Ortega y Gasset: Objetivismo, Perspectivismo e Raciovitalismo

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Justificação da posição filosófica de Ortega y Gasset

Ortega y Gasset (1883-1955) foi um jornalista, professor universitário e filósofo espanhol. Participou como deputado nas Cortes Constituintes da Segunda República e viveu no exílio.

As suas fontes filosóficas são os filósofos gregos, Leibniz (racionalista do século XVII), Velázquez (a pintura é a perspectiva), o neokantismo, Nietzsche e o historicismo.

A sua filosofia pode ser dividida em três períodos:

  • Objetivismo: Nesta fase, dá primazia às coisas e vê a ciência como uma forma de se aproximar delas. Ortega constata o fosso crescente entre a Espanha e a Europa e propõe a reforma intelectual do nosso país e a ciência como forma de sair da decadência.
  • Perspectivismo: Neste período, critica o objetivismo e o racionalismo (posição dominante na história da filosofia), pois estes sustentam que a verdade é uma e a mesma para todos, independentemente do sujeito. Também critica o subjetivismo e o relativismo, porque destacam o papel do sujeito a ponto de negar a verdade universal.

Critica também o realismo, porque considera a realidade como independente do sujeito, e o idealismo, porque acredita que nada existe fora da mente e, portanto, a realidade é uma invenção do sujeito.

Para superar estas posições, Ortega propõe o perspectivismo como uma teoria do conhecimento que afirma que a realidade tem muitas faces e pode ser vista de diferentes pontos de vista, determinados pelas circunstâncias de cada um. Ortega diz que "eu sou eu e as minhas circunstâncias", considerando que as circunstâncias são o nosso mundo, a nossa realidade individual, social, histórica... O eu e o mundo estão ligados.

Para Ortega, a verdade é a soma de verdades parciais, a soma dos pontos de vista. A única perspectiva falsa é aquela que pretende ser única e se baseia na razão pura da filosofia tradicional. Contra essa razão pura, Ortega oferece uma razão vital e histórica.

  • Raciovitalismo: Representa a fase de maturidade em que, sem abandonar o perspectivismo, se propõe a combinar a razão e a vida.

Critica o vitalismo porque este menospreza a razão, e o racionalismo porque não admite as áreas de irracionalidade. Para Ortega, a vida não pode viver sem a razão, e a razão está a serviço da vida.

Neste período, as ideias fundamentais de Ortega para nós são as seguintes:

  • A realidade radical da vida como o primeiro; o pensamento vem depois. ("Penso porque vivo.")
  • A vida é vivências e circunstâncias (eu e o mundo).
  • As categorias mais importantes da vida são: viver é a maneira de ser radical, é encontrar-se no mundo, é autoaprendizagem, é uma tarefa constante, é um problema, é liberdade, convivência e coexistência, é o futuro...

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