A Passarola, o Santo Ofício e a Chegada a Mafra

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Capítulo XV

E quando a epidemia terminou, ela tinha aprisionado duas mil vontades. Foi então que caiu doente. Nada a curava, apenas a música de Scarlatti. Blimunda, recuperada, vai com Baltasar a Lisboa e encontram Bartolomeu doente, magro e pálido. Parecia ter medo de algo.

Capítulo XVI

Entretanto, a Passarola está pronta. Em S. Sebastião da Pedreira, Baltasar e Blimunda têm de deixar a quinta que foi perdida por El-Rei para o Duque de Aveiro. Certo dia, eis que o Padre Bartolomeu Lourenço chega pálido e assustado, dizendo que tinha de fugir, pois o Santo Ofício já andava à sua procura para o prender. Partiram na Passarola. Depois de algumas complicações durante a viagem, o Padre Bartolomeu Lourenço, resignado, espera o fim, mas Blimunda, como que inspirada, consegue controlar a máquina com a ajuda de Baltasar e evitam o pior.

Uma vez em terra firme, deixam-se escorregar para fora e consideram um milagre terem-se salvo sem qualquer ferimento. Não sabem onde estão. Cansados e depois de comerem algo, Blimunda e Baltasar adormecem. O Padre está doente, tenta pegar lume na Passarola, mas os dois não o permitem. Afasta-se para umas moitas e nunca mais é visto. Baltasar vai procurá-lo, mas em vão. Cobriram a máquina de ramos e folhas para impedi-la de voar. E lá partiram os dois. Ao fim de dois dias, chegam a Mafra, onde havia uma procissão na rua.

Capítulo XVII

Numa altura em que se passam tantos prodígios, Blimunda e Sete-Sóis têm que guardar segredo, porque se assim não fosse, algo lhes aconteceria. Na casa dos pais de Baltasar, o par estava infeliz pela perda da mãe, mas Inês Antónia contou-lhes maravilhada os benefícios do Espírito Santo. No dia seguinte, Baltasar saiu de casa com o cunhado à procura de emprego na obra de construção do convento.

Passados mais de dois meses, Baltasar e Blimunda foram viver para Mafra. Baltasar fez uma jornada e foi ver que a máquina de voar estava no mesmo sítio, na mesma posição, descaída para um lado e apoiada na asa debaixo de uma cobertura de ramagens já secas. Scarlatti disse a Baltasar que o Padre Bartolomeu teria morrido em Toledo, para onde tinha fugido. Como não falavam de Baltasar nem de Blimunda, [Scarlatti] resolveu vir a Mafra verificar se estavam vivos. Nessa noite, soube-se que quando a máquina caiu, o padre havia fugido e nunca mais voltara.

Capítulo XVIII

Blimunda, Inês Antónia, Álvaro Diogo e o filho esperavam Baltasar para jantarem com o velho João Francisco, que mal mexe as pernas. Baltasar bebe desde que soube da morte do Padre Bartolomeu Lourenço e da sua Passarola; foi um choque muito grande. Baltasar e seus amigos conversam acerca das suas vidas e falam de como eram antes de trabalharem em Mafra.

Baltasar tem 40 anos, sua mãe já morreu e seu pai mal pode andar. Esteve na guerra e aí perdeu a sua mão, voltando a Mafra mais tarde. Sete-Sóis comenta que nem sabe se perdeu a sua mão na guerra ou se foi o Sol que a queimou, porque afirma que subiu uma serra tão alta que, quando estendeu a mão, tocou no Sol e queimou-a. Seus colegas comentaram que era impossível, visto que só tocaria no Sol "se voasse como os pássaros, ou então seria bruxo". Baltasar nega, dizendo que não é bruxo e também diz que ninguém o ouviu dizer que voou.

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