Panorama da Poesia Espanhola: Pós-Guerra e Exílio

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A Poesia Espanhola no Pós-Guerra e Exílio

A Guerra Civil Espanhola levou ao exílio, sob o regime franquista, muitos intelectuais. Nas produções do exílio, os poetas abordam certas constantes temáticas: a memória da pátria amada, a luta contra a injustiça e a passagem inexorável do tempo. A situação dos poetas que, voluntária ou conscientemente, permaneceram em Espanha poderia significar prisão ou a morte.

A Poesia dos Anos 40: Enraizada e Desenraizada

1. Poesia Enraizada

Nos anos do pós-guerra, a poesia era marcada pela propaganda imposta pelos vencedores. Com a aprovação do regime, surgiram duas revistas:

  • Escorial: de cunho puramente falangista (nomeadamente o seu fundador).
  • Garcilaso: um pouco mais aberta (nomeadamente, o seu fundador José García Nieto, que evoluiu em Garcilaso para um tom mais íntimo, tanto formal quanto temático).

Esperava-se que abundasse nelas uma pátria em regeneração. Estes autores preferiam as formas métricas clássicas (sonetos, décimas, tercetos) e temas tradicionais (o amor, a paisagem, a religião).

2. Poesia Desenraizada

Caracterizada pela discordância com o mundo circundante, apresentando sinais existenciais e de protesto social e político.

A Poesia Social dos Anos 50

Esta poesia influenciou decisivamente o rumo da poesia espanhola durante a década de 50, a chamada Poesia Social. Destacam-se:

  • Vicente Aleixandre: Permaneceu em Espanha, apesar de sua vida ameaçada e de ser republicano. Atuou como um ponto de união para os novos poetas que cresciam fora das "incubadoras" do regime poético. Foi instrumental em desfocar a imagem poética da Espanha oficial, com uma grande dose de ansiedade. Obra notável: Sombra do Paraíso.
  • Dámaso Alonso: Obra: Hijos de la Ira (seu primeiro livro de poesia madura), que revolucionou o panorama da poesia espanhola com uma imagem patética da realidade. Rompeu com a linguagem formal dos poetas do regime. Foi um dos principais defensores de romper com o formalismo da linha Garcilaso, afirmando que a poesia realista expressava os problemas reais.

Características da Poesia Social

A Poesia Social dos anos 50 continuou a ser cultivada por muitos dos poetas do pós-guerra. Caracteriza-se por:

  • Linguagem coloquial e simples.
  • Maior preocupação com o conteúdo do que com a estética.
  • Caráter narrativo e uma tendência deliberada ao prosaísmo.
  • Reivindicação da literatura para a grande maioria, visando contribuir para a mudança social.

Principais autores: Blas de Otero, Gabriel Celaya, José Hierro.

A Geração do Meio do Século (Anos 60)

Esta geração marcou o declínio do realismo social. Suas características incluem:

  • Renovação da estrutura formal e do estilo da linguagem.
  • A literatura deixa de ser utilizada como arma política.
  • Os autores voltam-se para si mesmos, exploram a experiência pessoal e refletem os estados de consciência.
  • Tentam abrir novos caminhos poéticos diante do esgotamento da poesia social.
  • O realismo social é substituído por uma poesia como comunicação, como experiência, como conhecimento.

Temas recorrentes: Vida cotidiana, evocação nostálgica de perdas da infância e adolescência, denúncia das injustiças sociais.

A Poesia Mais Recente

As tendências mais recentes na poesia espanhola apresentam:

  • Liberdade formal absoluta.
  • Formação cosmopolita.
  • Gosto por literaturas estrangeiras, muitas vezes consideradas "decadentes e deliciosas".
  • Linguagem experimental.

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