Padres Maçons e Progresso no Brasil Império
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Padres Maçons no Brasil Império
A Influência Maçônica no Clero
As publicações maçônicas indicam um número elevado de padres e frades que foram maçons no Brasil. O Bispo José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, bispo de Olinda, era maçom, segundo a literatura maçônica. Se verdadeira, essa afirmação explicaria a aceitação da maçonaria entre os clérigos do Nordeste.
Padres maçons, liberais, nacionalistas e revolucionários, participaram e lideraram as revoluções de 1817 e 1824 em Pernambuco. Destacam-se figuras como o Cônego Francisco Muniz Tavares, o padre João Ribeiro Pessoa, os padres José Inácio de Abreu e Lima ("Padre Roma") e Miguel Joaquim de Almeida ("Padre Miguelinha"), e Frei Joaquim do Amor Divino ("Frei Caneca"). Muitos padres e frades foram presos por participarem dessas revoluções, que lutavam pela independência e o "progresso" do Brasil.
A Ideia de Progresso
"Progresso" é a palavra-chave para entender a relação entre liberalismo, maçonaria e protestantismo no Brasil do século XIX. A ideia de progresso atingiu seu ápice no século XVIII, influenciando círculos sociais e acadêmicos. Era mais importante que as ideias de igualdade, justiça social e soberania popular, que posteriormente foram incorporadas ao conceito de "progresso".
O conceito de progresso assumiu duas faces: liberdade e poder. A ideia de progresso como liberdade, a partir do discurso de Turgot em 1750, inspirou liberais brasileiros e latino-americanos. A imigração europeia, vinda de países protestantes, era vista como importante, pois esses países eram considerados exemplos de liberdade e progresso material.
A importação de tecnologia e conhecimento científico era crucial para o Brasil, que havia herdado dos portugueses uma população majoritariamente analfabeta. Faltava conhecimento em mecânica e tecnologia moderna. Os liberais brasileiros acreditavam que o progresso material e político vinha dos países protestantes, e que a imigração protestante era essencial para o desenvolvimento do país.
A Imigração e a "Mudança da Alma Brasileira"
A imigração europeia era vista com temor por brasileiros de origem africana, como Justiniano José da Rocha, que se converteu ao catolicismo e passou a atacar as imigrações germânica e anglo-saxônica. Antônio Augusto da Costa Aguiar e o Deputado Aureliano Cândido Tavares Bastos defenderam a imigração maciça alemã e anglo-saxônica como forma de modernizar o Brasil.
Tavares Bastos propôs um programa liberal que incluía ampla liberdade de comércio, reconhecimento da divisão internacional do trabalho, abertura do Amazonas ao comércio internacional e a "mudança da alma brasileira" através da imigração. Essa "mudança" representava uma transformação cultural e religiosa, de uma cultura afro-indígena com um verniz de catolicismo português para uma cultura europeia e protestante.
O Protestantismo, o Liberalismo e a Maçonaria
Missionários protestantes receberam apoio de maçons e liberais. James Cooley Fletcher, possivelmente maçom, acreditava que, com a separação entre Igreja e Estado, muitos liberais brasileiros se tornariam protestantes. No entanto, o médico missionário Robert Reid Kalley discordava, considerando os liberais "infidels" que usavam o protestantismo para atacar a Igreja Católica.
A "Questão Religiosa" de 1872 entusiasmou os presbiterianos, que acreditavam na possibilidade de conversões em massa com a separação entre Igreja e Estado. No entanto, essa separação não ocorreu naquele momento, possivelmente devido a desentendimentos dentro da maçonaria.
Os Desentendimentos Maçônicos e a "Questão Religiosa"
Em 1872, houve uma tentativa de fusão entre os Grandes Orientes do Lavradio e dos Beneditinos. A "Questão Religiosa" intensificou os ataques às leis e tradições que limitavam os direitos civis dos acatólicos, gerando atritos com a Igreja Católica. A luta pelo poder dentro da maçonaria e a pressão da Igreja levaram à dissolução da união maçônica.
A República e a Separação da Igreja e do Estado
A proclamação da República em 1889 marcou o fim da luta pela separação entre Igreja e Estado e pelos direitos civis dos acatólicos. Rui Barbosa redigiu os decretos que implementaram essas mudanças, cumprindo os objetivos de liberais, republicanos, maçons e protestantes.
Conclusão
A ideia de "progresso" uniu liberalismo, maçonaria e protestantismo no Brasil do século XIX. Inicialmente, o progresso era associado à liberdade. Depois, passou a incluir o desenvolvimento econômico e tecnológico, a ser alcançado pela imigração e pelo protestantismo. Com o positivismo, o progresso passou a ser associado à ordem e ao poder, negando a ideia de liberdade individual. A ligação entre esses grupos continuou após a República, mas o protestantismo passou a se concentrar na evangelização das camadas populares, deixando de lado a atuação política.
Bibliografia
(Conteúdo da bibliografia mantido como no original)