Patologias da Lactação e Hemorragia Puerperal: Guia Completo
Classificado em Medicina e Ciências da Saúde
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Patologias da Lactação
Ingurgitamento Mamário
Aumento do volume das mamas que ficam túrgidas, distendidas e dolorosas, impedindo a amamentação. No entanto, há o ingurgitamento fisiológico no 2º ou 3º dia pós-parto. Etiologia: Retenção láctea por acotovelamento dos canais galactóforos. Pode causar febre puerperal.
Fissuras Mamilares
Etiologia: Erro de pega ou anomalias do mamilo. Tratamento: Evitar suspender o aleitamento. Em caso de suspensão, fazê-lo por período de 24-48 horas e ordenhar as mamas. Orientar a pega correta e lavar com o próprio leite.
Mastite
Processo inflamatório da mama que pode ou não ser associado à infecção. Geralmente ocorre na 2ª ou 3ª semana pós-parto, precedida de ingurgitamento mamário. Em 50% dos casos, o agente etiológico é o Staphylococcus aureus. Pode ser parenquimatosa (mamilos íntegros – galactoforite), intersticial (fissura mamilar) ou cursar com abscesso mamário.
Quadro Clínico
- Febre (39-40°C)
- Mal-estar
- Dor
- Fissura mamilar
- Vermelhidão local
- Unilateral (diferente do ingurgitamento, que pode ser bilateral)
- Área de flutuação (em caso de abscesso mamário)
Tratamento
- Cefalexina 500mg VO a cada 6 horas por 7-10 dias
- Analgésico ou AINE (Anti-inflamatório Não Esteroidal)
- Drenar abscesso (se presente)
- Manter o aleitamento
Inibição da Lactação
Pode ser necessária em casos de óbito fetal, ingurgitamento mamário, fissura dolorosa, abscesso ou doenças sistêmicas maternas. Conduta: Fazer gelo e enfaixamento das mamas. Farmacológico: Cabergolina (1mg dose única) e Bromocriptina (2,5mg 2x/dia por 14 dias).
Hemorragia Puerperal
Perda sanguínea > 500ml após parto vaginal ou > 1000ml após cesariana.
Classificação
- Primária ou Precoce: Ocorre nas primeiras 24 horas pós-parto.
- Secundária ou Tardia: Ocorre após as primeiras 24 horas até 6-12 semanas pós-parto.
Complicações
- Óbito
- Coagulopatia
- Choque hipovolêmico
- Necrose hipofisária (Síndrome de Sheehan)
Causas (4 T's)
- Tônus: Hipo/Atonia uterina
- Trauma: Laceração do trajeto de parto, Rotura uterina, Inversão uterina
- Tecido: Retenção de placenta ou de fragmentos
- Trombina: Distúrbios de coagulação
Fatores de Risco para Atonia Uterina
- Multiparidade
- Distensão uterina (gestação gemelar, polidrâmnio)
- Parto rápido ou prolongado
- Anestesia geral
- Uso de sulfato de magnésio
- Infecção amniótica
Prevenção
Administração de agente uterotônico (1ª opção: Ocitocina) após o desprendimento do ombro anterior, seguida por ligadura e tração controlada do cordão umbilical e extração da placenta.
Diagnóstico
Clínico.
Quadro Clínico
- Perda sanguínea de 10-15% (500-1000ml): Palpitação, vertigem, aumento da frequência cardíaca.
- Perda sanguínea de 15-25% (1000-1500ml): Fraqueza, sudorese, aumento da frequência cardíaca.
- Perda sanguínea de 25-35% (1500-2000ml): Agitação, palidez, oligúria.
- Perda sanguínea de 35-45% (2000-3000ml): Colapso, dispneia, anúria.
Tratamento
Conduta Inicial
- Esvaziar bexiga
- Infusão de agente uterotônico (Ocitocina)
- Compressão uterina bimanual
- Misoprostol via retal
- Revisão do trajeto de parto
Medidas Adicionais (se falha do uterotônico)
- Tamponamento uterino: Medida temporária para aguardar laparotomia.
- Cirurgia: Indicada quando uterotônico e tamponamento falham.
Técnicas Cirúrgicas
- Ligadura bilateral da artéria uterina ou da ilíaca interna
- Sutura uterina de B-Lynch
- Histerectomia