Patologias do Trato Gastrointestinal Superior

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Monilíase (Candidíase Oral)

A monilíase, também conhecida como candidíase oral, pode ocorrer isoladamente ou associada a uma doença imunossupressora (como HIV e tratamento quimioterápico). Caracteriza-se por lesões esbranquiçadas que não se desprendem com facilidade.

Estomatite (Aftas)

Definição: Lesões ulcerosas de ocorrência comum, popularmente conhecidas como aftas.

Etiologia Multifatorial

  • Origem local: trauma (má oclusão ou escovação)
  • Reações imunomediadas
  • Infecções bacterianas e virais

Relação com Sensibilidade

Alguns estudos relacionam a estomatite com sensibilidade a substâncias como ácido ascórbico e glúten.

As lesões podem variar em tamanho, quantidade e localização.

Glossite

Definição: Também conhecida como glossite rômbica mediana, atrofia papilar central, candidíase hiperplásica ou glossite mediana crônica.

Caracteriza-se por uma lesão em área central bem demarcada, não ulcerada, com discreta sintomatologia, localizada no terço médio da língua. É uma condição benigna, frequentemente associada à infecção crônica por Candida sp.

Gengivites

Definição: Processo inflamatório que pode ser agudo, subagudo, crônico, recidivante, necrotizante e/ou hemorrágico.

Etiologia

A principal causa é a presença de placas no sulco gengival, que produzem toxinas que destroem o tecido e podem levar à perda de peças dentárias.

Lábio Leporino e Fenda Palatina

Definição: São defeitos congênitos.

Reabilitação

A reabilitação envolve orientação nutricional, odontológica, fonoaudiológica, médica e psicológica, além da necessidade de intervenção cirúrgica.

Riscos e Complicações

Incluem sucção ineficiente devido a problemas anatômicos, regurgitação de alimentos para a cavidade nasal (com risco de aspiração pulmonar) e inflamações (como otite).

Cuidados Pré-Correção Cirúrgica

  1. Sempre que possível, incentivar o aleitamento materno.
  2. Acompanhar se o volume ingerido permite o crescimento e desenvolvimento adequados.
  3. Avaliar a necessidade de leite materno ordenhado ou fórmula láctea complementar (oferecidos por copo ou mamadeira).

Câncer de Cabeça e Pescoço

Localização Mais Comum

Laringe, seguida da cavidade oral, faringe e glândulas salivares.

Etiologia

A etiologia é multifatorial, incluindo poluição ambiental, certas condições de trabalho (associadas a indústrias como metalurgia e petroquímica), nutrição inadequada, má dentição, predisposição e suscetibilidade genética.

O principal fator etiológico para o seu desenvolvimento é o consumo combinado de tabaco e álcool. Alguns estudos também têm demonstrado a relação com a infecção por HPV (Human Papillomavirus).

Efeito Protetor e Fatores de Risco

O consumo de frutas e vegetais ricos em vitaminas A e C e em betacaroteno está inversamente relacionado ao risco de câncer oral, indicando um efeito protetor. Por outro lado, a carne e a pimenta vermelha são consideradas fatores de risco.

Câncer de Boca

É o câncer que afeta os lábios e o interior da cavidade oral. O câncer do lábio é mais comum em pessoas brancas e ocorre mais frequentemente no lábio inferior.

Dietoterapia para Doenças da Cavidade Oral

Consistência Alimentar

Semilíquida a pastosa, exigindo menor mastigação.

Alimentos a Evitar

Sucos e frutas ácidas, condimentos picantes e irritantes, temperos ácidos (vinagre) e alimentos em temperaturas elevadas.

Recomendações para Longo Prazo

Se a dietoterapia for por longo prazo, enriquecer as preparações para garantir um aporte calórico-proteico adequado.

Tratamento Medicamentoso

Pode incluir analgésicos, antitérmicos, antibióticos, anti-inflamatórios e antissépticos orais oxigenantes.

Tratamento Dietoterápico

Valor Calórico Total (VCT)

Ajustado às necessidades individuais.

Macronutrientes

  • Proteínas (PTN): Hiperproteica (para diminuição do processo inflamatório, cicatrização e resposta ao catabolismo em casos de inflamação, infecção e febre).
  • Carboidratos (CHO): Normoglicídica, sem sacarídeos para evitar fermentação.
  • Lipídios (LIP): Normolipídica, sem alta concentração para evitar saciedade precoce.

Minerais

  • Ferro: Para evitar anemia.
  • Zinco: Essencial para a permeabilidade gengival.
  • Sódio: Reduzido em casos de dor.

Vitaminas

  • Vitamina A: Para reepitelização.
  • Vitaminas do Complexo B: Essenciais para o metabolismo dos macronutrientes (ex: B6 para proteína dietética).
  • Vitamina C: Importante no processo inflamatório e cicatrização.
  • Folato: Previne anemia e comprometimento da barreira gengival.

Líquidos

Hiper-hidratação para evitar a hipohidratação comum nestas afecções, evitando caldos concentrados de purina (excitantes da mucosa gastrointestinal).

Fracionamento e Consistência

Maior fracionamento, menor volume por refeição e maior concentração de nutrientes para evitar sensação de saciedade precoce e intolerância.

Temperatura

Alimentos em temperatura normal, evitando extremos.

Alimentos a Evitar

Alimentos flatulentos, constipantes, de difícil digestibilidade, fermentáveis, irritantes do Trato Gastrointestinal (TGI) e condimentos picantes.

Esôfago - Esofagite

É a inflamação da mucosa esofágica causada pelo retorno do conteúdo ácido-péptico gástrico para o esôfago, consequência da diminuição da pressão do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI).

Fatores Predisponentes

  • Hérnia de hiato
  • Gravidez (devido ao aumento da progesterona)
  • Obesidade
  • Úlcera péptica com H. pylori
  • Uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
  • Uso de anticoncepcional oral (devido ao aumento da progesterona)
  • Em crianças recém-nascidas: imaturidade do EEI

Quadro Clínico

  • Pirose (azia)
  • Disfagia (dificuldade para engolir)
  • Regurgitações
  • Dor retroesternal
  • Sialorreia (salivação excessiva)

Disfagia

Definição: Desordem na deglutição com prejuízos na segurança, eficiência e na qualidade de comer e beber (dificuldade para engolir).

Disfagia Orofaríngea

Definição: Alteração do mecanismo neuromuscular de controle do movimento do palato, faringe e Esfíncter Esofágico Superior (EES). Caracteriza-se pela dificuldade em iniciar a deglutição (transferência do alimento da boca para o esôfago).

Causas da Disfagia Orofaríngea

  • Sistema Nervoso Central (SNC): Derrame, Parkinson, Esclerose Múltipla, neoplasias.
  • Distúrbios neuromusculares: Miastenia grave, poliomielite bulbar, neuropatia periférica (incluindo diabetes mellitus).
  • Lesões locais: Abscessos, divertículo de Zenker.

Disfagia Esofágica

Distúrbios que afetam o esôfago, resultando em dificuldade de transferência do alimento pelo esôfago.

Causas da Disfagia Esofágica

  • Obstruções mecânicas: Neoplasias, estreitamento péptico, lesões vasculares, lesões esofágicas induzidas por medicamentos.

Acalasia

Desordem da motilidade do esôfago inferior e do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI), levando à falha do EEI em relaxar e abrir durante a deglutição. Isso resulta em disfagia e dilatação do esôfago.

Tratamento

O tratamento pode incluir o uso de balões infláveis para dilatação forçada do EEI (o que permite alívio da disfagia, mas muitas vezes resulta em refluxo gastroesofágico com destruição do EEI) ou cirurgia.

Carcinoma de Células Escamosas de Esôfago

Também conhecido como câncer de esôfago.

Diagnóstico Tadio

O diagnóstico geralmente é tardio porque o sintoma principal, a disfagia, só ocorre após o crescimento significativo do tumor.

Hérnia de Hiato

Provocada pela protusão de parte do estômago sobre o músculo diafragmático.

Pode ser assintomática ou causar azia, dificuldade de deglutição, refluxo ou hematêmese.

Estômago - Gastrite

Processo inflamatório do estômago, classificada em aguda ou crônica.

Gastrite Aguda

Inflamação transitória da mucosa gástrica que aparece de repente, tem curta duração e, na maioria das vezes, desaparece sem deixar sequelas.

Patogenia da Gastrite Aguda

Medicamentos (anti-inflamatórios, aspirinas, etc.), álcool, fumo, situações de estresse (queimaduras grandes, politrauma), agentes quimioterápicos, intubação nasogástrica, entre outros.

Gastrite Crônica

Definida histologicamente pela atrofia crônica progressiva da mucosa gástrica.

Patogenia da Gastrite Crônica

Causas imunológicas, álcool, fumo, condições pós-cirúrgicas, fatores motores e mecânicos, irradiação, Doença de Crohn e infecção por H. pylori.

Úlcera Péptica

É uma ulceração aguda ou crônica que se instala em uma porção do Trato Gastrointestinal (TGI) acessível à secreção gástrica. Trata-se de uma lesão erosiva de continuidade na mucosa do trato alimentar, que se estende através da muscular da mucosa ou ainda mais profundamente.

Pode ser gástrica ou duodenal, sendo ambas agrupadas sob o termo comum "úlceras pépticas". São lesões crônicas, na maioria das vezes solitárias, que aparecem em qualquer porção do trato digestório exposto à ação agressiva dos sucos gástricos.

Patogenia

Hipersecreção ácida e pepsina, infecção por H. pylori, diminuição da secreção de muco e de bicarbonato, diminuição do fluxo sanguíneo mucoso, uso crônico de aspirina, supressão da síntese de prostaglandinas, comer apressadamente, refeições com intervalos irregulares, hereditariedade, estresse físico, psicológico e trauma.

Fatores Ulcerogênicos

Fumo, álcool, corticosteroides, personalidade e estresse psicológico.

Câncer de Estômago

Abordagem da Nutrição Clínica em Patologias do Trato Gastrointestinal.

Fatores Genéticos

Grupo sanguíneo A, fatores raciais (negros, havaianos, americanos nativos).

Sintomas

Perda de peso, dor abdominal, anorexia, vômitos, hábitos intestinais alternados, disfagia, anemia e hemorragia.

Prognóstico

Depende da profundidade de invasão e da extensão das metástases.

Implicações Nutricionais

Depleção grave de Massa Corporal Gorda (MCG) e Massa Corporal Magra (MCM), anemia ferropriva e desequilíbrio hidroeletrolítico.

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