Pedagogia da Alternância: Educação e Trabalho
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O que é Pedagogia da Alternância?
A Pedagogia da Alternância (PA) é uma forma de educação que funciona sob o regime de alternância entre o tempo de estudo (tempo-escola) e o tempo de trabalho (tempo-trabalho), no esquema ação-reflexão-ação. Surgiu em 1935, apoiada em um movimento de agricultores franceses insatisfeitos com a educação oferecida aos jovens de famílias do campo. Defendiam a existência de uma educação escolar que atendesse às condições psicossociais desses jovens e que propiciasse, além da profissionalização em atividades agrícolas, meios para o desenvolvimento social e econômico de sua região. No Brasil, a PA surgiu em 1969 no Espírito Santo, visando à elevação do nível social, cultural e econômico do homem no campo. Vários autores apontam quatro pilares que sustentam as práticas da PA, sendo:
- Articulação do estudo com trabalho, alternando os tempos e espaços;
- Participação da família;
- Formação integral dos educandos;
- Perspectiva de desenvolvimento local sustentável.
De acordo com a proposta freireana, a PA procura basear-se na realidade vivida pelos educandos, proporcionando-lhes debates e estudos sobre temas e problemas de suas próprias realidades, visando transformá-las. Ainda na proposta de Paulo Freire, baseada no conceito do diálogo, esse projeto desenvolvido pela PA visa um trabalho inter e multidisciplinar, abordando o conhecimento técnico e científico, sempre remetendo às relações que esses assuntos apresentam em suas diversas áreas, tendo como eixo comum o trabalho, que é a atividade social transformadora do ser humano.
Pedagogia da Alternância e as Transformações Sociais
A justificativa da Pedagogia da Alternância como articuladora entre trabalho, educação e transformações sociais na vida dos trabalhadores está na sua forma efetivamente emancipatória, integrada e transformadora que articula a formação educacional e o trabalho. O sucesso para essa “alternância emancipatória” está no binômio “problematizar-instrumentalizar”, ou seja, “criar/identificar” situações problemas que demonstrem os limites do conhecimento do trabalhador e possibilitem, ao mesmo tempo, apreender o conhecimento já acumulado como meio de transformação da realidade social. A importância da PA está na sua diferença com o modelo tradicional de ensino que torna educação e trabalho coisas distintas e separa a teoria da prática. Esses subsídios contidos em sua metodologia contribuem para a transformação da realidade vivida pelos trabalhadores, ou seja, a PA articula educação e trabalho, criando situações e oferecendo conhecimentos técnicos e científicos para que haja melhor desempenho dos educandos na realidade de seu cotidiano, integrando teoria e prática. Outra justificativa que comprova a importância da Pedagogia da Alternância como meio de articular as transformações do mundo do trabalho na instrumentalização das pessoas para as transformações sociais é a relação educador-educando, onde aquele que ensina está vinculado ao povo e tem conhecimento da sua realidade social, buscando uma sintonia entre movimentos sociais que lutam pela superação das desigualdades e a atuação pedagógica. Assim, os educandos identificam mais facilmente as dicotomias socioeconômicas do mundo capitalista segregacionista, que disponibiliza uma educação básica e precária, objetivando a produção de uma mão de obra barata de desqualificada, diminuindo a capacidade crítica do indivíduo. É nesse processo de acompanhamento das transformações sociais que o educador também se educa para mediar a realidade dos educandos com o conteúdo desenvolvido apresentado ao público alvo, diminuindo a discrepância entre o conhecimento ensinado no Plano de Estudo e a real necessidade dos educandos (Caderno da Realidade), tornando a instrumentalização mais efetiva para enfrentar as transformações sociais, juntamente com as mudanças do mundo do trabalho.