Parasitas do Trato Gastrointestinal: Ciclo Evolutivo, Sintomas e Tratamento

Classificado em Biologia

Escrito em em português com um tamanho de 8,91 KB.

Parasitas do Trato Gastrointestinal


Ciclo Evolutivo

Básico: Após o ovo ser eliminado pelo hospedeiro, o ovócito se divide por mitose em duas, quatro... Chegando a fase de mórula e começa a formar o embrião – larva envolvida por uma cutícula. A larva se torna infectante após a segunda muda (L3).

Nos cães, principalmente, podemos encontrá-los desde o esôfago até o início do intestino grosso (válvula íleocecal). A patogenicidade está na dependência da espécie, da localização e do número de parasitas.

Esôfago: Spirocerca lupi

Agente causal da espirocercose. Hospedeiro preferencial: cães, podendo ser encontrado no gato. Canídeos silvestres que atuam como reservatórios naturais do parasita. Habitat: nódulos fibrosos na parede esofagiana. Ocasionalmente encontrado: estômago e aorta (migração errática). Zona tropical, subtropical e temperadas quentes. 80% (Uganda, Índia, Iran e Kênia). DF (cães).

Parasita grande (5cm – machos e 8cm – fêmeas). Quando vistos a fresco: avermelhados. Ovos pequenos alongados com casca dupla + larvas.

Ciclo Evolutivo: Nódulos se abrem na luz do esôfago

Ovos eliminados pelo tubo digestivo junto com as fezes. Ingestão dos ovos por um besouro coprófago (HI) onde se desenvolverá a L3 infectante. Besouros ingeridos por hospedeiro paratênico (anfíbio, répteis, aves ou roedores) onde a larva fica encistada. O cão se infecta ingerindo o HI ou o hospedeiro paratênico. As L3 são liberadas no estômago, atravessam as paredes gástricas chegando nas artérias gástricas – aorta (2 semanas) - 12 semanas depois - L4 - esôfago.

Sintomas e Patogenia

Em geral é assintomática (achado de necropsia). As infestações maciças: salivação, vômitos, náuseas, regurgitação do alimento, dificuldade de ingerir alimentos. Ocasionalmente - convulsões. A infecção na forma crônica resulta em anemia e acentuado emagrecimento. Complicação: ruptura da aorta, larvas = aneurisma aórtico, hemotórax. Ocasionalmente pode ocorrer ruptura do esôfago. Diagnóstico: sintomas clínicos e exame de fezes. Prognóstico: reservado. Tratamento: tetramisol, dietilcarbamazina (10mg/kg/dia), disofenol (1ml/5kg), ivermectina (0,15mg/kg).

Estômago: Physaloptera praeputialis

Parasitas vistos a olho nu. Os machos medem 13 – 45mm e as fêmeas 15 – 58mm. Os adultos ficam aderidos à mucosa gástrica do HD. Hospedeiros definitivos: cães, gatos e carnívoros silvestres.

Ciclo Evolutivo

Os ovos embrionados eliminados nas fezes de cães e gatos são ingeridos por HI (baratas, grilos e coleópteros). No intestino do HI ocorre eclosão das L1 que atravessando-o e encistando em sua parede externa. Mudam para L2 em 11 a 16 dias da infecção e depois de mais 12 dias mudam para L3 infectante no HI. O hospedeiro definitivo ingere os HI. As formas adultas evoluem no HD em 56 a 58 dias após serem ingeridas. Os adultos hematofagos vivem aderidos à parede gástrica.

Sinais Clínicos e Patogenia

Vômitos constantes (cães). No gato: geralmente assintomático. Anemia (hematófagos). Patogenia: gastrite granulomatosa com ponto de erosão na mucosa gástrica.

Diagnóstico e Tratamento

Exame de fezes (identificação dos ovos). Confirmação por endoscopia. Lesões causadas por eles no estômago, por ocasião da necropsia. Pamoato de pirantel, fenbendazol, mebendazol e ivermectina.

Intestino Grosso (Ceco): Trichuris vulpis (cães) e T. campânula (gatos)

Os adultos são encontrados fixados pela extremidade anterior na porção fúndica do ceco de cães e gatos, respectivamente. Morfologia: têm extremidade anterior do corpo afilada e a posterior mais espessa, o que lhe valeu a denominação de “verme chicote”. Os machos medem 4-7,5cm e as fêmeas 4-8cm. Os ovos são elipsóides de casca espessa o que lhes confere certa resistência, permitindo sobreviverem até 5 anos, porém são sensíveis à dessecação.

Ciclo Evolutivo

Os ovos saem com as fezes e em 9 dias forma-se a L3 dentro do ovo que é ingerido pelo HD. No intestino delgado, secreções gástricas auxiliam a eclosão da larva que penetra na parede intestinal (glândulas de Lieberkühn) 2-10 dias. Migra para o ceco onde, na porção anterior, penetra na mucosa.

Sintomas e Patogenia

Variam com o grau de infestação, sendo em geral assintomática. Nas altas infestações: diarreia (mucosa e com sangue) alternada com períodos de constipação e vômitos. Pode ser transmitido para o homem (zoonoses).

Diagnóstico e Tratamento

Sintomas clínicos e exame de fezes. Medicamentos: benzimidazois e probendazois (mebendazol, fenbendazol, febantel). Tratamento sintomático: anti-anêmicos, anti-espasmódicos.

Profilaxia

Destruição dos ovos: coleta regular das fezes. Evitar sombra e umidade. Vermifugação periódica. Evitar superpopulação nos canis e confinamento dos animais.

Nematódeos (Zoonoses): Ascarídeos

Toxocara canis e Toxocaris leonina (cães). Toxocara cati e T. leonina (gatos). Habitat preferencial: porção anterior do ID. Relativamente grandes, os machos medem de 4 a 10cm e as fêmeas medem de 5 a 18cm. Os ovos são globosos de casca grossa ligeiramente rugosa. Suas larvas constituem problemas de Saúde Pública. Larvas de T. canis fazem migração errática no homem (crianças). Larva migrans visceral (fígado, pulmões e olhos).

Ciclo Evolutivo

Temperatura ideal: 15-30°C UR: 65-90% tensão de O2 para que ocorra o embrionamento dos ovos no ambiente. 3 situações diferentes: o ciclo no animal adulto, no animal jovem e na cadela prenhe.

Animais até 3 meses de idade

Ingestão de ovos com L2. As L2 atravessam a parede intestinal e caem na corrente sanguínea. Vão para o fígado – coração direito – pulmões onde sofrem muda para L3. Migram para a traquéia e são deglutidas – estômago e evoluem para L4. As L4 no intestino delgado evoluem para adultos – oviposição.

Animais com mais de 3 meses de idade e adultos

Ovos saem com as fezes no MA. Os ovos se desenvolvem dando origem a L1 – L2. O cão se infesta ingerindo o ovo contendo L2. A L2 é liberada no intestino - circulação sanguínea - fígado - coração direito – pulmões (3-5 dias após ingestão do ovo). Nos pulmões atingem o estágio de L3 – coração direito – circulação geral – todo o corpo – formando cistos (fígado, músculos, rins). Fêmeas prenhes se infectaram quando jovens ou mesmo quando adultas e têm larvas em dormência encistada que reativam devido a ação hormonal. Via circulação chegam até as cisternas mamárias, saindo junto com o leite e/ou colostro sendo ingerida pelos recém-nascidos e fazendo o ciclo pulmonar.

Sinais Clínicos

Abdome distendido, alternância de diarreia e constipação, cólica frequente após mamada, burburinho à digestão. Nas formas mais complicadas, o animal pode entrar em coma devido toxemia ocasionada pela presença dos vermes; e nas grandes infestações pode ocorrer morte do animal por oclusão intestinal. Em gatos não se observa sintomatologia pulmonar.

Diagnóstico e Tratamento

Baseado no encontro de ovos nas fezes. Levamisol, pirantel, benzimidazois (oxfendazol, mebendazol, flubendazol, etc.).

Ancylostomídeos

Ocorre preferencialmente em animais jovens. Três são as espécies parasitas de cães: Ancylostoma caninum, Ancylostoma braziliense, Uncinaria stenocephala; sendo as duas primeiras de maior ocorrência em nosso meio. Apenas uma espécie ocorre em gatos, no Brasil: Ancylostoma tubaeforme. Seu local de parasitismo é o intestino delgado, principalmente o jejuno. É hematófago.

Morfologia

Seu tamanho é variável de acordo com a espécie, medindo os machos de 5 a 13mm e as fêmeas de 7 a 20mm. Os ovos apresentam casca dupla e lisa, e estão morulados quando saem com as fezes – são ovos tipo Strongyloidea.

Ciclo Evolutivo

A temperatura ambiente ideal para o desenvolvimento larval vai de 18 a 25ºC. O ciclo é direto, não havendo passagem por hospedeiros intermediários; e a forma infestante para o HD é a L3 presente no meio ambiente. Pode ocorrer a ingestão da L3 ou ela penetra por via cutânea – estômago – circulação sanguínea – pulmões – traqueia – deglutidas - ID.

Patogenia

A penetração cutânea e a migração das larvas pelo organismo resultam em inflamação da pele, bem como dos pulmões e músculos - ação irritativa e traumática. Exercem também ação espoliativa, sendo que cada verme ingere 0,1 - 0,2ml de sangue por dia, e apenas o plasma é absorvido.

Diagnóstico e Tratamento

Baseado nos sinais clínicos e no encontro dos ovos ao exame de fezes. Benzimidazois (flubendazol, levamisol, mebendazol), nitroscanato, pirantel, diiodo-nitrofenol (disofenol = Ancylol - específico para helmintos hematófagos).


Entradas relacionadas: