Panorama da Literatura Espanhola Pós-1975: Teatro e Poesia
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O Teatro Espanhol Pós-1975: Realidade e Tendências
As circunstâncias políticas e sociais que se desenvolveram na Espanha desde 1975 foram muito favoráveis ao teatro. O desaparecimento da censura coincidiu com o interesse do Estado em subsidiar as iniciativas teatrais e com a criação de instituições como o Teatro Nacional, o Centro de Documentação Teatral e o Centro Nacional de Novas Tendências Cênicas. Além disso, houve um aumento nas publicações para a divulgação de textos teatrais e na realização de festivais por toda a Espanha.
Curiosamente, em um ambiente aparentemente tão favorável, houve poucas estreias de novas obras, e o público mostrou-se relutante em frequentar os teatros, talvez por causa da concorrência do cinema e da televisão.
Dos dramaturgos que iniciaram sua carreira nas décadas anteriores, ainda são representadas as obras mais realistas, como as de Antonio Buero Vallejo e Antonio Gala. Em contrapartida, muitos dramaturgos experimentais que viveram momentos de sucesso entre 1968 e 1975 perderam seu público.
O apoio governamental foi reduzido às companhias independentes, que em muitos casos se tornaram empresas estáveis, apoiadas pelas Comunidades Autônomas. No entanto, grupos como Els Joglars e Els Comediants mantiveram sua independência e prestígio.
Nas peças lançadas desde 1975, observa-se, como em outros gêneros, um ecletismo notável. Embora a maioria dos tipos de obras cultivados tenha entrado na linha do teatro de evasão, há também uma valorização do teatro de costumes sociais, com atualizações de acordo com as novas realidades e os personagens da sociedade espanhola contemporânea. Um autor representativo dessa época é José Sanchis Sinisterra.
A Poesia Espanhola Pós-1975: Diversidade e Novas Tendências
A poesia espanhola pós-1975 é bastante heterogênea, em parte devido à coexistência de pelo menos cinco gerações de poetas em atividade. A tendência geral da poesia contemporânea tem sido a de contornar o culturalismo mais recente, considerado esgotado. Além disso, novas gerações surgiram de forma muito independente, fora de escolas ou modas. Como resultado dessa atitude geral de independência, as tendências são muito diversas:
- O poeta e crítico Luis Antonio de Villena indicou um retorno ao que ele chamou de "tradição clássica", entendida como a sobrevivência histórica dos temas e formas da literatura greco-romana através da literatura ocidental. Inicia-se uma nova leitura da poética tradicional, uma poesia que abrange desde autores clássicos à poesia de guerra, passando pelas obras de escritores modernistas, simbolistas e parnasianos, aos quais se dedica especial atenção.
- Toda esta tradição é muito valorizada pelos poetas mais jovens, que atendem às sensibilidades contemporâneas e ainda se atrevem à paródia ou ao humor. Um poeta muito característico dessa tendência é Luis García Montero, que em sua obra Écloga de Arranha-céus revisita tanto a métrica quanto o tema amoroso de Garcilaso de la Vega, recriando-os em chave urbana.
- Existe uma abordagem à poesia narrativa. Os poemas recolhem anedotas, colocadas na boca de personagens que contam histórias, utilizando uma linguagem coloquial e incorporando elementos do cotidiano. Um exemplo é o poema Culpa, de Correyero.
- Observa-se também um renascimento do surrealismo e uma intensa purificação da linguagem. É característico o interesse por questões urbanas e referências a outros eventos culturais, como filmes ou música rock.
Naturalmente, paralelamente a estes jovens poetas, continuam a trabalhar e a publicar autores da etapa anterior. Alguns dos que já desfrutam de um lugar estável na estima dos críticos e leitores são, por exemplo, Luis Antonio de Villena, Luis Alberto de Cuenca, Antonio Colinas ou Jaime Siles.