem dois conjuntos de ideias:
- O problema da mudança radical de toda a Espanha.
- Ortega apela à cultura europeia, e o objetivo é superar a modernidade. Deve-se superar o racionalismo e o idealismo, e surge a noção de circunstância e perspectiva.
3ª Etapa: Raciovitalismo e Razão Histórica (1924-1955)
A este período (1924-1955) pertencem ideias como a relação vitalismo-novo e questões sobre a razão histórica, que giram em torno da realidade fundamental da vida.
Comparação: Ortega y Gasset e Nietzsche
A relação entre esses dois filósofos apresenta tanto afinidade quanto discrepância.
Afinidades
A vida, entendida como a realidade fundamental e material principal do pensamento filosófico, é o que conecta esses dois pensadores. O conceito radical da realidade, entendida como a vida específica do indivíduo, tem seu antecedente na concepção da própria vida de Nietzsche.
Discrepâncias
Para Nietzsche, a vida deve ser entendida como um fundo irracional dionisíaco. Para Ortega, a vida não exclui a razão.
Outro conceito que relaciona ambos os filósofos é a perspectiva:
- Para Nietzsche, o perspectivismo é a afirmação de que não há verdade absoluta.
- Para Ortega, o perspectivismo não nega a existência de verdades, mas enfatiza o indivíduo subjetivo.
Contexto Histórico e Social da Espanha
Ortega y Gasset afirmou que sua filosofia sempre teve como uma de suas origens a situação histórica da Espanha, o que ele designou como "O Problema da Espanha".
O Século XIX e a Crise de 98
No século XIX, a Espanha viu tentativas de estabelecer um regime liberal, com soluções alternativas monárquicas e republicanas, culminando na Restauração Bourbon. A perda dos últimos territórios ultramarinos após a Guerra de 1898 atesta a perda de poder e do papel da Espanha no cenário internacional. Isso gerou um movimento intelectual e político que buscava a "regeneração da Espanha".
O Regeneracionismo surge na Geração de 98, que tentou renovar o sistema parlamentar de partidos políticos (baseado na alternância de liberais e conservadores) e modernizar as estruturas do Estado. Ortega foi deputado durante a Segunda República.
Contexto Social (Século XX)
O contexto social e cultural da Espanha na metade do século XX era de um país que se incorporava de forma lenta e tardia à Revolução Industrial. A sociedade era composta por:
- Uma aristocracia rural e conservadora.
- Uma classe superior que possuía fábricas e bancos.
- Uma classe média muito pequena e sem peso específico.
- Uma classe trabalhadora (camponeses, operários e funcionários) com forte capacidade associativa.
Duas das principais características desta sociedade eram a grande concentração de propriedade e o analfabetismo.
Contexto Filosófico Internacional
Na arena internacional, duas correntes filosóficas eram proeminentes:
- O Neokantismo, professado na Universidade de Marburg.
- A Fenomenologia de Edmund Husserl.
Estas correntes representaram um esforço genuíno para a refundação da filosofia, após um período em que a ciência e o progresso pareciam ter relegado a filosofia a um conhecimento obsoleto e inútil.