Despedida de Belém
Estrofes 83 a 89:
Depois de relembrar a História de Portugal, Vasco da Gama narra ao rei de Melinde a partida da armada para a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia, em analepse.
Começa por contar que os navegadores foram remunerados por D. Manuel I e incentivados com palavras de ânimo.
No porto de Lisboa, prepararam-se as naus para a viagem, encontrando-se os marinheiros e os soldados muito entusiasmados e sem medos. Depois destes preparativos, aprontaram-se também espiritualmente, pedindo a Deus orientação e apoio para a viagem.
Vasco da Gama refere que quando recorda o momento da partida, cheio de dúvida e receio, tem dificuldade em conter as lágrimas.
Naquele dia, o povo da cidade de Lisboa aglomerou-se na praia de Belém para assistir à partida das naus para se despedir dos amigos e parentes que iriam embarcar.
Acreditava-se que a viagem seria longa e perigosa de forma que o povo considerava a possibilidade dos navegadores jamais voltarem. Os homens não conseguiram esconder a emoção (“com suspiros”) e as mulheres choravam com desespero e medo de não os voltarem a ver.
Estrofes 90 a 93:
Tanto os que partiam como os que ficavam se entristeciam e a despedida assumia grande emotividade.
O narrador Vasco da Gama, com certeza com o propósito de dar uma maior autenticidade ao seu discurso narrativo-descritivo perante o rei de Melinde, evoca mesmo as palavras emocionadas de uma mãe (Estrofe 90) e de uma esposa (Estrofe 91).
Na estrofe 92, Vasco da Gama continua a descrever a “procissão solene” dos seus companheiros pelo meio da “gente da cidade”.
Finalmente, a estrofe 93 refere-se ao embarque que, por determinação de Vasco da Gama, se fez sem as despedidas habituais, para diminuir o sofrimento tanto dos que partiam como dos que ficavam.
Inês de Castro é um episódio lírico-amoroso que simboliza a força e a veemência do amor em Portugal. O episódio ocupa as estâncias 118 a 135 do Canto III de Os Lusíadas e relata o assassinato de Inês de Castro, em 1355, pelos ministros do rei D. Afonso IV de Borgonha, pai de D. Pedro, seu amante. É narrado, em sua maior parte, por Vasco da Gama, que conta a história de Portugal ao rei de Melinde. Considerado um dos mais belos momentos do poema, é a um só tempo um episódio histórico e lírico: por trás da voz do narrador, e da própria Inês, percebe-se a voz e a expressão pessoal do poeta. Camões, através da fala de Vasco da Gama, destaca do episódio sua carga romântica e dramática, deixando em segundo plano as questões políticas que o marcam.
O Rei Afonso IV, temendo pela sucessão do trono que seria de seu neto, filho de Constança, e pela influência dos nobres que temiam uma influência castelhana, tenta resgatar o filho e conduzi-lo a um casamento que obedecesse não aos caprichos de cupido, mas às conveniências políticas de Portugal. Para isso, vendo como única saída, o Rei manda vir Inês para que seja executada.