Panorama da Literatura Espanhola: Do Renascimento à Poesia Contemporânea
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Unidade 11: O Renascimento
239. Comparativo: Idade Média e Humanismo
Idade Média (Teocentrismo) | Humanismo (Antropocentrismo) |
---|---|
O ser humano é mau e é julgado por Deus. | O homem é, por natureza, bom. |
A vida e o mundo são um vale de lágrimas. | A vida é um momento agradável e deve ser desfrutada. |
A arte busca a morte moral. | A arte busca a beleza clássica. |
O fim é a morte. | A memória perdura graças à fama. |
241. Lírica no Início do Renascimento
No século XVI, a ópera italiana é introduzida. Garcilaso de la Vega e Juan Boscán são os impulsionadores. Garcilaso conseguiu, melhor do que ninguém, imprimir o novo estilo de poesia em castelhano.
Os três canais para expressar a beleza são:
- Amor: concepção platônica. Reflexo da mulher idealizada da divindade.
- Natureza: cenário ideal, um refúgio de paz e tranquilidade.
- Mitologia: da cultura greco-romana, usada para exemplificar situações ou experiências.
241. Tópicos Comuns no Renascimento
- Carpe Diem: (aproveitar o momento presente e a chegada da morte).
- Locus Amoenus: (paisagem agradável): cenário ideal para o amor.
- Beatus Ille: (feliz aquele que...): valorização da vida tranquila.
- Aurea Mediocritas: (mediocridade dourada): apreço pelo simples e cotidiano, em contraste com o desejo desordenado de riquezas.
- Descriptio Puellae: (descrição da pessoa amada): descrição idealizada da beleza da amada.
243. Garcilaso: Príncipe dos Poetas Espanhóis
É assim chamado por causa de sua contribuição inquestionável para a lírica espanhola. Foi o grande reformador da poesia castelhana do século XVI.
245. Ascetismo, Misticismo e União com Deus
- Ascetismo: descreve o caminho que se deve percorrer para chegar à perfeição e salvação. Representante: Fray Luis de Granada.
- Misticismo: começa quando o asceta está avançado e busca atingir a comunicação e a perfeita união com Deus. Representantes: Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.
Três maneiras de alcançar a união:
- Purgativa: através do sacrifício e da penitência, a alma se liberta do material.
- Iluminativa: a alma, iluminada por Deus, adquire virtudes especiais.
- Unitiva: Deus concede uma graça especial, e ocorre uma união íntima (Êxtase).
252. Comparativo: Dom Quixote e Sancho Pança
Dom Quixote | Sancho Pança |
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É um cavalheiro que perdeu a sanidade mental. | Fazendeiro rústico que representa a realidade cotidiana. |
Confia no mundo ideal que lê nos livros de fantasia. | Confia no que vê. |
Busca dois ideais: a justiça e o amor por sua dama. | Busca lucro e o governo de uma ilha. |
Procura soluções no mundo ideal e fantástico. | Busca apoio na sabedoria popular (ditos). |
253. A Influência de Dom Quixote no Romance Moderno
Elementos reais são incorporados e diferentes gêneros e técnicas são combinados:
- Realismo: não reflete mais um mundo ideal, mas a própria realidade.
- Dinamismo: personagens não são mais protótipos que representam valores, mas evoluem.
- Perspectivismo: o autor apresenta os fatos, e o leitor deve tirar suas próprias conclusões.
- Verossimilhança: a ficção é apresentada como uma realidade (poderia ter sido verdade).
Unidade 12: O Barroco
260. O que é o Barroco?
O Barroco, surgido na Itália no século XVI, é um estilo artístico que busca refletir, através de formas complexas e elaboradas, a dor da existência humana.
261. Comparativo: Pensamento Renascentista e Barroco
Renascimento | Barroco |
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Visão otimista da vida. | Visão pessimista da vida. |
A morte não é o fim, a memória perdura. | A morte é a passagem para a verdadeira felicidade (falsas ilusões). |
263. Lírica Culterana
Busca criar beleza e impressionar os sentidos. Góngora intensifica o uso de recursos estilísticos (metáforas, epítetos, paronomásias, etc.) e de palavras eruditas, com sintaxe complicada.
263. Lírica Conceptista
Aprofunda o conceito das palavras, com jogos verbais e agudeza. Francisco de Quevedo enfatiza o poder da linguagem para expressar estados de espírito e provocar raciocínio sutil.
268. Lope de Vega e o Teatro Barroco
Em sua obra Arte Nova de Fazer Comédias, delineou as características deste novo teatro: imitar as ações dos indivíduos, retratar os costumes e agradar o público.
Principais características:
- Rompimento com a tradição clássica: quebra das três unidades aristotélicas e combinação de drama com comédia.
- Variedade de temas: honra e amor.
- Linguagem e versificação: uso de linguagem popular e verso.
- Personagens: representam ideais coletivos: o rei, o poderoso, o cavalheiro galante, a dama, o gracioso e o vilão.
269. O Teatro de Calderón de la Barca
Na segunda metade do século XVII, marcou novos rumos para o teatro barroco. Seu teatro é caracterizado pela concisão, enriquecimento técnico e simplificação da trama.
Características:
- Temas: mais complexos, filosóficos e religiosos. Relações entre fé, amor e vingança.
- Linguagem: atual culterana, com recursos literários e estilísticos para alcançar a beleza formal.
- Estrutura: muito estudada (clímax e anticlímax), com apartes, monólogos e um personagem central.
- Personagens: reduzidos em número, agem de acordo com o papel específico e adequado à sua classe.
- Encenação: o dramaturgo busca a perfeição na área da atuação e inclui acabamentos detalhados.
Unidade 13: A Idade Moderna
280. Neoclassicismo e Características Principais
Manifestação artística das ideias iluministas. Retorno à arte clássica e recuperação da proporção e harmonia do Classicismo.
Características:
- Exaltação da razão.
- Respeito às regras de cada gênero.
- Finalidade didática e moral.
- Busca imitar a realidade provável.
280. Subgêneros Didáticos do Neoclassicismo
Ignacio de Luzán, em sua Poética, delineou os subgêneros didáticos:
1. Ensaio
Transmite ensinamentos e críticas. Caracteriza-se pela clara exposição dos fatos, que estimula o leitor à reflexão e análise. É o subgênero mais adequado para transmitir as ideias da "Idade das Luzes" e da cultura iluminista. Representantes: Benito Jerónimo Feijoo e Jovellanos.
2. Teatro
Um veículo para educar o público. A comédia burguesa é uma consequência de uma nova realidade social: os casamentos arranjados entre nobres e burgueses ricos. Exemplos: O Velho e a Menina e O Sim das Meninas, de Leandro Fernández de Moratín.
3. Fábula
Com raízes na antiguidade clássica, recria cenas entre animais personificados ou objetos inanimados, com o objetivo de instruir de forma prazerosa. Representantes: Tomás de Iriarte (Fábulas Literárias) e Félix María Samaniego (Fábulas Morais).
4. Epistolar
Através de cartas, critica costumes, comportamentos e ideias.
283. Lírica Romântica: Traços e Temas
Traços e temas da corrente cultural e artística revolucionária e liberal que triunfou na primeira metade do século XIX.
Características:
- Subjetivismo: necessidade de expressar sentimentos e emoções.
- Irracionalismo e Rebeldia: reivindicação da liberdade criativa do autor.
- Nacionalismo: apreciação e exaltação dos valores nacionais e idealização.
Tópicos:
- Amor: sentimento idealizado e divino. Vigor apaixonado que domina e destrói o ser humano.
- Natureza: projeção dos sentimentos do escritor. Ambientes livres, selvagens e lúgubres.
- Evasão: desejo de liberdade e de viver sem regras, fugindo do espaço e tempo presentes.
- Morte: o herói não hesita em morrer para alcançar seus desejos e ambições.
284. Características da Lírica Romântica
- Uso de novas combinações métricas.
- Rejeição da linha liberal e profusão de rimas (consoantes e assonantes).
- Frequente uso de hipérbato (alteração da ordem sintática da frase).
- Emprego de figuras retóricas e simbólicas.
- Musicalidade: linha melódica pela abundância de recursos.
286. O Periodismo Culto: Estilo de Larra
O periodismo culto, com a comunicação de artigos e a discussão de questões cruciais da sociedade, torna-se o subgênero jornalístico mais cultivado. Mariano José de Larra apresenta um estilo cujas características se destacam:
- Tendência para analisar as causas dos acontecimentos.
- Estrutura racionalista e neoclássica na construção, precisão dos artigos e riqueza terminológica.
- Tratamento irônico dos temas.
- Uso de perguntas dirigidas ao leitor.
290. Romance Realista e Naturalista: Semelhanças e Diferenças
Características Comuns:
- Narrador: terceira pessoa, onisciente.
- Atmosfera: espaço e tempo da realidade imediata.
- Linguagem: diferentes níveis.
- Objetivo: intenção crítica (enfatizar e destacar os aspectos negativos do funcionamento social).
Características Particulares:
Realismo | Naturalismo |
---|---|
Classe: a burguesia e o meio. | Ambientes: trabalhadores e marginalizados. |
Aspectos: infeliz e amarga da existência humana. |
Unidade 14: A Poesia Contemporânea
302. Modernismo: Influências e Estética
Reação ao Naturalismo, expressão da crise estética do final do século XIX. Recolhe influências do Simbolismo e Parnasianismo, favorecendo uma poesia despersonalizada que persegue um ideal de beleza pura e requintada.
302. Traços do Modernismo
- Desprezo pelo mundo burguês e busca de uma arte sensual e requintada.
- Beleza formal do texto, renovação da sintaxe, vocabulário, métrica e ritmo.
- Ambientes exóticos, distantes da realidade e do tempo presente (Idade Média, Oriente, Antiguidade Clássica, etc.).
- Estética libertada de todo código e modelo, em busca da criação pessoal.
302. Temas do Modernismo
- Evasão: a negação da realidade leva à fuga para mundos exóticos.
- Cosmopolitismo: o poeta é considerado um cidadão do mundo e idealiza capitais refinadas como Paris.
- Amor e sensualidade: tratados de forma delicada e idealizada, sublimando a amada.
- Angústia existencial: a amargura do presente e o futuro incerto são tratados com tom triste, melancólico e sombrio.
304. Além do Modernismo
Antonio Machado: parte da Geração de 98, optando por uma lírica simples e austera do ponto de vista formal, e emocionalmente envolvido com o futuro da Espanha. Baseia-se na paisagem de Castela, onde os poetas amam e lançam críticas à decadência que aflige o país.
Juan Ramón Jiménez: um dos mais brilhantes poetas do século XX, sua poesia é um exemplo da evolução da poesia do Modernismo à vanguarda. Sua poesia caracteriza-se pela busca da perfeição formal e pureza.
306. O que é a Vanguarda?
Surgem uma série de movimentos de espírito estético, polêmico e rebelde, em busca de uma revisão radical das formas artísticas. Compartilham o desejo de experimentação na arte, o fascínio pela tecnologia e uma nova concepção universal da realidade.
306. Os "Ismos" Mais Influentes na Espanha
- Ultraísmo: movimento mais genuinamente espanhol. Representante: Guillermo de Torre. Defende o poema-objeto gráfico, o léxico moderno, a remoção da rima, da pontuação e das ligações e adjetivos desnecessários.
- Criacionismo: introduzido na Espanha pelo chileno Vicente Huidobro. O poeta é o criador de mundos, e a poesia deve ser independente da natureza.
- Surrealismo: tenta expressar o pensamento sem o controle da razão, da moral ou da estética. Utiliza sonhos e imagens visionárias nascidas do inconsciente para libertar os seres humanos.
307. A Geração de 27 na Poesia Espanhola
Grupo de poetas mais importantes do século XX na Espanha. Inclui Pedro Salinas, Jorge Guillén, Gerardo Diego, Rafael Alberti, Federico García Lorca, Luis Cernuda, Dámaso Alonso, Vicente Aleixandre, Manuel Altolaguirre e Emilio Prados. Compartilham a atração pela vanguarda e a valorização da literatura espanhola.